Em artigo no NYT, Lula rebate Trump e defende soberania brasileira
No texto, Lula afirma que o Brasil está aberto ao diálogo, mas que "a democracia e a soberania não se negociam"
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Siga noO presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) publicou neste domingo (14) um artigo no The New York Times em resposta às recentes medidas do governo dos Estados Unidos. No texto, Lula afirmou que o Brasil está aberto ao diálogo, mas que “a democracia e a soberania não se negociam”.
O recado foi direcionado a Donald Trump, que em agosto impôs tarifa de 50% sobre produtos brasileiros e justificou a decisão atacando o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF), classificado por ele como “vergonha internacional”.
Lula saiu em defesa do tribunal. Segundo escreveu, a condenação de Bolsonaro e outros envolvidos no plano golpista de 2022 foi conduzida de acordo com a Constituição de 1988. “Não se tratou de uma caça às bruxas. Houve meses de investigação que revelaram planos de assassinato contra autoridades e até um decreto para anular as eleições.”
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No artigo, Lula recupera um discurso de Trump na ONU em 2017, no qual o republicano exaltou a importância da soberania das nações. “É assim que vejo a relação entre Brasil e Estados Unidos: duas grandes nações capazes de se respeitar e cooperar”, escreveu.
Economia e tecnologia
O presidente reconheceu como legítimos os objetivos de reindustrialização dos EUA, mas criticou as tarifas contra o Brasil. “Não são apenas equivocadas, são ilógicas”, disse.
Ele também respondeu à acusação americana de que o Judiciário persegue empresas de tecnologia. “Todas as plataformas estão sujeitas às mesmas leis. Não é censura regular atividades que colocam em risco nossas famílias e crianças”, afirmou.
PIX e inclusão
Outro alvo de Washington foi o PIX. Para Trump, o sistema brasileiro prejudica empresas norte-americanas de pagamento. Lula defendeu o modelo: “O PIX possibilitou inclusão financeira de milhões de brasileiros. Não podemos ser penalizados por criar um mecanismo rápido, gratuito e seguro.”
Amazônia e clima
O governo americano também criticou a política ambiental brasileira. Lula disse que o país reduziu em 50% o desmatamento na Amazônia nos últimos dois anos e confiscou centenas de milhões de dólares ligados a crimes ambientais só em 2024.
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“O risco para a floresta não vem apenas de dentro do Brasil. Se outros países não reduzirem suas emissões, a Amazônia pode virar savana, alterando o regime de chuvas em todo o hemisfério, inclusive no Meio-Oeste dos EUA”, alertou.