Depois de visita ao ex-presidente Jair Bolsonaro, nesta sexta-feira (21/11), o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) sinalizou que não será candidato ao governo de Minas. O parlamentar disse que não houve nenhum pedido para que ele lançasse uma candidatura ao Palácio Tiradentes, movimento que, até então, estava condicionado justamente ao aval do ex-dirigente.
Em conversa com jornalistas em Brasília, o parlamentar citou números, alcance digital e posição nas pesquisas para explicar que não se trata de falta de viabilidade eleitoral, mas de cálculo sobre os riscos do movimento.
“Hora nenhuma ele (Jair Bolsonaro) me pediu para ser candidato ao governo de Minas, pelo contrário. Talvez seja loucura o que eu vou falar aqui agora. Mas qualquer político se candidataria no meu local. Eu estou em primeiro nas pesquisas, tenho a rede social mais forte do Brasil em âmbito político. Tenho vigor, juventude, mas creio que eu posso trocar o presente pelo futuro porque é necessário ter estrutura para poder enfrentar aquilo que eu iria enfrentar”, disse.
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O parlamentar também justificou o recuo pelo quadro de incerteza que envolve a direita nacional. A iminência de definição judicial contra Bolsonaro, que já cumpre prisão domiciliar desde agosto e aguarda a análise dos embargos no Supremo Tribunal Federal (STF), provoca uma paralisia nas articulações, diz ele.
O campo da extrema direita ainda não sabe quem ocupará a vaga que seria do ex-presidente na corrida presidencial de 2026. Na entrevista, o deputado citou a complexidade de Minas dentro desse desenho. Destacou que o estado é decisivo e que, sem uma referência nacional clara, eventuais alianças ficam suspensas.
“Quem será o presidente da República? A gente não sabe, então isso dificulta as articulações com os outros demais partidos”, resumiu. “O governo de Minas é complexo, a gente sabe que é um estado que precisa continuar não tendo o PT ali à frente de Minas Gerais e a gente sabe que o cenário está difícil por conta dessas indefinições”, completou.
Defesa de Bolsonaro
Na iminência da prisão de Bolsonaro, Nikolas relatou preocupação com o estado de saúde do ex-presidente, que está fragilizada pelo atentado sofrido em um comício durante campanha eleitoral em 2018.
“O presidente está numa situação que confesso, se for para cadeia, eu acho que tem dificuldade de permanecer vivo. Ele está com a mente forte, mas o corpo dele, fisicamente, passa por dificuldades, principalmente por causa da facada. Está com bastante crise de soluço, inclusive essa noite praticamente não dormiu”, disse.
Ele contou que, na véspera do encontro, Bolsonaro dormiu no chão ao lado do filho Carlos, por conta das persistentes crises de soluço. Segundo o deputado, Bolsonaro vive momento de grande desgaste emocional e sente humilhação diante do processo. A avaliação é de que o tratamento recebido não encontra paralelo entre outros presidentes.
Na conversa, voltou a criticar a condenação por tentativa de golpe e a inelegibilidade decorrente da reunião com embaixadores. “É inacreditável que tiraram o cara na mão, no tapetão”, disse, ao comentar a decisão judicial.
Nikolas relatou ainda que levou doces mineiros ao ex-presidente e ficou por um longo tempo no local, junto com Flávio e Carlos Bolsonaro, discutindo os próximos passos. Nada, porém, com caráter definitivo, já que todos aguardam o desenrolar jurídico.
“Ninguém está conformado em estar preso. A gente enfrenta a prisão, ele da mesma forma. Ele está com a mentalidade de o que tiver que acontecer nós vamos enfrentar. Agora, é óbvio, sempre com o sentimento de muita injustiça, com o sentimento de humilhação”, comentou.
A saúde do ex-presidente se tornou o principal argumento de aliados para tentar evitar a transferência para algum presídio. Nesta sexta, a defesa do ex-presidente pediu ao ministro Alexandre de Moraes que ele permaneça em prisão domiciliar, às vésperas do fim do processo da trama golpista na corte.
No documento, os advogados argumentam que a mudança para regime fechado representaria “risco à vida” e anexaram relatórios médicos para reforçar o pedido.
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Bolsonaro, segundo a defesa, teve três episódios que exigiram atendimento hospitalar desde que foi preso em casa. A alegação da defesa é de que o ex-presidente não conseguirá ter o acompanhamento médico adequado no presídio e, portanto, pode falecer. O prazo final dos embargos termina na segunda-feira (24/11), depois disso, o cumprimento da pena em regime fechado pode ser decretado.
