
Bolsonaro juntou turba para teatro da ilusão, diz historiadora
Para Lilia Moritz Schwarcz, o ex-presidente confessou a sua participação no suposto plano de golpe de Estado, durante o ato na Avenida Paulista, nesse domingo
compartilhe
Siga noAo opinar sobre o ato de apoio a Jair Bolsonaro (PL) que aconteceu na Avenida Paulista, em São Paulo (SP), nesse domingo (25/2), a historiadora e professora da Universidade de São Paulo (USP) Lilia Moritz Schwarcz disse que o ex-presidente reuniu o movimento para promover um "teatro de ilusão".
A historiadora avalia o ato convocado pelo ex-presidente como um "sequestro vergonhoso de pautas" e de "inversão de sentidos". "O mundo, ou uma parte dele, está de fato com um problema cognitivo. De compreensão mesmo. Ontem, na Avenida Paulista, vimos como é possível um sequestro vergonhoso de pautas, com a inversão de sentidos. Falou-se em democracia, em Estado democrático de direito, quando o objetivo da manifestação era o oposto: justificar o golpe criminoso de 8 de janeiro e a participação do ex-presidente em sua organização", opinou.
26/02/2024 - 08:50 'Última resistência ou retorno político?': como a imprensa internacional repercutiu ato de Bolsonaro 26/02/2024 - 09:45 Fala de Bolsonaro sobre 'minuta do golpe' deve ser usada pela PF 26/02/2024 - 11:07 Chanceler celebra apoio a Israel em ato pró-Bolsonaro e critica Lula
O texto foi publicado em sua rede social, acompanhado de um vídeo em que bolsonaristas aparecem cantando a canção "Pra não dizer que não falei das flores", de Geraldo Vandré. "A música que essas pessoas entoam, emocionadas, se chama, "Pra não dizer que não falei das flores”. Ela foi escrita e cantada por Geraldo Vandré em 1968, conquistando o segundo lugar no Festival Internacional da Canção daquele ano. Ela se tornou um dos maiores hinos da resistência ao sistema ditatorial militar que vigorava na época no Brasil. Agora, porém, é entoada para exaltar a ditadura militar!!!!", contextualiza a historiadora.
- Leia também: Estado democrático de direito em segundo plano
Para Lilia, no ato Jair Bolsonaro reconheceu a sua participação no suposto plano de golpe de Estado. O presidente é investigado pela Polícia Federal (PF) por tentativa de golpe.
"Bolsonaro só queria uma boa foto. Ele, que é bom de inventar farsas, juntou uma turba fiel e alheia à realidade que o condena por uso do estado para fins privados, por má gestão da COVID, por atentar contra a democracias, por desmatamento e prática de corrupção. O ex pode até achar que ganhou com a demonstração de força. Mas perdeu judicialmente pois de certa maneira reconheceu sua participação no golpe. Rituais têm porém o dor de iludir e de criar comoção. Foi o que aconteceu ontem: um teatro da ilusão", concluiu.