Na volta das férias de julho, o alerta que vem das estradas
Pesquisa CNT de Rodovias 2024, da Confederação Nacional do Transporte, revela dados preocupantes: 67% dos 111.853 quilômetros da malha pavimentada avaliados no
compartilhe
Siga noCom o fim das férias escolares de julho se aproximando, milhares de famílias em todo o país se preparam para enfrentar estradas cheias na volta para casa. Encontrarão muitas dessas rodovias em condições de manutenção ruins ou péssimas – não apenas em segmentos mantidos diretamente pelos impostos pagos pelos contribuintes brasileiros, mas inclusive em alguns trechos pedagiados, nos quais os prazos e exigências do poder concedente para obras e reparos parecem muito mais tolerantes do que gostariam os motoristas.
Antes de pegar a estrada, vale conferir alguns dados sobre a qualidade dos caminhos que estão pela frente, além de atentar para recomendações em relação à atitude dos condutores e às condições dos veículos. Em relação ao primeiro item, Pesquisa CNT de Rodovias 2024, da Confederação Nacional do Transporte, revela dados preocupantes: 67% dos 111.853 quilômetros da malha pavimentada avaliados no país estão em condição regular, ruim ou péssima.
Por esses caminhos muitas vezes esburacados e de traçado questionável, o pavimento é o principal problema, com 56,9% da extensão analisada pela CNT apresentando falhas. A sinalização é igualmente deficiente em 64,1% dos trechos sob avaliação, enquanto 65,2% têm geometria deficiente. Pontes e viadutos frequentemente não dispõem de acostamentos (em 73,4% dos percursos), proteção de cabeceira (em 34,3%) ou proteção lateral (em 10,9%).
Nacionalmente, em um país com cerca de 5.500 municípios, foram identificados nada menos que 2.446 pontos críticos, muitos deles em áreas urbanas, sendo a maioria (71,5%) grandes buracos. Diante desse cenário, a CNT sugere a ampliação de investimentos públicos e a atração de capital privado para manutenção correta que seja capaz de eliminar os pontos críticos. Propõe ainda a reconstrução de 446 quilômetros de rodovias destruídas, de forma a proporcionar um sistema de transporte rodoviário mais seguro, eficiente e sustentável.
Em relação ao capital privado, vale acrescentar que não basta conceder rodovias, terceirizando obras estruturantes e de manutenção e impondo tarifas de pedágio que para grande parte dos usuários parecem mais caras do que o razoável. É preciso estabelecer contratos com exigências justas, prazos compatíveis com a urgência das intervenções e penalidades capazes de desestimular o descumprimento. Estabelecidos esses critérios, tarefa tão importante quanto, por parte do poder público, é fiscalizar e exigir de maneira inflexível seu cumprimento.
Usuários de rodovias privatizadas país afora estão fartos de assistir à agilidade para erguer suntuosas praças de pedágio – que não raro trabalham com menos operadores do que o necessário, provocando filas imensas em épocas de maior movimento, como o fim das férias – enquanto as obras e serviços que deveriam vir em contrapartida parecem seguir ritmo bem diferente. Sem falar nos saltos de tarifas, que com frequência não são acompanhados de mudanças perceptíveis e proporcionais na qualidade das estradas concedidas.
Enquanto espera rodovias compatíveis com os impostos que paga e com os pedágios que tem de desembolsar, resta ao motorista seguir recomendações que lhe cabem para uma volta de férias mais segura. Especialmente para viagens em períodos de mais movimento, como o fim de julho, a Polícia Rodoviária Federal orienta medidas como planejar o trajeto com antecedência e fazer a revisão completa do veículo. É essencial checar o funcionamento de itens obrigatórios, além de conferir toda a documentação do carro e do condutor.
Além de obedecer à legislação de trânsito, respeitando limites de velocidade, é aconselhável ainda levar água potável, alimentos práticos e frutas para enfrentar possíveis imprevistos na viagem, como congestionamentos ou bloqueios de pistas – muito comuns em épocas de maior movimento e em estradas que estão a quilômetros de oferecer uma jornada sem surpresas.