Dois vereadores de Uberlândia, no Triângulo Mineiro, apresentaram um pedido de cassação do mandato do vice-prefeito do município, Vanderlei Pelizer (PL), na Câmara Municipal, nesta segunda-feira (17/11). Professor Ronaldo e vereador Dr. Igino, ambos do PT, alegam ataque a direitos humanos por conta de um vídeo em que o vice critica uma exposição sobre racismo, que acontece no Centro Administrativo de Uberlândia.
O vídeo foi divulgado por Pelizer em suas redes sociais e fala sobre apresentações feitas na Mostra Visualidades, promovida com atividades sobre o tema racismo, que vão até 21 de novembro.
Pelizer alega que existe constrangimento e "lavagem cerebral" de estudantes por parte de professores e coordenadores escolares do próprio município. "Racismo tem que ser eliminado. Isso pra nós é muito caro. O que nós não podemos aceitar é uma lavagem cerebral realizada, muitas vezes, em nossas crianças. E pior, por coordenadores ou professores, muitas vezes orientadores, despreparados, que não sabem nem explicar aquilo que está se ensinando", diz o político na publicação.
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O vice-prefeito mostra um aluno recitando um poema sobre empoderamento e aborda uma mulher, que parece ser profissional da educação municipal, questionando o que seria esse empoderamento. Ele discorda da resposta da mulher. Em outro momento, afirma que as crianças teriam sido constrangidas. Outra mulher discorda dele, e o vice-prefeito responde: "O que você acha não me interessa".
Cassação
Os parlamentares que pedem a cassação de Vanderlei Pelizer apontam que ele "feriu gravemente a dignidade do cargo, atentando contra princípios da administração pública, como legalidade, moralidade e respeito aos direitos humanos, além de expor o município a constrangimento público e institucional".
Ronaldo e Igino afirmam ainda que houve distorção de políticas públicas de igualdade racial e ofensas a servidores da Educação. Os vereadores encaminharam o caso ao Ministério Público de Minas Gerais.
O que disse o vice-prefeito
Por meio de nota, o vice-prefeito de Uberlândia afirmou ser "totalmente contra aqueles que, em vez de ensinar, tentam doutrinar crianças com pautas comunistas, ideologias de esquerda ou agendas político-partidárias. Professor tem que ensinar sua matéria, preparar o aluno para a vida, formar cidadãos, e não transformar sala de aula em palanque ideológico e político".
Ele aponta que a situação se tornou uma tentativa de politizar opiniões e transformar divergências democráticas em ataques pessoais.
"Mais um pedido de cassação movido contra minha pessoa apenas confirma aquilo que a população já percebe: há um grupo que não aceita o livre debate, não suporta opinião divergente e tenta silenciar quem pensa diferente. Para eles, quem discorda deve ser eliminado do debate público — uma postura que afronta diretamente o maior princípio democrático: a liberdade de expressão e o confronto saudável de ideias", diz Pelizer na manifestação.
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A Prefeitura de Uberlândia informou que, por se tratar de uma questão própria de Pelizer, não cabe manifestação municipal.
Segundo pedido
Em julho, a Câmara Municipal de Uberlândia arquivou um pedido de cassação contra o vice-prefeito, também movido por Dr. Igino. A tentativa de retirada de Pelizer do Executivo tinha relação com a viagem que ele fez a Israel com um grupo de outros prefeitos e vices em junho.
Ele alegava que Pelizer não poderia estar fora de Uberlândia por tempo maior que o permitido sem autorização do Poder Legislativo, de acordo com a Lei Orgânica do Município.
Na votação na Câmara, 16 vereadores rejeitaram o pedido e apenas três votaram favoravelmente. Sete parlamentares não votaram. Todos os vereadores marcaram presença na sessão de julho.
Nota completa de Pelizer:
Diante da recente tentativa de politizar opiniões e transformar divergências democráticas em ataques pessoais, o vice-prefeito Vanderlei Pelizer vem a público afirmar que:
Carrego com orgulho os ensinamento das professoras e professores que contribuíram para minha formação. Sou apaixonado pela educação e pela nobre missão de ensinar — missão esta que sempre defendi com firmeza. Não por acaso, sou um apoiador convicto dos colégios cívico-militares, onde o professor é respeitado, valorizado e protegido, tendo ao seu lado a segurança necessária contra alunos que, infelizmente, já não respeitam mais a autoridade do educador.
Todavia, como vice-prefeito reafirmo: Sou totalmente contra aqueles que, em vez de ensinar, tentam doutrinar crianças com pautas comunistas, ideologias de esquerda ou agendas político-partidárias. Professor tem que ensinar sua matéria, preparar o aluno para a vida, formar cidadãos, e não transformar sala de aula em palanque ideológico e político.
É contra esse tipo de atuação, que desvirtua a essência da educação, que tenho me levantado — sempre de forma clara, aberta e dentro do direito constitucional de crítica e opinião. Isso se chama democracia.
Por isso, mais um pedido de cassação movido contra minha pessoa apenas confirma aquilo que a população já percebe: há um grupo que não aceita o livre debate, não suporta opinião divergente e tenta silenciar quem pensa diferente. Para eles, quem discorda deve ser eliminado do debate público — uma postura que afronta diretamente o maior princípio democrático: a liberdade de expressão e o confronto saudável de ideias.
Reforço que seguirei firme, com a consciência tranquila e o compromisso intocável com Uberlândia, com a educação de verdade e com a defesa da democracia — aquela que existe para todos, não apenas para quem pensa igual.
"Ser odiado por uma cambada de imbecis é o preço que se paga por não ser um deles".
Vanderlei Pelizer
Vice Prefeito de Uberlândia
