Será lançado neste sábado (23/8) o número 85 da revista da Academia Mineira de Letras (AML). Com quase 500 páginas, o destaque maior vai para o dossiê “A Filosofia em Minas Gerais”, com 21 ensaios que abordam a trajetória da filosofia no estado. Do Colégio do Caraça e o Seminário de Mariana até a contemporaneidade, a ênfase está no papel das universidades como centros de produção e difusão do pensamento filosófico. Dom Viçoso, Carlos Roberto Drawin, Guido Antônio de Almeida, Marcelo Pimenta Marques, Moacyr Laterza, Newton Bignotto, Sônia Viegas e o padre jesuíta Henrique Cláudio de Lima Vaz estão entre os nomes que têm as suas ideias expostas e analisadas no dossiê.

“Organizado pelo professor doutor Ivan Domingues, o trabalho não encontra paralelo em nada do que foi escrito sobre a trajetória das letras filosóficas em nosso estado. Pioneiro e ousado, denso e abrangente, ele já nasce como obra de referência, seja pelo arco temporal contemplado, seja pela profundidade com que trata o tema que motivou a sua concepção”, ressalta, na apresentação, Rogério Faria Tavares, presidente emérito da AML e editor da revista.

O organizador, o professor e filósofo Ivan Domingues, conta na introdução que o dossiê abrange os séculos 19, 20 e 21 e é composto por “21 nomes de intelectuais de expressão, em sua totalidade docentes vinculados a diferentes instituições mineiras, alguns dos quais não nascidos em Minas Gerais, mas com carreira e impacto nas letras e na cultura do nosso estado”. Para se chegar aos nomes, foi montado um comitê editorial “constituído por colegas de diferentes pontos e instituições do estado”. Além de Domingues, que coordenou os trabalhos, participaram da seleção Giorgia Cecchinato (UFMG), Lúcio Marques (UFTM), Olímpio Pimenta Neto (Ufop) e Paulo Margutti (Faje).

Ivan Domingues aponta dois grandes traços – ou duas grandes marcas – que vão caracterizar o percurso histórico da filosofia nas montanhas das Minas e nos sertões dos Gerais. “Iniciando em Mariana e no Caraça, no século 19, chegando a Belo Horizonte em fins dos anos 30 (Fafi: 1939), no curso dos anos 40 (Faculdade de Filosofia Santa Maria, criada em 1945 e incorporada à PUC Minas em 1948) e, mais tarde, nos anos 80, com a Faje (1982), abrindo-se, nas últimas décadas, a Ouro Preto (Ifac, criado em 1981, e Departamento de Filosofia, criado em 1993) e a outras instituições do estado, como a UFU, a UFJF, a Funrei e a Unimontes”, afirma.

“Por um lado, assistiremos ao desenho não exatamente de uma linha, e menos ainda de uma linha evolutiva, no período que se estende da metade do séc. 19 ao mesmo período do século 20, ao cabo de cem anos, mas a dois pontos distantes no tempo e no espaço: numa ponta, com Dom Viçoso e a filosofia confessional no avant-scène, porém com afiliação aos textos sagrados, paralelamente a modernos, como Locke e Bentham, em seus escritos sobre e contra a escravidão, mesmo não sendo exatamente um tomista ou um neotomista; em outra ponta, Arthur Versiani Vellôso, empunhando a bandeira da filosofia secular, com sua afiliação intelectual a Sócrates, a Kant e a Schopenhauer e, ao mesmo tempo, sem esconder sua formação católica e o propósito de conciliar o criticismo kantiano e o realismo crítico neotomista (Maritain, Sertillanges), intento que ele leva a cabo em sua tese de titular no concurso de habilitação à cátedra de filosofia do Colégio Estadual”, complementa Domingues.

Abaixo, o Pensar publica trechos de “Sônia Viegas: Literatura e filosofia: uma via de mão dupla”, de Miriam Campolina Diniz Peixoto, um dos artigos incluídos no dossiê “A Filosofia em Minas Gerais”.


Sônia Viegas: Literatura e filosofia: uma via de mão dupla

Miriam Campolina Diniz Peixoto*

Sônia Maria Viegas Andrade nasceu em Belo Horizonte, em 7 de agosto de 1944. No ano de 1963, aos 18 anos de idade, ingressou no curso de Filosofia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), onde obteve, em 1966, os títulos de bacharel e licenciada em Filosofia. Em 1977, defendeu sua dissertação de mestrado, propondo uma abordagem filosófica da obra do escritor mineiro João Guimarães Rosa. A dissertação foi publicada pelas Edições Loyola quase dez anos depois, em 1985, com o título de “A vereda trágica do Grande sertão: veredas”. A obra é um retrato formidável de como Sônia se valeu dos ensinamentos recebidos, das leituras feitas e dos elementos recolhidos ao longo de sua formação filosófica para elaborar, nos confrontos desse clássico denso e de grande complexidade da literatura brasileira, um pensamento próprio e original, de grande fecundidade e consistência filosófica. O diálogo entre filosofia e literatura encontrou nas veredas da leitura que Sônia fez da obra de Rosa o seu ato fundador, vindo a delinear um dos campos em que a pensadora viria a se destacar em sua curta, mas intensa, travessia por este mundo. Em seu diálogo com a obra de Rosa, Sônia encontrou ocasião para abordar os grandes temas e questões que acompanham a saga da filosofia ao longo de seus mais de 2.500 anos de história. Sua dissertação lhe valeu, em 1984, o prêmio nacional de literatura Cidade de Belo Horizonte (categoria “Ensaio”), oferecido pela Prefeitura Municipal de Belo Horizonte

Sônia faleceu aos 45 anos de idade, em 22 de outubro de 1989, num momento em que sua vida pessoal, profissional e intelectual se encontrava em seu pleno vigor, em relação inversamente proporcional ao deperecimento provocado pela doença que nos privou de sua presença. É difícil acreditar que sua extensa obra filosófica tenha se feito em tão pouco tempo de vida e, mais, por alguém que viveu uma vida completa sem se privar de seus papéis de filha, companheira, mãe e professora.

No quadro deste artigo, após apresentar alguns flashes do itinerário de Sônia e fornecer algumas chaves de leitura para uma aproximação de seu pensamento, tomaremos como caminho o exame de sua contribuição no campo de onde provém um dos legados mais importantes da pensadora, a saber, aquele das reflexões emanadas do intenso e contínuo diálogo entre filosofia e literatura que fomentou. E, como não poderia deixar de ser, daremos especial atenção à sua leitura filosófica do “Grande sertão: veredas”, no interior da qual se gesta, ao nosso ver, a pensadora que Sônia se tornou.

LAMPEJOS DE UMA TRAVESSIA 

Certa vez inquirida sobre a natureza de sua atividade, Sônia respondeu que ela não era filósofa, mas professora de filosofia. Entre aqueles que tiveram a oportunidade de assistir aos seus cursos, não haverá ninguém que discorde da vocação de Sônia para o ensino. A lembrança de suas aulas permanece bastante viva em cada um de seus ex-alunos. No entanto, penso eu, nenhum deles deixaria de reconhecer que suas aulas eram verdadeira e propriamente exercícios de pensamento, filosofia viva. A professora e a pensadora eram uma só pessoa, e, em sua atividade, não se distinguia o tempo do pensar e o tempo do ensinar.

A atividade docente de Sônia se iniciou quando ainda cursava Filosofia e se estendeu até os últimos dias de sua vida, sempre com a mesma intensidade e luminosidade com que reuniu ao seu redor um público cativo de todas as idades, que, ávido por ouvi-la, lotava as salas de aula e toda sorte de espaços onde ela partilhava suas reflexões e a todos enredava nas espirais do pensamento filosófico. Primeiramente, como professora do ensino médio no Colégio Universitário da UFMG e, em seguida, como professora do Departamento de Filosofia da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da mesma universidade, onde desenvolveu a maior parte de suas atividades.

Os seus cursos eram mais do que apenas aulas magistrais e ricas em intuições e erudição. Mais do que simplesmente oferecer um pensamento filosófico já processado e digerido, pronto para ser assimilado e replicado, suas aulas proporcionavam aos seus alunos um espaço de investigação e de reflexão conjunta, desenvolvidas através de um animado diálogo. Sônia acreditava ser o diálogo a via para o desenvolvimento do pensamento por excelência, tanto para exercitar a interpretação dos clássicos da filosofia quanto para confrontar as grandes questões que emergem no âmbito da experiência humana e encarar o desafio de equacioná-las de modo radical e rigoroso, sem evasivas ou saídas fáceis. 

A experiência luminosa de suas aulas repercutia dentro e fora da universidade, e seus cursos eram frequentados também por alunos de outras áreas de formação da UFMG, bem como por um público externo à universidade. Numa dinâmica de interfecundação, os saberes e reflexões produzidos no espaço da universidade alcançavam, assim, os mais variados espaços da cidade, ao mesmo tempo que as questões e os impasses experimentados no cotidiano desses espaços alimentavam, provocavam e incrementavam a investigação e a reflexão desenvolvidas na academia. 

Sônia era convidada com frequência a proferir palestras e conferências, a dar consultoria, a ministrar cursos e minicursos. Movida pelo desejo de responder à crescente demanda que lhe chegava de diferentes segmentos da cidade, ela criou, em 1985, com o apoio de alguns amigos, o Núcleo de Filosofia, espaço cuja vocação era oferecer ao público externo ao mundo acadêmico acesso à experiência filosófica, fosse através de cursos de introdução à filosofia e de filosofia da arte, fosse através de cursos que abordavam as grandes interrogações humanas pelo prisma da filosofia e por meio do diálogo com as diferentes manifestações da cultura. Ela concebia a filosofia como a expressão de um processo de “maturação histórica da humanidade” (VIEGAS, 2009c, p. 28) e, cônscia de sua potência, quis oferecer a todos uma oportunidade de experimentar o intenso sentimento de humanidade e de prazer que ela própria experimentava no ato de reflexão e de significação

No final da década de 80, ela idealizou e protagonizou nas dependências do Savassi Cineclube, em Belo Horizonte, o Cinema Comentado, evento que acontecia a cada 15 dias e que movimentou a cena cultural da cidade, inaugurando um espaço, até então pouco comum, para o exercício da reflexão filosófica e proporcionando aos amantes da sétima arte o desenvolvimento de um novo olhar sobre o cinema, um exercício de contemplação e de reflexão sobre a vida a partir dos elementos oferecidos pelos enredos e pelos personagens. Não fosse a doença que pôs termo de modo tão intempestivo à sua vida, o que ainda não teria feito e quanto ainda não nos teria surpreendido com seu pensamento? Felizmente podemos contar com os seus escritos, através dos quais ela continua nos instigando, nos provocando e nos convocando para o exercício da filosofia. 

Entre suas publicações, além da já mencionada dissertação de mestrado, publicada como livro, destacamos a coletânea ‘Cinema comentado: crônicas e ensaios’ (1990). Contamos ainda com um número considerável de escritos, entre os quais figuram capítulos de livros e artigos publicados em revistas e jornais, que, em seu conjunto, foram reunidos em 2009 pelo seu ex-aluno e colega, o professor Marcelo Pimenta Marques, em três volumes, assim intitulados: Vida filosófica, Filosofia viva e Filosofia e arte. Foram inseridos nesses volumes os dois livros mencionados acima, além de parte de seu rico epistolário, no qual se observa a mesma profundidade e densidade filosófica que há em seus outros escritos. 

VEREDAS DO PENSAMENTO 

Sônia encontrava, nos clássicos da história da filosofia, interlocutores e coadjuvantes para a abordagem das questões de nosso tempo. Mas a fonte de seu pensamento não se encontrava somente nos grandes pensadores da tradição filosófica. Ela compreendeu que toda obra que tem por objeto a experiência e as produções humanas é igualmente apta, como toda manifestação da cultura, a constituir matéria para a reflexão filosófica. Ela se debruçou com sua interrogatio filosófica sobre toda forma de expressão artística — artes plásticas, cinema e literatura —, assim como sobre as múltiplas performances e experiências humanas captadas à sua volta. Tomandoas como matéria-prima e submetendo-as ao crivo da sua sensibilidade e ao ato de ruminação do seu pensamento, fazia, a partir de cada uma delas, ocasiões fecundas para a interrogação e a reflexão filosóficas, convicta de seu potencial como experiências capazes de fomentar e incrementar a vida humana e a cultura em geral. A literatura ocupou um espaço importante na atividade filosófica de Sônia ao longo de toda a sua vida, e não apenas ao longo da pesquisa que culminou na redação de sua dissertação de mestrado.

Sônia dizia ser a literatura a terra natal da filosofia e considerava a poesia sua origem e seu destino: “a filosofia tem sua origem na poesia e aspira voltar para a poesia” (VIEGAS, 1989). A natureza da linguagem para Sônia é, antes de tudo, “poética”, tomando por base o sentido do termo grego poiesis, que diz respeito, no seu entender, a toda e qualquer atividade produtiva, criadora. E é propriamente essa natureza essencialmente poética da linguagem que faz dela abertura, possibilidade, o que aos seus olhos fica impossibilitado no quadro da linguagem conceitual. 

No diagnóstico que fez acerca dessa forma de linguagem em sua dissertação de mestrado, ela constatava: “Era como se, após o amadurecimento de alguns séculos, o pensamento racional e discursivo tivesse, afinal, atingido zonas de opacidade da palavra e não mais pudesse recuperar sua autonomia e sua clareza” (VIEGAS, 2009e, p. 333). Ela acreditava haver um decisivo predomínio “da palavra poética sobre o discurso da razão, ou, pelo menos, de sua penetração naquelas regiões supostamente ensolaradas onde este discurso mantivera até então sua hegemonia” (VIEGAS, 2009e, p. 333). Sua convicção a conduzia, então, a frequentar as produções da cultura em seus mais diferentes campos de efetivação. 

Como notou Marques (2009, p. 15), “Sônia desenvolve uma reflexão filosófica que se alimenta dos interstícios de significação da palavra poética, que pergunta, problematiza e recria o sentido do mundo, isto é, do sertão como experiência da totalidade do cosmo”. 

Aos olhos de Sônia, a literatura desempenhou sempre um papel importante na gênese do pensamento de todos os tempos, isso porque ela já comporta em si um grau importante de reflexividade e traz em seu seio as grandes questões que viriam a animar as investigações e especulações filosóficas. Mais do que isso, ela considerava a literatura como um experimento que flerta com a filosofia, que, por sua vez, ao compartilhar seus objetos, os experimenta de outro modo. 

Um breve voo sobre suas conferências, palestras e artigos para revistas acadêmicas e para a imprensa em geral pode nos dar uma ideia da profícua convivência da pensadora com a literatura e da fecundidade do diálogo entre literatura e filosofia através de sua obra. Dentre esses trabalhos, destacamos os seguintes: “O velho e o mar” (1961); “A morte de D. J. em Paris” (1971); “O peixe e o pássaro” (1971); “A hora e a vez de Augusto Matraga” (1978); “Aspectos filosóficos na obra de Fernando Pessoa” (1978); “Fundamentos filosóficos na obra de Antero de Quental” (1979); “A experiência do absoluto em Fernando Pessoa” (1979); “Resenha de O poeta e a consciência crítica, de Affonso Ávila” (1979); “Fundamentos filosóficos da obra de Camões” (1980); “A presença da filosofia na literatura brasileira” (1981); “Fernando Pessoa e a consciência infeliz” (1981); “O universo épico-trágico do Grande sertão: veredas” (1982); “A Macabéa de Clarice Lispector e a outra de Suzana Amaral” (1987); “O mito de Pandora” (1988); e “Medeia” (1989). 

De qualquer forma, foi, sem dúvida, a partir de sua leitura da obra-mestra de João Guimarães Rosa, durante a preparação de sua dissertação de mestrado, que Sônia teceu as bases para o fecundo diálogo da filosofia com a literatura que tão bem caracteriza as investidas de seu pensamento em face das diferentes manifestações da cultura (...)

*MIRIAM CAMPOLINA DINIZ PEIXOTO é professora do Departamento de Filosofia da UFMG e autora de livros como “A saúde dos antigos: Reflexões gregas e romanas”

DIÁLOGOS DE IDEIAS 

OS HOMENAGEADOS E OS AUTORES DOS ARTIGOS INCLUÍDOS NO DOSSIÊ DA REVISTA DA AML

“Elementos de história do ensino de filosofia em Minas Gerais” – Lúcio Álvaro Marques

“Antônio Ferreira Viçoso” – João Paulo Rodrigues Pereira

“Arthur Versiani Vellôso: Cui bono? Anotações pessoais” – Rodrigo Duarte

“Carlos Roberto Drawin” – Marco Heleno Barreto

“Guido Antônio de Almeida: pequena biografia intelectual de um grande mestre” – Patrícia Kauark-Leite

“Guiomar de Grammont: ler, escrever e pensar pode ser muito perigoso” – Márcia Almada

“Henrique Cláudio de Lima Vaz” – Ivan Domingues

“Ivan Domingues… para Telma, as meninas e a Cora” – Lúcio Álvaro Marques

“Cônego José Geraldo Vidigal de Carvalho, um filósofo tomista nas Minas Gerais” – Geraldo Adriano Emery Pereira

“José Henrique” – Guido Antônio de Almeida

“José Raimundo Maia Neto” – Flavio Fontenelle Loque

“Luís Henrique Dreher” – Flávio Senra

“Marcelo Pimenta Marques” – Diogo Norberto Mesti

“Moacyr Laterza: um itinerário múltiplo” – Ricardo Fenati

“Newton Bignotto de Souza: pensar o político” – Helton Adverse

“Patrícia Maria Kauark-Leite (1960-)” – Luiz Abrahão

“Paulo Roberto Margutti Pinto” – Rodrigo Marcos de Jesus

“Rodrigo Antônio de Paiva Duarte” – Imaculada Kangussu

“Sônia Viegas: literatura e filosofia: uma via de mão dupla” – Miriam Campolina Diniz Peixoto

“O ‘eu’ de Montaigne tinha um corpo? [Telma de Souza Birchal]” – Virginia Figueiredo

“‘Sempre houve uma rebeldia dentro de mim!’: a trajetória intelectual de Tiago Adão Lara” – Águida Assunção e Sá

“Virginia de Araujo Figueiredo: o não kantismo, a reflexão e a irreverência” – Giorgia Cecchinato

“A FILOSOFIA EM MINAS GERAIS: DOSSIÊ”

Lançamento da Revista da Academia Mineira de Letras vol. 85

Debate com Jacyntho Lins Brandão, Rogério Faria Tavares, Ivan Domingues, Leonardo Mordente e Sandra Bianchi

Neste sábado (23/8), às 10h, na Academia Mineira de Letras (Rua da Bahia, 1466, Lourdes), com entrada gratuita. Conteúdo disponível no site da AML

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