Presidente do PL-MG propõe comissão para negociar tarifaço dos EUA
Deputado minimiza relação com Bolsonaro, atribui tarifa a declarações do BRICS e culpa Lula por "cutucar a onça com vara curta"
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Siga noPresidente do PL em Minas Gerais, o deputado federal Domingos Sávio (PL-MG) propôs a criação de uma comissão mista suprapartidária para negociar diretamente com os Estados Unidos uma alternativa ao "tarifaço" anunciado pelo presidente Donald Trump. Ao defender que "ninguém deve comemorar" a tarifa de 50% imposta pelo norte-americano sobre as exportações brasileiras, atribuiu a sanção ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
A declaração ocorreu durante entrevista, nesta sexta-feira (11/7), em Divinópolis, no Centro-Oeste de Minas. Domingos criticou a política externa do presidente Lula e o acusou de provocar a "onça com a vara curta" durante o evento dos BRICS. "Ele fez questão de, por mais de uma vez, atacar o governo americano, criticando a ação do governo americano no Irã. Ele foi lá cutucar a onça com vara curta e expôs os brasileiros. Não é assim que se faz política externa", declarou.
Para o parlamentar, as recentes tensões diplomáticas levaram os Estados Unidos a darem "uma resposta ao Lula". "O Lula provocou isso. O Lula é 100% responsável pelo que está acontecendo, o que eu acho terrível. Por isso, já estou propondo que a gente faça uma comissão suprapartidária de parlamentares sensatos para, de forma diplomática, conversar com o presidente Trump", declarou.
Ele alertou que as relações diplomáticas estremecidas com os EUA colocam o Brasil em situação delicada, principalmente o setor agropecuário e de combustíveis.
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Justificativas políticas
Na carta enviada ao governo brasileiro, Trump cita diretamente o ex-presidente Jair Bolsonaro, réu no Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativa de golpe de Estado. Ele afirma que o Brasil trata o ex-mandatário "com vergonha internacional" e classifica o julgamento como "uma Caça às Bruxas que deve acabar imediatamente!".
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Domingos Sávio saiu em defesa do aliado e criticou Lula pela reação à fala de Trump, o que, para ele, tratou-se de um "comentário em defesa de um amigo". "Ele nunca negou que é amigo do Bolsonaro, um comentário que ele tem o direito de fazer, de que ele entende que o processo contra o Bolsonaro é perseguição", comentou. Ele acusou o presidente de "tomar as dores" do Supremo Tribunal Federal (STF).
"Infelizmente, o STF está envergonhando o Brasil perante o mundo, e o Lula está trazendo punição para o povo brasileiro com a sua insensatez, com a sua falta de habilidade com relação à política externa. Essa é a minha opinião", completou.
Mesmo com o tom crítico, o presidente do PL-MG afirmou que não fará do tarifaço "um cavalo de batalha". Ao propor a comissão, defendeu também uma linha de negociação que não cause retaliação aos EUA. "O que eu pretendo fazer, já estou fazendo, é estimular um diálogo com o próprio governo americano, através de lideranças que não vão querer retaliar com o governo americano", defendeu.
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Sem retaliação
Para Domingos, o Brasil não tem condições de retaliar com o governo norte-americano. "Qual a retaliação que o Brasil pode fazer com o governo americano? Para vocês terem ideia, o produto que nós mais exportamos para os Estados Unidos é petróleo. Eles são os maiores produtores de petróleo do mundo. Eles não precisam do petróleo brasileiro."
Reconhecendo os impactos econômicos que a tarifa pode provocar a partir de 1º de agosto, Domingos Sávio classificou o cenário como "perigoso". Apesar da citação direta a Jair Bolsonaro por parte de Trump, o deputado procurou relativizar a relação com o episódio, mesmo diante dos elogios públicos feitos por Bolsonaro e seus filhos ao republicano.
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"Não pensem que isso foi só por causa do Bolsonaro. Pelo contrário. Trump é um grande negociador. E essa história tem muito mais a ver com o B de BRICS do que com o B de Bolsonaro. É muito mais uma resposta às declarações. Não só declarações, as atitudes do Lula de apoiar Irã, de apoiar China, de apoiar a Rússia e de atacar verbalmente os Estados Unidos. De agir como adversário dos Estados Unidos. Ora, se ele age como adversário dos Estados Unidos, os Estados Unidos agem como adversário do Brasil, botando tarifa para os nossos produtos que vão para lá", comentou.
*Amanda Quintiliano especial para o EM