Editorial

Ressaca de consumo

É preciso que as resoluções de Ano Novo extrapolem a perda de peso ou a mudança de hábitos de lazer. É urgente que o "consumo consciente" deixe de ser um termo

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É preciso que as resoluções de Ano Novo extrapolem a perda de peso ou a mudança de hábitos de lazer. É urgente que o “consumo consciente” deixe de ser um termo distante e se torne uma prática de sobrevivência doméstica

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Mal os ecos das celebrações natalinas se dissipam, a sociedade brasileira é rapidamente impelida para o próximo ciclo de expectativas: a virada de ano. Entre os brindes de esperança e as promessas de renovação, uma realidade mais árida se impõe nos bastidores das famílias: a fatura do cartão de crédito. Celebrações à parte (a melhor parte, aliás), o ciclo do consumismo transforma a alegria das festividades em uma "ressaca financeira" prolongada.


O período que compreende o Natal e o Réveillon é, historicamente, o motor do varejo. Estimativas da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) frequentemente apontam que o Natal sozinho movimenta dezenas de bilhões de reais na economia brasileira. Contudo, esse impulso é movido, muitas vezes, por um crédito que cobra juros exorbitantes. Segundo dados recentes do Banco Central, a taxa média do cartão de crédito rotativo – para onde muitos brasileiros recorrem ao não conseguirem quitar o valor total da fatura – ultrapassa a marca de 400% ao ano.


A transição de dezembro para janeiro marca o encontro do desejo com a realidade. Enquanto o primeiro é o mês do bônus e do 13º salário, o segundo chega acompanhado de siglas conhecidas e temidas: IPVA, IPTU e as despesas escolares.


O cenário piora quando olhamos para os dados do endividamento. De acordo com a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), cerca de 78% das famílias brasileiras iniciam o ano com algum tipo de dívida, sendo o cartão de crédito o principal vilão (responsável por mais de 80% desses débitos).


O consumismo, porém, não é apenas um fenômeno econômico; é uma construção cultural de urgência. A necessidade de “começar o ano de cara nova” – seja trocando de smartphone, de carro ou renovando o guarda-roupa – é alimentada por um marketing agressivo que ignora a capacidade real de pagamento do cidadão. O resultado é um ciclo vicioso em que a satisfação imediata da compra é substituída pela angústia da inadimplência.


É preciso que as resoluções de Ano Novo extrapolem a perda de peso ou a mudança de hábitos de lazer. É urgente que o “consumo consciente” deixe de ser um termo distante e se torne uma prática de sobrevivência doméstica. Planejar os gastos de janeiro ainda em novembro e priorizar o pagamento das contas fixas sobre os desejos supérfluos é o primeiro passo para garantir que o “Feliz Ano Novo” não seja apenas uma frase protocolar, mas uma realidade financeira para os próximos 12 meses.

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A economia exige equilíbrio. Que em 2024, a maturidade financeira tenha sido o melhor presente que o brasileiro possa ter se presenteado.

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