Em reunião virtual na manhã desta segunda-feira (8/9) com líderes do Brics, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse que os países que compõem o bloco são "vítimas" de práticas comerciais ilegais e "chantagem tarifária". O discurso de Lula não foi transmitido. O texto foi distribuído por sua assessoria de comunicação, depois do fim da reunião. O encontro virtual foi organizada por Lula, que assumiu no começo deste ano o comando do Brics, grupo de países emergentes, fundado em 2009, que inclui Brasil, Rússia, China, Índia, África do Sul, Emirados Árabes Unidos, Egito, Arábia Saudita, Etiópia, Indonésia e Irã.
“A chantagem tarifária está sendo normalizada como instrumento para conquista de mercados e para interferir em questões domésticas. A imposição de medidas extraterritoriais ameaça nossas instituições. Sanções secundárias restringem nossa liberdade de fortalecer o comércio com países amigos. Dividir para conquistar é a estratégia do unilateralismo”, afirmou.
Leia Mais
O presidente defendeu o comércio e a integração financeira entre os países do Brics como forma de mitigar “os efeitos do protecionismo”.
Para Lula, o grupo tem “a legitimidade necessária para liderar a refundação do sistema multilateral de comércio em bases modernas, flexíveis e voltadas às nossas necessidades de desenvolvimento”.
Em seu discurso, Lula citou o papel do Novo Banco de Desenvolvimento (banco do Brics) na diversificação das bases econômicas entre os países.
- Frente a Trump, Brics rejeita o protecionismo
- Xi insta Brics a 'resistir a todas as formas de protecionismo'
“Juntos, representamos 40% do PIB global, 26% do comércio internacional e quase 50% da população mundial. Temos entre nós grandes exportadores e consumidores de energia. Reunimos as condições necessárias para promover uma industrialização verde, que gere emprego e renda em nossos países, sobretudo nos setores de alta tecnologia. Reunimos 33% das terras agricultáveis e respondemos por 42% da produção agropecuária global”, disse.
Para o presidente brasileiro, a crise de governança “não é uma questão conjuntural” e cabe ao Brics mostrar que a cooperação “supera qualquer forma de rivalidade”.
“A Organização Mundial do Comércio (OMC) está paralisada há anos. Em poucas semanas, medidas unilaterais transformaram em letra morta princípios basilares do livre comércio como as cláusulas de Nação Mais Favorecida e de Tratamento Nacional. Agora assistimos ao enterro formal desses princípios. Nossos países se tornaram vítimas de práticas comerciais injustificadas e ilegais”, disse.
Durante seu discurso, o presidente da China, Xi Jinping, também falou sobre a criação da Iniciativa de Governança Global (IGG), possível embrião de uma nova ordem mundial.
A proposta foi divulgada durante encontro no início do mês com a presença de 20 líderes de países não ocidentais, incluindo o russo Vladimir Putin e o indiano Narendra Modi.
Guerras e COP30
Em seu discurso, Lula ainda abordou o “fracasso” mundial na solução de conflitos entre os países, como a guerra na Ucrânia e genocídio na Faixa de Gaza.
“Quando o princípio da igualdade soberana dos Estados deixa de ser observado, a ingerência em assuntos internos se torna prática comum. A solução pacífica de controvérsias dá lugar a condutas belicosas”, disse.
Siga nosso canal no WhatsApp e receba notícias relevantes para o seu dia
(Agência Brasil)