Lula sobre Carla Zambelli: 'Nem lembrava desse nome'
Durante viagem à Itália, onde a deputada está presa, presidente disse que a bolsonarista "vai pagar pelo erro que fez, aqui (na Itália) ou no Brasil"
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Em viagem oficial à Itália, onde a deputada federal Carla Zambeli (PL-SP) está detida desde julho, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta segunda-feira (13/10) que “nem se lembrava desse nome” e declarou que a aliada do ex-presidente Jair Bolsonaro “vai pagar pelo erro que fez, seja aqui ou no Brasil”.
A resposta foi dada a jornalistas durante entrevista coletiva em Roma, após compromissos com o papa Leão XIV e autoridades da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO). Questionado sobre a situação da parlamentar, Lula evitou se estender, mas não poupou críticas à postura da deputada.
“Nem lembrava desse nome. Se você não pergunta, eu nem sabia que ela estava aqui ou não. Para mim, é uma pessoa que não merece respeito de quem ama a democracia. Ela vai pagar pelo erro que fez. Ou aqui ou no Brasil. Portanto, é uma questão de Justiça, não é uma questão minha”, disse o presidente, em tom de desdém.
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A fala veio no mesmo país em que Zambelli tenta evitar a extradição. Presa em Roma desde julho, a deputada está sob custódia das autoridades italianas, que avaliam o pedido formal feito pelo governo brasileiro em junho. O processo envolve uma série de crimes pelos quais a parlamentar foi condenada no Brasil.
Fuga para a Itália
Zambelli deixou o Brasil em maio deste ano, após ser condenada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a dez anos de prisão pela invasão ao sistema eletrônico do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), em 2023. Segundo as investigações, ela foi a autora intelectual do ataque cibernético que resultou na emissão de um falso mandado de prisão contra o ministro Alexandre de Moraes.
O hacker Walter Delgatti Neto, conhecido como “hacker da Vaza Jato”, confirmou ter executado a invasão a mando da deputada. Ele também foi condenado, enquanto Zambelli teve, além da pena de prisão, a obrigação de pagar R$ 2 milhões em indenizações por danos coletivos.
Com dupla cidadania, a bolsonarista viajou para a Itália antes que o mandado de prisão fosse cumprido. Em julho, foi detida no apartamento onde vivia em Roma, após a inclusão de seu nome na lista vermelha da Interpol.
O governo brasileiro, por meio do Ministério da Justiça e do Itamaraty, oficializou o pedido de extradição em 11 de junho. Desde então, o caso está sob análise das autoridades italianas, que ainda não definiram se Zambelli será enviada de volta ao país.
Mesmo já condenada e foragida, a deputada voltou a ser alvo de decisão judicial em agosto, quando o STF finalizou o julgamento de outro processo. Neste caso, foi o episódio em que Zambelli sacou uma arma e perseguiu o jornalista Luan Araújo, em São Paulo, às vésperas do segundo turno das eleições de 2022.
Na ocasião, ela foi condenada a cinco anos e três meses de prisão por porte ilegal de arma e constrangimento ilegal com uso de arma de fogo. As imagens da deputada armada correndo atrás do jornalista viralizaram nas redes sociais e marcaram o acirramento político do período eleitoral.
Mesmo longe de Brasília e formalmente de licença médica, Zambelli manteve sua atuação orçamentária. Levantamento recente mostra que a parlamentar empenhou R$ 18,2 milhões em emendas individuais neste ano, boa parte delas após o decreto de sua prisão. Ao todo, são 19 ausências registradas na Câmara, todas justificadas.
Lula em Roma
A passagem de Lula pela Itália teve agenda intensa. Acompanhado da primeira-dama, Rosângela da Silva, a Janja, o presidente desembarcou em Roma no domingo (12/10). O primeiro compromisso oficial foi a audiência com o papa Leão XIV, primeiro encontro entre os dois desde que o pontífice assumiu o Vaticano em maio.
Desde o início de seus mandatos, essa é a terceira vez que Lula é recebido por um papa como chefe de Estado. Antes, esteve com Bento XVI em 2008 e com Francisco em 2023. No mesmo dia, participou da cerimônia de abertura do Fórum Mundial da Alimentação, na sede da FAO, que celebra 80 anos de fundação.
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O presidente também discutiu a expansão da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, iniciativa brasileira lançada durante o G20 do Rio, no ano passado. Ele retorna ao Brasil ainda nesta segunda-feira.