
CMBH: dia decisivo para Gabriel Azevedo
Vereadores têm até hoje para decidir sobre a cassação de mandato do presidente da Câmara, Gabriel Azevedo; parlamentar é acusado de abuso de poder e quebra de decoro
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Siga noOs vereadores de Belo Horizonte têm até hoje para decidir o destino do presidente da Câmara Municipal de Belo Horizonte (CMBH), Gabriel Azevedo (sem partido). Pela segunda vez o legislativo municipal se reúne para analisar o relatório referente ao processo de cassação de mandato de Azevedo, que enfrenta acusações de abuso de poder e quebra de decoro. Hoje é a data limite para possível apreciação do caso. Se não for votado até o final do dia, o processo será arquivado de acordo com as normas do regimento interno da Câmara Municipal, que estabelece um prazo máximo de 90 dias para a tramitação da denúncia.
Para que Gabriel Azevedo seja cassado são necessários 28 votos dos 41 vereadores em, ao menos, uma das cinco denúncias apresentadas. Enquanto não é concluído o processo, projetos importantes da Câmara ficam parados, como o Projeto de Lei Orçamentário Anual (PLOA). A reunião para apreciar o relatório está prevista para às 9h. O caso só pode ser analisado em reunião extraordinária, por isso não pode ser apreciado na sessão ordinária que acontece na tarde desta segunda-feira, às 15h. Conforme o regimento interno da Casa, as reuniões extraordinárias só podem ser convocadas com antecedência mínima de 24 horas. Então, caso não haja decisão, o processo será arquivado.
Na manhã de sexta-feira (1/12), a reunião prevista para votar o parecer que pede a cassação de Gabriel não foi iniciada devido à ausência do número mínimo de 21 vereadores em plenário. À tarde, a Câmara de BH também iria examinar um novo pedido de outra denúncia contra o presidente da Casa, no entanto, mais uma vez não houve quórum.
A denúncia contra Gabriel Azevedo foi apresentada pela ex-vereadora e deputada federal Nely Aquino (Podemos), ex-aliada do presidente da Casa. Ele é acusado de quebra de decoro parlamentar e abuso de autoridade por falas contra colegas vereadores, interferência em uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) e a suposta falsificação de assinatura do ex-corregedor do legislativo municipal, Marcos Crispim (Podemos), para arquivar um outro pedido de cassação contra o presidente da Câmara.
Segunda denúncia
À tarde será analisada outra denúncia contra Gabriel Azevedo, apresentada pelo vereador Miltinho CGE (PDT). O parlamentar acusa o presidente da CMBH de calúnia e difamação. Ele alega que Azevedo o acusou, em uma entrevista à imprensa, de praticar rachadinhas, ato de ficar com parte dos salários dos funcionários de gabinete, e nepotismo. Para ser aprovada, a denúncia precisa receber 21 votos favoráveis. Caso venha a ser aceita, outra comissão processante seria instituída, com o prazo de 90 dias para votação.
Defesa de Gabriel
Gabriel nega a ilegalidade dos atos e enfatiza que já pediu desculpas pelas falas duras contra outros parlamentares. O pedido de cassação é resultado de uma longa disputa interna pela presidência da Câmara de Vereadores entre o grupo que defende Gabriel Azevedo e o grupo chamado de “Família Aro”, ligado ao atual secretário de Estado da Casa Civil, Marcelo Aro.
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Sem votos para cassação
Gabriel Azevedo afirmou que seus opositores não possuem os votos para cassar o seu mandato, tratando o caso como uma “sanha usurpadora”. Há um consenso que realmente não existam os 28 votos necessários para que o vereador seja derrubado. Isso porque os vereadores do bloco de esquerda fecharam questão contra a cassação do presidente da Câmara. A bancada possui cinco vereadores, sendo que eles estiveram entre os 26 que votaram para abrir o processo de cassação. Eles defendem para a solução do impasse, a recomposição da Mesa Diretora da Casa Legislativa.
Em nota encaminhada à imprensa, a bancada, composta pelas siglas do Partido Socialismo e Liberdade (Psol), Partido dos Trabalhadores (PT) e Partido Verde (PV), afirmou que a recomposição da Mesa pode ser a solução para os impasses que têm ocorrido nos últimos meses na CMBH. Para o bloco político, a ‘crise política’ tem prejudicado a cidade e atrapalhado a votação de projetos importantes para a população.
“Nós, bancada do PSOL, PT e PV, entendemos que a continuação de Gabriel Azevedo na presidência caminha no sentido contrário da atuação harmoniosa dos poderes. No entanto, a sua simples substituição pelo atual vice-presidente, Juliano Lopes, não representaria a pacificação democrática necessária para desobstruir a Câmara Municipal”, diz o texto, assinado pelos vereadores Bruno Pedralva (PT), Célio Frois (PV), Cida Falabella (PSOL) , Iza Lourença (PSOL) e Pedro Patrus (PT). “Defendemos a renúncia coletiva e simultânea de todos os membros da mesa diretora e a composição com novos membros, respeitando todas as atuais forças políticas do poder legislativo municipal”, pontuaram.
Ainda em dezembro os vereadores devem se debruçar sobre o Projeto de Lei Orçamentário Anual (PLOA) que vai definir os recursos para todas as áreas de atuação da prefeitura, como saúde, educação e transporte. No entanto, as denúncias se sobrepõem aos outros projetos, o que tem travado a pauta da Câmara Municipal.