Padilha repudia revogação dos vistos da esposa e filha: "Qual risco de uma criança?"
Ministro da Saúde definiu a medida como uma tentativa de intimidação sem relação com o Programa Mais Médicos para "quem não baixa a cabeça para Trump" e "não bate continência para a bandeira dos Estados Unidos"
compartilhe
Siga noO ministro da Saúde, Alexandre Padilha, se pronunciou sobre a suspensão dos vistos para entrada nos Estados Unidos da esposa dele e da filha de 10 anos. “Eu estou absolutamente indignado. É uma atitude de covardia que atinge uma criança e minha esposa”, afirmou em vídeo publicado nas redes sociais.
“As pessoas que fazem isso, e o clã Bolsonaro que orquestra isso, têm que explicar pro mundo inteiro qual o risco de uma criança de dez anos de idade pode ter pro governo americano”, criticou Padilha. O ministro não teve o visto revogado porque não tinha renovado o documento, expirado em 2024.
Segundo o ministro, a filha dele sequer tinha nascido quando criou o programa Mais Médicos, “com muito orgulho”, em 2013. Na quarta-feira (13/8), o governo de Donald Trump revogou os vistos de brasileiros ligados ao programa em retaliação ao país. A embaixada norte-americana afirmou que o Mais Médicos, fundado durante o primeiro governo Dilma Rousseff, foi um "golpe diplomático" e que as sanções não vão parar.
Padilha afirmou que a medida adotada pelo governo de Trump não está relacionada aos médicos cubanos que participaram do início do programa, já que os EUA não sancionaram outros países que mantêm parcerias semelhantes com profissionais de Cuba.
Leia Mais
Segundo ele, atualmente, 95% dos médicos que integram o Mais Médicos no Brasil são brasileiros. “Qual é a explicação que não tem qualquer tipo de sanção, qualquer crítica a esses outros países?”, questionou.
“Ela (a filha) não tem nada a ver com Mais Médicos, tem a ver com a tentativa de intimidar quem não baixa a cabeça para Trump, que não bate continência para a bandeira dos Estados Unidos”, continuou. Padilha destacou que, durante a infância, viveu afastado do pai devido a necessidade de exílio — nos EUA, inclusive — após ele ser torturado na época da ditadura militar no Brasil.
“A minha filha, felizmente, não corre o risco que eu tive de não poder ver meu pai até os 8 anos de idade, porque nós derrotamos esses atuais golpistas, impedindo o golpe de Estado no dia 8 de janeiro e o Brasil hoje é governado por com um democrata.”
“Presidente Lula, nós vamos defender a democracia do nosso país, continuar cuidando da saúde do povo brasileiro, independente de qualquer tentativa de intimidação, de ataque covarde que qualquer governo faça contra a minha, minha família que é forjada nessa luta e nós vamos continuar seguindo em frente”, finalizou Padilha.
A suspensão dos vistos da família foi declarada pelo Consulado Geral dos EUA em São Paulo, por e-mail. De acordo com o comunicado, o cancelamento ocorreu após surgirem informações de que a esposa e a filha do ministro não seriam mais elegíveis para o documento, que permite a entrada nos Estados Unidos.