
Lula a Zema: programa de adesão ao RRF está morto
Uma das verdades ditas ao governador pelo presidente foi a de que o governo federal não irá homologar propostas de adesão dos estados ao Regime de Recuperação Fiscal (RRF)
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O presidente Lula (PT) e o governador Romeu Zema tiveram ontem o 1º encontro administrativo para tratar da renegociação da dívida de Minas junto ao governo federal. Foi também a hora da verdade entre eles. Uma das verdades ditas ao governador pelo presidente foi a de que o governo federal não irá homologar propostas de adesão dos estados ao Regime de Recuperação Fiscal (RRF). A medida é defendida por Zema desde que assumiu em 2019 para equacionar o endividamento de R$ 160 bilhões.
O RRF é um programa federal destinado a estados em situação de falência em suas economias, mas impõe duras medidas. O presidente deixou claro que aprova o reordenamento com os estados sem o comprometimento dos salários e promoções dos servidores e dos concursos públicos. E mais, sem a privatização das estatais. Essas medidas eram exigências do RRF, criado no governo Temer, em 2017, e intensificado pelo governo Bolsonaro (2019/2022).
Com isso, o governo Lula enterra de vez a proposta do regime do aperto fiscal, que, além de sufocar as finanças, tira a autonomia administrativa dos estados, já que impõe gestão conjunta com o governo federal. Para que a renegociação, em novas bases, tenha êxito, o novo modelo prevê o abatimento da dívida por meio de encontro de contas e federalização de ativos. Em vez de venda para a iniciativa privada, a federalização prevê a transferência de controle das estatais para o governo federal.
Para isso, o governo federal quer que o governo estadual formalize o pedido, para evitar insegurança jurídica futura. Ou seja, a federalização da Cemig, Copasa e Codemig não serão impostas ao governo mineiro, mas seria resultado de acordo. Caso não aceite, o governo Zema ficaria, por outro lado, sem argumentos para fazer a privatização (vide caso Banespa).
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Outro estranhamento manifestado pelo governo federal é o fato de o governo Zema não ter quitado nenhum centavo da dívida nos últimos cinco anos, beneficiando-se de liminares. E que, por conta disso, tem em caixa, hoje, cerca de R$ 34 bilhões, mas também não fez investimentos em Minas. Fora os restos a pagar de R$ 13 bilhões, sobrariam outros R$ 21 bilhões para enfrentar os problemas do estado. Ficou a desconfiança de que o governo Zema faz caixa e guarda o recurso para ser gasto em obras no último ano de gestão, quando pretende disputar um cargo de presidente ou vice em 2026.
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Foram reclamar com Pacheco
Depois de conceder audiência ao bloco de oposição na Assembleia para discutir a dívida, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSB), convidou outros deputados estaduais. Os encontros aconteceram, respectivamente, na segunda (4) e na terça (5), na residência oficial do Senado, em Brasília, reunindo quase 30 parlamentares.
Nesse segundo dia, ofereceu a estrutura e assessoria do Senado aos deputados interessados em prestigiar suas bases eleitorais. Para surpresa, o que Pacheco mais ouviu foi um rosário de queixas dos deputados, a maioria da base de Zema, sobre o governo mineiro. Um atento observador anotou que o entusiasmo do senador era de quem cumpria agenda de pré-candidato ao Governo de Minas para 2026.
As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do Estado de Minas sobre o tema.