O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) desembarca nesta quinta-feira (24/7) em Minas Novas, no Vale do Jequitinhonha, para uma nova rodada de anúncios do governo federal. A cerimônia, marcada para as 11h, no Parque de Eventos e Exposições, integra o Encontro Regional de Educação Escolar Quilombola do Sudeste e reúne ações interministeriais voltadas à educação, à igualdade racial, aos direitos humanos e aos povos indígenas. Será a sexta visita presidencial ao estado em menos de quatro meses.
A opção por Minas Novas foi estratégica. De acordo com o governo federal, a região foi escolhida por ser “historicamente negligenciada pelas políticas públicas federais”. Segundo o Palácio do Planalto, as iniciativas anunciadas devem extrapolar as divisas mineiras e “terão impacto nacional, com foco nos territórios tradicionalmente vulnerabilizados”.
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Além de Lula, a cerimônia contará com a presença do ex-presidente do Senado Rodrigo Pacheco (PSD-MG). Trata-se do segundo ato conjunto entre os dois em solo mineiro neste ano, o que sinaliza uma aproximação tática entre o Executivo federal e lideranças locais em meio ao progressivo distanciamento do governador Romeu Zema (Novo), ausente nas últimas agendas do petista no estado.
Ainda sem oficializar eventual candidatura ao governo de Minas em 2026, Pacheco tem intensificado sua presença no interior. A participação no evento, ao lado de Lula, reforça o movimento de ensaio político. O senador é o nome preferido do presidente e de setores do PT para a disputa estadual. A nova direção do partido, inclusive, articula uma ofensiva direta para convencê-lo a entrar na corrida eleitoral.
A última visita de Lula ao Vale do Jequitinhonha ocorreu em 2017, durante a caravana política que percorreu o estado sob o signo do reencontro com suas raízes. Desde então, os desafios permanecem: o acesso precário à água potável, a fragilidade da infraestrutura viária e a escassez de investimentos continuam a marcar o cotidiano da população local.
Ao mesmo tempo, o retorno de Lula à região se insere em um cenário de crescente tensão. Em posição cada vez mais crítica ao governo federal, Romeu Zema tem se ausentado de forma sistemática das agendas presidenciais em Minas Gerais, postura que se alinha à sua estratégia de construção de uma imagem nacional com vistas à sucessão de 2026.
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Apesar de os convites para os eventos estaduais partirem sempre do próprio presidente Lula, inclusive a adversários políticos, o Palácio Tiradentes não confirmou a presença de Zema na cerimônia. Procurado pelo Estado de Minas, o governo estadual não se manifestou até a publicação desta matéria.
A visita a Minas Novas integra uma série de agendas que o presidente tem cumprido em municípios do interior com baixos índices de desenvolvimento humano e presença significativa de comunidades tradicionais. Desde o início do ano, o governo federal tem priorizado ações em territórios historicamente vulneráveis, com anúncios voltados à educação, infraestrutura e inclusão social.
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Além de Rodrigo Pacheco, são aguardadas autoridades das bancadas do Partido dos Trabalhadores tanto na Assembleia Legislativa de Minas Gerais quanto na Câmara dos Deputados. A expectativa é de que lideranças estaduais e federais aliadas ao governo Lula participem do evento, reforçando o alinhamento político em torno das entregas federais na região e o esforço de mobilização da base em um momento de rearticulação estratégica no estado.
Foco em 2026
A expectativa é a de que o evento também sirva como termômetro político para medir o fôlego das articulações em torno de um palanque unificado em Minas para 2026. Embora o cenário ainda esteja indefinido, setores do PT e de partidos aliados avaliam que a intensificação das agendas presidenciais no estado pode fortalecer a convergência entre forças progressistas e ampliar a presença do governo federal em redutos historicamente disputados.
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Minas Gerais, segundo maior colégio eleitoral do país, tem sido tratado com prioridade pela Secretaria de Comunicação da Presidência. O estado passou de apenas duas visitas presidenciais em 2024 para cinco já confirmadas em 2025, com a sexta programada para esta quinta-feira. A frequência inédita é interpretada dentro do Planalto como movimento estratégico para reposicionar o governo federal em um território onde a oposição tem demonstrado capilaridade e crescimento.