EDITORIAL

Acomodação e articulação no contexto da COP30

O Brasil precisa dar conta da tarefa de mobilizar nações, organizações, especialistas e o setor privado em torno da cúpula deste ano

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O Brasil começou 2025 com a responsabilidade de sediar a 30ª edição da Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, a COP30. Depois do desempenho decepcionante em Baku, no Azerbaijão, em 2024, a aposta e a expectativa eram de um grande evento neste ano, especialmente por ser em terras da Amazônia, um registro inédito. Mas, com a proximidade da cúpula, a impressão é de que será preciso trabalhar muito para evitar uma nova frustração.

Em contagem regressiva para o encontro, que ocorre entre 10 e 21 de novembro, a contratação de acomodação ameaça esvaziar a participação e, consequentemente, o alcance das discussões. Os altos preços para hospedagem em Belém, no Pará, têm provocado reações diversas e levado alguns países a pensar na hipótese de desistir da conferência.

Nos bastidores, diálogos vêm tentando resolver a questão. Porém, o cenário de baixa confirmação de presença das mais de 190 delegações previstas ganha proporções a cada dia. A pressão da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre o governo brasileiro para apresentar uma solução motivou uma reunião, na última sexta-feira, que não resolveu o impasse. O país promete uma força-tarefa para acelerar as confirmações em uma espécie de busca ativa, fazendo contato com as nações para ajudar a encontrar soluções.

Diante de tantos desafios que se colocam para a COP30, é lamentável que um mal-estar se instale na fase final de preparação. As autoridades envolvidas não podem negligenciar a esperança pela tomada de decisões importantes em relação ao meio ambiente. O financiamento climático de US$ 1,3 trilhão, um dos pontos sensíveis, exige atuação diplomática eficiente e o Brasil têm de conquistar confiança sobre a sua capacidade de anfitrião articulador – a começar pelo planejamento do evento.

A pauta a ser debatida é urgente e, além do tema dos recursos, o compromisso com a redução das emissões de carbono encabeça a lista, com foco na importância de os governos reverem seus níveis de ambição frente ao Pacto de Paris. Nesse contexto, a “COP da Amazônia”, cercada pela maior floresta tropical do planeta e por uma biodiversidade incomparável, precisa apresentar propostas concretas para conter o aquecimento global e proteger os ecossistemas sob riscos.

As condições climáticas extremas que o planeta enfrenta, com a progressão de registros de ocorrências trágicas, aumentam o protagonismo dos debates em solo brasileiro. A oportunidade de a COP30 ser um marco de avanços na preservação do planeta não pode ser comprometida por assuntos de logística. Somente alianças fortes serão capazes de mitigar os efeitos de desastres consumados e evitar que outros aconteçam, sem também deixar de lado o impacto e o aprofundamento das desigualdades sociais decorrentes das alterações do clima.

O Brasil precisa dar conta da tarefa de mobilizar nações, organizações, especialistas e o setor privado em torno do encontro deste ano. Belém já está no centro das atenções internacionais e não pode decepcionar como anfitriã. Os países negociadores têm de sentar à mesa e, perante o mundo, apresentar medidas em favor da sustentabilidade e da contenção do desequilíbrio ambiental. Não permitir que a inflação de acomodação prejudique a convenção climática na Amazônia deve ser consenso entre os organizadores. O futuro do planeta depende de uma virada na governança ambiental, e a COP30 pode deixar esse legado.

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