Prefeitos e entidades mineiras lançaram uma ofensiva para destravar o processo de duplicação da BR-381. O grupo pressiona a bancada federal de Minas a garantir R$ 650 milhões no Orçamento de 2026 para concluir o trecho entre Caeté (MG) e Belo Horizonte (MG), o ponto mais crítico da chamada “Rodovia da Morte”.
Segundo apurou o Estado de Minas, o deputado Igor Timo (Podemos-MG) tem articulado, dentro da bancada federal mineira, que a duplicação seja tratada como emenda estruturante do estado. A proposta é que Minas apresente um pedido unificado e tecnicamente viável, somando forças entre deputados e senadores.
A pressão sobre os parlamentares é coordenada pelo Movimento Pró-Vidas da BR-381, liderado por Clésio Gonçalves, e mira o trecho de 29 quilômetros que liga Caeté à capital. O grupo defende que o valor de R$ 650 milhões seja incorporado ao orçamento do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit). A conta, detalhada pelo movimento, prevê R$ 350 milhões para as obras, R$ 150 para desapropriações e R$ 150 milhões para reassentamento de famílias. Além da bancada em Brasília, a mobilização também ganhou eco na Assembleia Legislativa de Minas, onde deputados estaduais têm promovido audiências e manifestos de apoio à campanha.
O movimento reúne prefeitos e lideranças políticas, como o prefeito de Timóteo (MG), Capitão Vitor; o ex-prefeito de Sabará (MG), Wander Borges; o vice-presidente da Fiemg Regional Vale do Aço, João Batista Alves; o prefeito de Governador Valadares (MG), Coronel Sandro; o presidente da Ardoce, Rafael França; o do Setcemg, Antônio Luís da Silva Júnior; o do Crea-MG, Marcos Gervásio; e prefeitos de São Gonçalo do Rio Abaixo (MG), Itabira (MG) e João Monlevade (MG), além de sindicatos como o Metabase e a Fetcemg.
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Para Clésio Gonçalves, a BR-381 “é a obra estruturante mais importante de Minas Gerais” e, sem orçamento definido, o estado corre o risco de perpetuar um gargalo logístico que compromete sua economia e a segurança de milhares de motoristas. “A duplicação é uma questão de vida, de segurança e de desenvolvimento. O estado precisa se unir para transformar essa promessa em realidade”, afirma.
Orçamento
A ofensiva em busca de recursos acontece no momento em que o Congresso Nacional discute a distribuição das emendas coletivas de bancada entre os estados. Cada bancada pode indicar o destino de uma fatia igual do orçamento, cerca de R$ 520 milhões por unidade federativa em 2025, dentro de um total nacional de R$ 14,3 bilhões.
Como o valor solicitado para a BR-381 ultrapassa a cota padrão mineira, os articuladores preparam uma engenharia política para complementar os recursos por meio de emendas individuais, de comissão e negociações diretas com o Ministério dos Transportes e o Dnit. Nos bastidores, o movimento pretende envolver também o Ministério da Fazenda e a Casa Civil.
Novela
Trecho da BR-381, entre BH e Caeté, é considerado o mais crítico da rodovia, com engarrafamentos diários e muitos acidentes
Apesar de o trecho entre Caeté e Governador Valadares já ter obras contratadas pela concessionária Nova 381, o segmento Caeté-Belo Horizonte segue sem execução e é apontado como o mais perigoso da estrada, concentrando o maior número de acidentes e congestionamentos. A rodovia conecta os polos industriais e minerários do estado – como o Vale do Aço e o Médio Piracicaba – à capital, sendo eixo estratégico para o escoamento da produção para o porto de Vitória.
Desde os anos 1990, a duplicação acumula promessas e interrupções. Em 2013, parte dos lotes chegou a ser licitada, mas acabou judicializada. Em 2024, o Ministério dos Transportes retomou o planejamento para o trecho Caeté-BH e iniciou a elaboração de novos projetos executivos. A expectativa do Dnit é concluir as obras até 2028, mas o cronograma depende da inclusão dos recursos no orçamento de 2026.
Mais de 30 municípios já aderiram oficialmente à campanha, que adotou o lema “Sem orçamento, não há obra. Sem obra, não há salvação”. A meta, agora, é transformar a antiga Rodovia da Morte na futura “Rodovia da Vida”, repetem os organizadores do movimento.
REASSENTAMENTO
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Foi assinado na sexta-feira (7/11) o acordo que formaliza a cessão de uma área pública para reassentar aproximadamente 2 mil famílias que serão removidas das margens da BR-381 devido às obras de duplicação da rodovia. O compromisso foi firmado entre o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), a Prefeitura de Belo Horizonte e o Tribunal Regional Federal da 6ª Região (TRF-6). As famílias serão reassentadas em um terreno de 2,2 milhões de metros quadrados no Bairro Capitão Eduardo, na Região Nordeste da capital, em construções que serão viabilizadas por meio do programa Minha Casa, Minha Vida.
