Eduardo Bolsonaro: 'Sem anistia, não haverá eleição em 2026'
Deputado retoma tom golpista semanas após a condenação de Jair Bolsonaro (PL) por tentativa de golpe de Estado; clima político para anistia, no entanto, é inexistente
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O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) retomou o tom golpista que marcou o governo de seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), e disse, nesta quinta-feira (2/10), que não haverá eleição em 2026 se o Congresso não aprovar uma anistia.
“Anistia é o mínimo, a defesa tolerável da democracia. Querer flexibilizar a anistia soa como suavizar a vida de ditadores, que só respeitam o que temem”, argumentou o parlamentar, que está nos Estados Unidos desde janeiro para pleitear sanções ao Brasil.
Na última segunda-feira (29/9), Eduardo chegou a publicar um vídeo para pressionar deputados de direita a ressuscitar a discussão pela anistia, que foi substituída pelas articulações por uma revisão das penas dos golpistas do 8 de janeiro que pode beneficiar Bolsonaro.
O filho 03 do ex-presidente afirmou que o texto “condena ao exílio perpétuo todos aqueles perseguidos por (Alexandre de) Moraes” e criticou a estratégia de alguns deputados de votar favoravelmente ao relatório do PL da Dosimetria para tentar alterá-lo nos destaques (trechos votados em separado).
“Os deputados que defenderem a estratégia de lutar pelos destaques, a fim de se alcançar a anistia, estão mentindo para você. Ou, no mínimo, morderam a isca dos opositores da anistia, porque não teremos votos para aprovar os destaques. (...) Cobre o seu deputado. Dosimetria, não. Destaque, não. Só anistia no texto-base”, afirmou.
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Obstáculo
Como o Correio mostrou na semana passada, a postura inflexível de Eduardo na defesa da anistia e as críticas a um projeto de redução de penas para os golpistas do 8 de janeiro têm causado dor de cabeça para figuras da direita no Congresso e para aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Apesar de os irmãos de Eduardo também defenderem publicamente uma anistia que inclua Bolsonaro, o deputado foi quem ameaçou com sanções os presidentes da Câmara e do Senado, que nas últimas semanas demonstraram descontentamento com as pressões do parlamentar.
Afirmou, também, que seria candidato ao Planalto em 2026, mesmo contra a vontade do pai, o que tem atrapalhado a vida de potenciais candidatos do campo da direita para o ano que vem.
O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, chegou a dizer em 19 de setembro que Eduardo ajudaria a matar o pai se lançasse sua candidatura. O deputado reagiu. Comentou que o comentário do cacique foi uma “canalhice”.
Sem anistia
Apesar da pressão, se algum texto sobre o assunto prosperar, será uma versão light daquela defendida por bolsonaristas nos últimos meses e não servirá para livrar o ex-presidente Jair Bolsonaro da prisão. Mesmo assim, o clima político não é favorável.
Na semana passada, o relator do PL da Dosimetria, deputado Paulinho da Força (Solidariedade-SP), disse ao Correio que só apresentaria seu parecer depois de resolvido um impasse político entre Câmara e Senado.
O impasse teve duas frentes: a derrubada, pelo Senado, da PEC da Blindagem aprovada pela Câmara; e a aprovação, na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), também do Senado, de uma proposta idêntica à isenção do IR relatada pelo senador Renan Calheiros (MDB-AL).
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Soma-se a isso o fato de o presidente Hugo Motta (Republicanos-PB) querer se distanciar de pautas impopulares depois de o Congresso ter sido alvo de protestos em todo o país em 21 de setembro. Parte desse esforço foi a aprovação da isenção do IR na quarta (1º).
Paulinho da Força segue conversando com partidos, mas ainda não há qualquer definição de quando o tema vai prosperar.