Ida de Simões para o PSD para disputar o governo de MG divide partido
Vice-governador tem intenção de deixar o Novo para disputar a sucessão de Zema, mas enfrenta resistência dentro da legenda
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Siga noA anunciada filiação do vice-governador Mateus Simões (Novo) ao PSD foi criticada por integrantes da legenda, mas a maioria dos parlamentares se esquivou de se manifestar sobre a decisão que teria sido tomada pelo presidente nacional do partido, o ex-prefeito de São Paulo Gilberto Kassab. Simões busca se filiar ao PSD para garantir maior tempo no horário eleitoral gratuito e também mais recursos do fundo eleitoral para sua candidatura ao governo de Minas na sucessão do governador Romeu Zema (Novo).
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Integrante da direção executiva do PSD mineiro, o deputado federal Luiz Fernando Faria disse que a filiação de Simões, acordada na segunda-feira com Kassab, não foi comunicada pelo comando do partido. “Nem eu nem o Pacheco fomos informados”, disse, referindo-se ao senador Rodrigo Pacheco, cotado para ser candidato do PSD ao governo de Minas.
Faria contou que se encontrou com Gilberto Kassab em Brasília, mas o dirigente nacional não comentou a decisão de aceitar a filiação de Simões. “Ele me viu, mas fingiu que não”, disse, considerando a situação constrangedora para Pacheco.
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Para o parlamentar, há desrespeito com lideranças do partido, incluindo o ministro Alexandre Silveira, filiado desde 2011 e que apoia a candidatura de Pacheco com o apoio do presidente Lula. O senador não comentou a possível filiação de Simões, prevista até o fim de outubro. “É muito constrangedor para o Rodrigo Pacheco, um dos nomes mais importantes da legenda em nível nacional”, criticou Faria.
Procurado, o presidente do PSD mineiro, deputado estadual Cássio Soares, não quis comentar a provável filiação. Para um integrante do partido, o anúncio extraoficial foi um balão de ensaio de Kassab para sentir o clima no estado, tanto dentro da legenda quanto entre a esquerda e a extrema direita, adversários e aliados de Simões. “Acho que a decisão desagradou todos os lados”, afirmou.
Alianças
Sem um nome próprio para disputar o governo de Minas, a esquerda aposta em Pacheco, em aliança com o centro. A extrema direita tem dois nomes cotados: senador Cleitinho (Republicanos) e deputado Nikolas Ferreira (PL).
Simões trabalha para obter apoio do PL e do Republicanos. Logo após a divulgação do acordo entre Kassab e Simões, Nikolas lançou uma enquete em suas redes sociais questionando qual cargo deveria disputar: Câmara ou governo de Minas. Para a legenda, foi um recado para o movimento de Simões rumo a uma aliança com o centro.
A prefeita de Lavras, Jussara Menicucci, disse que não sabia que a filiação de Simões estava definida. Ela afirmou que Pacheco tem apoio de muitos prefeitos e que a situação é desconfortável para ele dentro do partido. “O Pacheco ajudou muito os prefeitos e acho que isso tudo é muito constrangedor para ele”, lamentou.
Segundo integrantes do PSD, não há mais espaço para Pacheco no partido, e ele deve se filiar a outra legenda, possivelmente PSB ou MDB. A ida de Simões ao PSD vinha sendo ensaiada há meses, mas o sinal mais claro foi sua presença no encontro estadual de prefeitos, em 15 de setembro, em Belo Horizonte, ao lado de Kassab.
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Na ocasião, Pacheco não compareceu, e Simões discursou e posou para fotos com integrantes da legenda. Ele disse ter sido convidado por Kassab e lembrou que o PSD é o maior partido da base de Zema na Assembleia Legislativa de Minas Gerais. Procurado, o presidente do Novo, Christopher Laguna, não respondeu ao pedido de entrevista.