Sargento Rodrigues critica fala de Zema sobre segurança pública em Minas
Sargento Rodrigues, presidente da Comissão de Segurança Pública, disse que Zema "não conhece a máquina pública que governa"
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Siga noO presidente da Comissão de Segurança Pública da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), deputado Sargento Rodrigues (PL), criticou duramente as políticas de segurança do governador Romeu Zema (Novo), afirmando que o chefe do Executivo demonstra desconhecimento da realidade do estado.
As críticas foram motivadas pela participação de Zema no programa Roda Viva, da TV Cultura, na segunda-feira (25/8), quando ele foi questionado sobre o aumento de homicídios, a queda no efetivo policial e os baixos investimentos em segurança pública em Minas Gerais.
Durante a entrevista, Zema foi questionado sobre o aumento dos homicídios dolosos em Minas Gerais, que cresceram 18% entre 2020 e 2024, segundo dados do Fórum de Segurança Pública, enquanto o país registrou redução de 16,5% no mesmo período, e sobre a alta de 46% na letalidade policial. Em resposta, Zema minimizou os números, comparando a situação a alguém que perde peso ao longo de anos, sugerindo que pequenas variações não desmerecem avanços maiores.
“Se alguém há sete anos atrás, quando eu entrei pesava 300 kg e agora pesa 100 kg, eu acho que essa pessoa conseguiu uma evolução considerável. Se, nesse percurso, ganhou meio quilo ou um quilo, acho que não tira o mérito do avanço do feito que ele fez”, respondeu.
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Em entrevista ao Estado de Minas, o deputado Sargento Rodrigues avalia que a fala do governador mineiro representa uma falta de conhecimento sobre a realidade da segurança pública no estado. “Não respondeu nada. Ele vem com umas historinhas completamente dissociadas da pergunta Uma alusão completamente absurda. É fato, ele não conhece nada da máquina pública que governa. Por isso enrola para dar resposta. Os números são claros: houve decréscimo no efetivo das forças de segurança e aumento da criminalidade”, disse.
Segundo o deputado, entre 2010 e 2024, a Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG) perdeu 6 mil integrantes, caindo de 48 mil para 42 mil agentes. No mesmo período, a Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) também encolheu, de 11.651 para 11.317 servidores. “O crime aumentou, o efetivo diminuiu e o investimento também caiu. Essa correlação é muito clara. Diferentemente do governador, eu sou especialista na área”, criticou.
Rodrigues também apresentou à reportagem dados sobre o avanço das facções criminosas em Minas. Segundo dados obtidos pelo parlamentar com a Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), houve o crescimento de quase 100% no número de presos ligados a organizações criminosas desde 2019, quando eram cerca de 1.900 membros de facções, para aproximadamente 2.950 em 2025.
“Se aumentou a prisão, é porque avançou o crime organizado em Minas. Ele pode falar: significa que prendeu mais’. Prendeu mais, mas isso aqui não é um bom sinal. Significa que o crime organizado está avançando”.
“Quanto à letalidade policial, isso indica, em termos percentuais e de probabilidade, que o risco de morte de policiais aumenta. E por que isso acontece? Porque, à medida que o crime organizado avança dentro do estado, o que ocorre na prática é que há mais confrontos, e, nesses confrontos, a probabilidade de policiais morrerem também aumenta”, completa.
Falta de recurso
Outro ponto levantado pelo parlamentar é o baixo aporte de recursos do Tesouro Estadual em investimentos na área. Em 2024, dos R$ 331 milhões aplicados em segurança pública, apenas R$ 110 milhões partiram do governo mineiro; o restante veio de emendas parlamentares, transferências da União e acordos como o da Vale.
Em 2023, segundo ele, os investimentos totalizaram R$ 370 milhões, dos quais R$ 84 milhões vieram do Estado. Em 2022, a contribuição estadual foi ainda menor: dos R$ 556 milhões, apenas R$ 64 milhões saíram da gestão Zema. “São migalhas. O governador fala em compra de viaturas, mas quase tudo é recurso externo, não do Estado. Aquilo é tudo dinheiro de emenda parlamentar”, afirmou.
O deputado também criticou cortes de combustível para viaturas da Polícia Civil e do Corpo de Bombeiros, admitidos pela Secretaria da Fazenda em audiência realizada na ALMG. “Ele admitiu que foi feito o corte com o decreto de contingenciamento do governador. Cabe na cabeça de quem cortar combustível da polícia? Você corta das outras áreas, mas não dá saúde e nem educação. Corta dos empresários, reduz um pouquinho o benefício fiscal, reduz cargos comissionados. Uma vergonha o tanto de cargos comissionados”, disse.
“O governador parece que não está governando Minas, não entende absolutamente nada, não respondeu a pergunta. Não enfrentou os dados que foram colocados, não explicou porque cortou gasolina das viaturas da Polícia Civil, da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros. Além disso, não respondeu porque ele, no governo dele, reduziu o efetivo, reduziu os investimentos e o crime organizado avançou em Minas Gerais”, emendou.
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Eleições 2026
Pré-candidato à Presidência da República, uma das bandeiras do governador Romeu Zema que deve guiar o tom da campanha eleitoral rumo ao Palácio do Planalto é o combate às facções criminosas e a pauta da segurança pública.
Questionado sobre a sua opinião, Sargento Rodrigues disse que o governador mineiro não teria condições de sustentar a segurança pública como bandeira política em eventual candidatura nacional. “Se ele está com essa bandeira, ele está com a bandeira errada. Aqui em Minas, a segurança vai muito mal. Ele pode levantar outra bandeira, mas essa não”, concluiu.