espaço do leitor

alerta para a falta de água

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"'(...) E se somos Severinos, iguais em tudo na vida, morremos de morte igual, mesma morte severina: que é a morte de que se morre de velhice antes dos trinta, de emboscada antes dos vinte, de fome um pouco por dia (de fraqueza e de doença é que a morte severina ataca em qualquer idade, e até gente não nascida). Somos muitos Severinos, iguais em tudo e na sina.' O trecho acima integra a introdução do poema 'Morte e vida severina', do escritor pernambucano João Cabral de Melo Neto (1920-1999). Compreende a aventura pela qual passa o personagem narrador Severino, retirante nordestino, que foge das agruras de uma vida sofrida e miserável do sertão rumo ao litoral do Recife. Durante o percurso, Severino cruza com outros tantos Severinos, como o calor, a seca, a falta de comida e morada. A morte a todo instante. A aridez da terra e as injustiças o acompanham. Ora, quantos mais Severinos havemos de ter? Deixando a literatura um pouco de lado, iremos à realidade atual. O editorial do EM de 13/10, intitulado 'O alerta da água: o Brasil está secando', nos mostra que 'enquanto brasileiros consultam o céu ou a meteorologia e torcem ou imploram pela chegada da chuva, um outro drama, silencioso e muito mais preocupante, avança seca após seca: os recursos hídricos do país estão encolhendo'. Mais: 'no campo, habitantes encaram a seca que faz minguar lavouras, emagrecer o gado e reduz a água disponível até para o consumo humano'. Pois bem, a mesma mão humana, capaz de escrever belas e inquietantes obras-primas literárias que retratam o sertão brasileiro, como o poema de Cabral de Melo Neto, também é capaz de criar cenários devastadores. A água míngua também nos grandes centros. Desmatamentos, incêndios, pastoreio intensivo e descaso são apenas alguns dos agentes externos que interrompem o fluxo natural das coisas, não permitindo, por exemplo, que um lençol subterrâneo vire nascente e desponte na superfície terrestre. Quando muito, tem-se água o suficiente apenas à subsistência momentânea. Urge a providência, seja humana, seja divina. E de quem seria a culpa e responsabilidade por isso senão de todos nós, os Severinos?"

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Fábio Moreira da Silva
Belo Horizonte

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