O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), ironizou nesta terça-feira (10/2) o desfile de blindados da Marinha que chamou atenção no dia em que a Câmara dos Deputados votaria a emenda constitucional para a introdução do voto impresso.
Moraes comentou que o então comandante da Marinha Almir Garnier teria levado três ou quatro blindados para entregar um convite ao então presidente Jair Bolsonaro (PL), momento em que os veículos estavam "meio enfumaçados".
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"O senhor foi à Marinha entregar um convite ao presidente da República, senão me engano, com três blindados, três ou quatro, com alguns blindados da Marinha, que até naquele momento alguns estavam meio esfumaçados, o senhor se recorda? Porque isso deu muita repercussão", provocou Moraes.
"Mas isso foi, naquele momento, entendido como uma pressão ao Congresso Nacional, porque era exatamente esse o momento em que se debatia na Câmara", continuou Moraes, citando um provérbio chinês, que diz "coincidências não existem". Garnier discordou: "Não existem até certo ponto".
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Em resposta, Garnier negou que a operação com os blindados tivesse qualquer ligação política ou pressão à votação. Explicou que era uma ação programada e feita regularmente pela Marinha em Formosa (GO), com planejamento que antecede meses de preparação.
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"Uma das missões que eu me atribuí ao assumir o comando era dar a conhecer à sociedade as capacidades da Marinha. É comum quando a gente vê pessoas, militares, ou um carro de combate, como falam popularmente, as pessoas acharem que é o Exército que está ali. A Marinha tem essa capacidade. Todos os anos, na cidade aqui de Formosa, a Marinha realiza uma operação. Essa operação é planejada com meses de antecedência, porque esses blindados vêm do Rio de Janeiro, eles não ficam aqui", esclareceu Garnier.
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Segundo o ex-comandante, ele decidiu abrir uma visitação pública aos veículos blindados na Esplanada apenas para que a população conhecesse as capacidades das Forças Armadas. Ele nega que isso foi programado para o dia da votação do voto impresso no Congresso Nacional.