editorial

Porta de entrada para doenças cardiovasculares

Pelo menos 40% da população brasileira adulta e cerca de 20% das crianças e adolescentes têm colesterol alto

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Quase nunca ele é lembrado, somente quando causa algum estrago no organismo. Hoje, Dia Nacional do Colesterol (8/8), os brasileiros não têm muito do que se orgulhar, já que os níveis de colesterol em excesso são porta de entrada para quadros graves e irreversíveis, a exemplo de doenças cardiovasculares, como angina (dor no peito), infarto do miocárdio e acidente vascular cerebral (AVC).


No Brasil, atualmente, pelo menos 40% da população adulta e cerca de 20% das crianças e adolescentes têm colesterol alto. Se pensarmos que temos cerca de 140 milhões de brasileiros adultos, seriam 56 milhões de pessoas acima de 18 anos com colesterol elevado. O quadro é ainda mais grave quando olhamos para os óbitos: a cada ano, 400 mil mortes são provocadas por doenças cardiovasculares, segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), muitas das quais decorrentes da hipercolesterolemia.


Tão danoso quanto a glicose alta, o colesterol alto é totalmente silencioso, o que faz com que a maioria das pessoas não se preocupe em medi-lo nem em consultar o médico. Vale lembrar dos índices de referência que ficaram mais rígidos a partir de 2017: abaixo de 190mg/dl para o colesterol total, acima de 40mg/dl (desejável) e acima de 60mg/dl (ótimo) para o bom colesterol (HDL); e abaixo de 100mg/dl (ótimo) e de 100 a 129mg/dl (bom) para o colesterol ruim (LDL).


Além disso, o tema reserva algumas polêmicas. A primeira delas envolve os ovos. São eles os maiores responsáveis pelo colesterol alto? As dúvidas existem. Não é à toa que um jovem estudante de medicina de Harvard, uma das melhores universidades do mundo, resolveu mergulhar a fundo no tema, comendo nada menos que 720 ovos em 30 dias, ou seja, 24 ovos por dia, para avaliar os efeitos do alimento em suas taxas de colesterol.


Anteriormente, o futuro médico havia elaborado a seguinte hipótese: consumir as 60 doses de ovos nesse curto espaço de tempo não aumentaria seu colesterol ruim (LDL). O resultado foi surpreendente: mesmo com o consumo da proteína tendo quintuplicado em relação à sua dieta padrão, os níveis de LDL caíram 2% na primeira semana com a nova dieta. Nas duas últimas semanas, a queda chegou a 18%. Ele finalizou o experimento com níveis abaixo dos 90mg, que são considerados saudáveis. Controvérsias à parte, não deixou de ser um experimento, embora o paciente em questão seja jovem e o tempo analisado tenha se limitado a 30 dias.


Ainda que o Brasil apresente um crescimento ano a ano do número de pessoas com hipercolesterolemia, o Sistema Único de Saúde (SUS) entra quando o tema são as doenças cardiovasculares. O tratamento para esses pacientes é gratuito, geralmente por meio das farmácias populares, e inclui medicamentos e acompanhamento médico, a exemplo de países europeus, como Portugal e Reino Unido, e do Canadá. Na Alemanha e na França, há incentivos como descontos e subsídios a programas que facilitem o acesso aos tratamentos.


A questão é que falta conscientização da sociedade, faltam campanhas mais eficazes para que as pessoas compreendam o que índices elevados de colesterol podem acarretar no organismo. Quem sabe assim as doenças cardiovasculares deixem de ser a principal causa de mortes no país.

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