“Em matéria intitulada 'Língua indígena reconhecida', o EM (Gerais, 27/8), noticiou a aprovação do Maxakali pela Câmara Municipal de Teófilo Otoni, no Vale do Mucuri, como segunda língua do município. Conforme a reportagem, 'de acordo a Sedese [Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social de Minas Gerais] há mais de vinte etnias indígenas em Minas Gerais, dentre elas: Maxakali, Xakriabá, Krenak, Aranã, Mukuriñ, Pataxó, Pataxó hã-hã-hãe, CatuAwá-Arachás, Kaxixó, Puris, Xukuru-Kariri, Tuxá, Kiriri, Canoeiros, Kamakã-Mongoió, Karajá , Kambiwá, Tikuna, Borum-Kren, Makuni, Guarani e Pankararu'. No livro 'Índios do Brasil', o antropólogo Júlio César Melatti apresenta-nos uma 'visão do índio mais próxima da realidade, mostrando-o como ser humano e combatendo uma série de ideias preconceituosas que sobre ele se mantém. As frequentes comparações que fazemos de seus costumes com os de povos da Antiguidade e mesmo com os nossos têm por objetivo deixar claro que suas tradições em nada são aberrantes, mas apenas diferentes daquelas que guardamos. (...) Os índios não formam um todo homogêneo: as línguas, os costumes, variam de tribo para a tribo'. O projeto, que aguarda a sanção do executivo municipal de Teófilo Otoni, é um reconhecimento pontual, mas que deveria ser estendido. A vida indígena nos é dada pela multiplicidade e diversidade. Basta lembrarmos que, em meio às florestas e municípios, entre palhoças, cuias, tipitis e cabaças, e até mesmo celulares, existem seres humanos que necessitam de reconhecimento que vai muito além dos ritos e cultos por eles considerados mais que simbólicos.”
FÁBIO MOREIRA DA SILVA
Belo Horizonte