'Deputado estrangeiro' e 'cosplay': 'PL da Devastação' é marcado por brigas
Célia Xakriabá chamou Kim Kataguiri de "deputado estrangeiro e reborn". Na sequência, o parlamentar se referiu a deputada com o termo "cosplay"
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Siga noA aprovação do projeto de lei que altera regras do licenciamento ambiental, o chamado PL da Devastação, foi marcada por uma discussão entre a deputada federal Célia Xakriabá (PSol-MG) e o deputado Kim Kataguiri (União-SP), na madrugada desta quinta-feira (17/7). O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), chegou a chamar a polícia legislativa para "restabelecer a ordem".
A briga começou quando Kim chamou as comunidades indígenas de “tribos”, que teriam sido beneficiadas com a Usina de Belo Monte. Depois, Célia chamou o parlamentar de "deputado estrangeiro e reborn”. Na sequência, Kataguiri chamou Xakriabá de cosplay (termo que se refere a pessoas que se fantasiam de personagens).
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"Quero dizer aqui que estrangeiro, e ali próximo de onde estão meus ancestrais, é o pavão, que é um animal lá da Ásia. Não tem nada a ver com tribo indígena aqui no Brasil, mas tem gente que parece que gosta de fazer cosplay”, disse Kim Kataguiri. A deputada indígena, que estava com um cocar com penas de pavão, disse que é o adorno é considerado sagrado pelo povo fulni-ô e pediu respeito."Isso é um racismo televisionado", citou.
Veja o vídeo:
No Instagram, o deputado Kim Kataguiri disse que Célia iniciou os ataques. "O Parlamento precisa ser espaço de debate e verdade, não de agressões físicas ou intimidações. E eu seguirei firme, sem recuar", citou. A deputada mineira, por sua vez, afirmou que os parlamentares zombaram cocar, tentando deslegitimá-la enquanto parlamentar e mulher indígena.
"O cocar que carrego não é adereço. É um elemento sagrado, carregado de história, ancestralidade, espiritualidade e resistência. É a voz de muitos povos que caminham junto. Infelizmente, essa não foi a primeira nem a segunda vez que sou alvo desse tipo de violência dentro do Congresso Nacional. O que me indigna é perceber como o racismo segue sendo naturalizado nesses espaços de poder", frisou Célia.
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"Não aceitarei isso calada. Chega de racismo, intolerância e violência. Eu sou deputada federal eleita pelo povo de Minas Gerais e não vou ser silenciada em um espaço que fui escolhida para estar. Eu posso ser uma, mas não sou só", acrescentou.