É preciso integrar o Triângulo
Uberlândia tem quase 800 mil habitantes, economia pujante, lideranças políticas preparadas e precisa ser integrada com nossa capital
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De: Eduardo Azeredo - Ex-governador de Minas Gerais
A região do Triângulo Mineiro foi beneficiada pela construção de Brasília, que integrou o Centro-Oeste brasileiro e iniciou sua transformação em polo agrícola mundial. A localização geográfica e a mentalidade de prosperidade fizeram com que sua população crescesse e a economia avançasse fortemente. Entretanto, suas ligações estão cada vez mais distantes da capital do estado.
No esporte, ressalvado o voleibol, que tem no Praia Clube grande expressão, a torcida é vinculada a São Paulo e Rio de Janeiro. Seria muito bom que no futebol mineiro Uberlândia, Uberaba, Ituiutaba e Araxá voltassem a ter participação ativa. Na cultura pode-se dizer o mesmo a respeito da pouca interação com o restante do estado.
E o que dizer da principal razão da pouca integração? A logística nos distancia. Enquanto São Paulo tem estrada inteiramente duplicada desde Uberlândia, com grande número de viagens, Belo Horizonte tem apenas 110 dos 546 quilômetros já mais seguros e com maior capacidade.
A estrada é federal e foi concedida duas vezes à iniciativa privada. A primeira concessionária preferiu desistir do contrato antes de construir novos trechos duplicados. O que temos concluído até Nova Serrana foi feito pelo governo federal com verbas incluídas no Orçamento por deputados federais, em especial através de articulações do deputado Jaime Martins.
Tenho autoridade moral para estes registros, pois no meu curto período de quatro anos de governador conseguimos concluir a duplicação do trecho Uberlândia/Uberaba/Divisa com São Paulo da BR-050, buscando a ação conjunta como o governo do presidente Fernando Henrique Cardoso. Esse é um caminho possível. A delegação pelo governo federal ao governo estadual foi também a alternativa utilizada para a duplicação da Rodovia Fernão Dias, BR-381, com 576 km de Belo Horizonte a São Paulo. A Fiemg, Federação das Indústrias, foi parceira atuante sob a gestão do saudoso vice-presidente José Alencar e de Stefan Salej.
O fato de a estrada estar concessionada não é empecilho intransponível. Não temos ferrovia de passageiros, apenas de transporte de carga que continua operando e em crescimento após a privatização feita no governo social-democrata. É preciso agir sem as desculpas de incompatibilidade política momentânea com os extremos que hoje infernizam a vida brasileira.
Abordemos a logística aérea: as ligações são atualmente feitas com aviões menores da Azul e os preços chegam a R$ 5.500 – ida e volta para Uberlândia (valor pelo qual se pode ir à Europa ou a Miami) – e o as opções não passam de três horários diários. Pois bem, para São Paulo são 10 horários e os preços em torno de R$ 1.000, operados pelas três companhias aéreas brasileiras Azul, Latam e Gol. Os proprietários da Gol são mineiros da cidade de Patrocínio e, por meio de gestões do então governador Aécio Neves, instalaram o Centro de Manutenção em Confins. Em Belo Horizonte, o mesmo grupo é o responsável pela expansão do metrô. Por que então não procurar a famosa competição no mercado? Uberaba e Araxá também são prejudicadas com a ausência de voos, outrora existentes.
Posso me lembrar ainda da Ponte de Porto Alencastro sobre o Rio Paranaíba na ponta do Triângulo, ligando nosso estado ao Mato Grosso do Sul, a segunda maior de Minas Gerais e construída com recursos estaduais e federais.
O Triângulo Mineiro tem duas das cinco instalações de “porto livre alfandegário” do nosso estado, também fruto de entendimento do meu governo com o governo federal. De lá para cá, apesar da necessidade, não foram autorizados novos “portos secos”.
Uberlândia tem quase 800 mil habitantes, economia pujante, lideranças políticas preparadas e precisa ser integrada com nossa capital. Uberaba, Ituiutaba, Araguari, Tupaciguara, Frutal e Araxá serão beneficiadas. Mãos à obra!