Normalmente cuidadosa nas declarações públicas, a ministra do Planejamento Simone Tebet adotou um tom mais enfático ao comentar os dois temas mais espinhosos da semana: a taxação de grandes fortunas e o tarifaço anunciado por Donald Trump contra produtos brasileiros. Os gestos chamaram atenção, sobretudo porque Tebet — cotada para disputar o Senado em 2026 — vinha mantendo um perfil mais técnico dentro do governo.
Na terça-feira (8/7), em audiência na Comissão Mista de Orçamento, Tebet defendeu a criação de um imposto mínimo de 10% sobre grandes fortunas, em nome da justiça fiscal. A ministra reconheceu o caráter simbólico do gesto, mas fez questão de destacar sua convicção.
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“Se isso for ser de esquerda, eu, que nunca fui de esquerda, tenho que me considerar de esquerda”, disse. A frase repercutiu entre parlamentares governistas e foi celebrada como um sinal de alinhamento com a pauta da reforma tributária no eixo da redistribuição.
Dois dias depois, nesta quinta-feira (10/7), a ministra reagiu ao anúncio do presidente Trump sobre a imposição de tarifas de 50% sobre os produtos brasileiros. Em publicação nas redes sociais, a ministra fez uma defendeu a soberania nacional, em um discurso que mirou diretamente setores da oposição.
“Não se xinga a mãe, não se recorre a outros quintais, outros países, para atacar a nossa soberania nacional. Ninguém pode, em benefício próprio, abrir os portões da nossa casa coletiva, para que ela seja atacada”, afirmou.
Integrante da elite política do país, e ligada ao agronegócio, a titular do Planejamento pisca para a esquerda e encampa o discurso nacionalista com posições que terão repercussão em 2026. Internamente, o MDB observa com atenção os movimentos da ministra, que pode vir a ser uma opção competitiva ao Senado por Mato Grosso do Sul no ano que vem.
O tom mais enfático em temas de apelo social e com apelo à soberania é visto como um ativo político. Por ora, o que se nota é uma calibragem sutil no perfil público: firmeza nos temas sensíveis, sem abrir mão do equilíbrio que a caracteriza como voz moderada no governo.