
Pressão de policiais força melhoria da reposição de Zema
Diante do clima tenso, o governo retirou os deputados aliados do plenário na hora de votar as emendas da oposição
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O medo da derrota levou o governo Zema (Novo) a manobras de plenário e ao rolo compressor da maioria aliada para garantir a vitória parcial numa votação de dois turnos. É importante avaliar como foi a primeira batalha antes do enfrentamento final. Diante do clima tenso, o governo retirou os deputados aliados do plenário na hora de votar as emendas da oposição. Além de desrespeitar o processo legislativo, a medida irritou os servidores e engrossou o protesto deles.
Haverá a segunda e última votação na próxima semana. Até lá, o governo vai monitorar a pressão e a temperatura da reação dos servidores, especialmente os da segurança pública. Policiais estarão de plantão até lá, fazendo manifestações, especialmente no interior para onde vão os deputados neste feriadão.
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Tudo somado, se houver votação, o governo não tem controle sobre o resultado. Pode ser surpreendido com a aprovação de um índice de reposição maior do que os magros 3,62% que está concedendo a todos os servidores, percentual abaixo da inflação. Quem não negocia se expõe aos riscos de um bate-chapa no plenário.
Até a próxima votação, os bombeiros de plantão vão tentar convencer o governador a ceder e a conceder mais do que a reposição de 3,62% e dar, pelo menos, a inflação de 4,62%. Na terça, o presidente da Assembleia, Tadeu Leite, levou alerta à cúpula do governo de que a situação política está muito ruim, desgastada e de muita pressão sobre os deputados.
Outro alerta levado por Tadeuzinho foi sobre os projetos que mexem na previdência dos servidores civis e militares. Diante disso, o governo optou por retirar estrategicamente os projetos da pauta para não azedar ainda mais o clima da votação da reposição salarial.
Depois que for encerrada a votação da reposição, o governo voltará com as duas propostas ao plenário da Assembleia, apostando em outro cenário. Não será fácil. O tema é muito caro, especialmente para os militares que não aceitam o retrocesso na área. Além disso, depois de junho, os deputados começam a trocar o plenário pelo interior mineiro, concentrados na eleição municipal de suas próprias candidaturas a prefeito ou de seus aliados.
Ao contrário do que fez quando concedeu o reajuste de 300% em seus vencimentos, o governador Zema recorre aos limites da situação fiscal para não ceder. O Relatório de Gestão Fiscal, publicado nesta quarta (29), pelo próprio governo, porém, contesta a realidade. A arrecadação do Estado cresceu R$ 5 bilhões no 1º quadrimestre de 2024, na comparação com o mesmo período do ano passado. Mais do que uma questão fiscal, a reposição dos servidores é legal e constitucional. A Carta Magna determina reposição inflacionária de todos os servidores.
As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do Estado de Minas sobre o tema.