Redução dos juros: a reação dos interlocutores de Galípolo às declarações de Haddad
Pessoas próximas ao presidente do Banco Central avaliam que o ministro da Fazenda pode manifestar sua opinião sobre a Selic. Eles explicam também como o Copom trata os "ruídos políticos" nas decisões que toma
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Siga noInterlocutores do presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, ouvidos pelo PlatôBR colocaram panos quentes nas declarações do ministro Fernando Haddad (Fazenda) nesta terça-feira, 17, sobre a possibilidade de queda sustentável da taxa de juros “nos próximos meses”.
Haddad retomou a carga sobre o BC pela redução dos juros durante participação por videoconferência em evento do Banco J.Safra. Naquele exato momento, às 10h08, Galípolo se preparava para entrar na primeira sessão do Copom (Comitê de Política Monetária) para a definição da Selic.
Pessoas próximas ao chefe do BC afirmaram que o desejo de Haddad pela redução de juros é legítimo e que, em um ambiente democrático, é natural que pedidos como esse sejam feitos. Entretanto, esses interlocutores disseram que uma eventual decisão sobre iniciar um ciclo de corte na taxa deve ser técnica e que não levará em conta qualquer “ruído político”.
Galípolo e Haddad têm interlocução direta e conversam com frequência sobre o ambiente macroeconômico. Apesar da boa relação, os dois se estranharam quando o presidente do BC negou ter sido consultado pelo Ministério da Fazenda sobre a decisão que elevou as alíquotas de IOF (Imposto sobre Operação Financeira). Passadas algumas semanas da polêmica, o clima entre os dois voltou à normalidade.