Planalto definirá se proposta de agência antimáfia vai vingar
Decisão sobre proposta agência antimáfia do Ministério da Justiça será do Planalto
compartilhe
Siga noO texto de uma proposta de reforço ao combate ao crime organizado no Brasil, que está em gestação no Ministério da Justiça, ainda não está fechado. Tampouco está definido se incluirá a criação de uma agência antimáfia.
A proposta inicial em elaboração pelo ministério previa a criação de uma agência especial, que reuniria todas as polícias, Ministérios Públicos, Receita Federal e Coaf. “Está em discussão se haverá ou não uma agência”, afirmou à coluna o secretário Nacional de Segurança Pública do ministério, Mario Sarrubbo (foto).
O secretário, no entanto, disse desconhecer pressões contrárias à agência, inclusive por parte da Polícia Federal. “A PF foi ouvida, fez observações e fará outras”, sustentou.
Sarrubbo reforçou a necessidade de uma política pública, baseada em inteligência de dados, para combater essas organizações criminosas. A proposta é aumentar e endurecer o cumprimento de penas, com maior punição para líderes dessas organizações criminosas.
Sarrubbo explicou que o ministro Ricardo Lewandowski ainda fará reunião para alinhar posições e dar o “tom final” do texto, a ser encaminhado ao Palácio do Planalto, a quem caberá a decisão quanto ao encaminhamento para o Congresso.
Sarrubbo disse à coluna que está otimista com a possibilidade de aprovação da PEC de Segurança Pública, em debate na Câmara.
Para o secretário, a integração e a unificação das polícias tornarão mais eficiente o combate ao crime. “A PEC permite chegarmos a uma forma estruturada, determinada pela Constituição, que vai propiciar um registro criminal único, um banco de dados único, tornando mais eficiente a produção de dados e a elaboração das políticas públicas.”
Os estados atualmente adotam registro de ocorrências sem uniformização. “Gosto de dar o exemplo de registro de roubo de lanche entregue por motos de aplicativos. Há casos em que o fato é registrado como roubo de carga”, disse ele, explicando que o superdimensionamento dos registros dificulta a produção de estatísticas. “Não é que cada estado precise mudar seu sistema, mas a gente precisa de dados uniformizados para prever políticas públicas e isto está previsto na PEC”.
A integração e a unificação das polícias, disse o secretário, permitirão que a inteligência ajude os estados na montagem de planos de prevenção ou enfrentamento da criminalidade.
“Aqui a gente tem a inteligência; então quando você percebe determinado tipo de crime acontecendo em um estado, todos devem saber e se preparar”. A falta de articulação, permitiu, exemplificou Sarrubbo, que o crime organizado tenha migrado do Rio de Janeiro e São Paulo para o Nordeste.
O secretário disse ver com naturalidade mudanças propostas pelo Congresso. Na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara foi retirado do texto o trecho em que se atribuía à União competência privada para legislar sobre normais gerais de segurança.
“Não há problema”, sustentou. “Quando a gente fala em uma coordenação da União, é a gente estabelecer padrões mínimos; não há interferência na competência dos estados”, sustentou. “A ideia é construir, pelo diálogo, as diretrizes mínimas, tendo a União o papel de difundir e até financiar essas políticas públicas.”