'DELIRIUM'

Medicamentos de Bolsonaro são seguros, mas podem alterar consciência

Jair Bolsonaro (PL) disse que tentou abrir a tornozeleira eletrônica na sexta-feira (21/11) porque teve uma 'certa paranoia'

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FOLHAPRESS - A combinação de sertralina e pregabalina, medicamentos que o ex-presidente Jair Bolsonaro, de 70 amos, afirma tomar é segura e comumente usada em pacientes idosos, mas, em situações específicas, pode causar episódios de delirium, que na psiquiatra é entendido como alteração da atenção, da cognição e do nível de consciência.

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Ao passar por audiência de custódia neste domingo (23/11) na superintendência da Polícia Federal em Brasília, Bolsonaro (PL) disse que tentou abrir a tornozeleira eletrônica na sexta-feira (21/11) porque teve uma "certa paranoia" devido ao uso dos remédios e que só "caiu na razão" à meia-noite.

A sertralina é um antidepressivo da classe do tipo ISRS (inibidor seletivo de recaptação de serotonina) indicada para depressão, ansiedade, transtorno do pânico, transtorno de estresse pós-traumático (TEPT), fobia social e transtorno obsessivo-compulsivo (TOC). Já a pregabalina é um medicamento da classe dos anticonvulsivantes, tem efeito ansiolítico e também é utilizada para a dor crônica.

"O que se tem na literatura é que a consequência maior da interação entre um inibidor seletivo de recaptação de serotonina, como a sertralina, e a pregabalina é um quadro chamado de hiponatremia, que é a redução de sódio no organismo. Isso pode causar confusão mental e até coma, em casos graves", afirma o psiquiatra Ricardo Castilho, colaborador e mestrando do Amban do IPq-HCFMUSP (Ambulatório de Ansiedade do Instituto de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo).

Castilho ressalta que, antes de atribuir o delírio ou paranoia à interação medicamentosa, é preciso descartar, especialmente em um paciente idoso, a presença de uma causa clínica como a hiponatremia, uma infecção ou até desidratação. Em relação aos remédios que o ex-presidente afirma tomar, seria preciso saber se houve superdosagem ou se o paciente parou de tomá-los ou aumentou a dose por conta própria. 

O psiquiatra Rodrigo Fonseca Martins Leite, professor colaborador do Instituto de Psiquiatria da USP, reforça que o uso da medicação combinada é segura e raramente pode causar um quadro de alucinação, como o descrito pelo ex-presidente.

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"Não sei exatamente qual foi a indicação para o Bolsonaro. É lógico que precisa ser periciado, não é uma coisa para se afirmar sem ver o paciente, mas é muito pouco provável que essa interação justifique um comportamento organizado como o que o ex-presidente apresentou, de pegar um soldador. Isso exige uma organização cognitiva muito grande para que o indivíduo faça essa operação. Coisa que não é compatível com um efeito de confusão mental que eventualmente poderia acontecer se a medicação estivesse em altíssima dose", afirma.

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