Da isenção do IR à MP dos Impostos, um governo nas mãos do Centrão
Derrota da MP dos Impostos, alternativa ao IOF, expõe como textos de interesse do governo Lula passam pelas vontades do Centrão
compartilhe
SIGA

A aprovação do imposto de renda na semana passada e a derrota na votação da Medida Provisória alternativa ao IOF, a MP dos Impostos, na quarta-feira, 8, mostram a fraqueza do governo Lula diante da dependência dos interesses e vontades do Centrão.
A aprovação da redução do imposto de renda para população que recebe até R$ 5 mil com unanimidade, considerada uma vitória do governo, só foi possível após ampla articulação de Arthur Lira. Relator do texto na Câmara, Lira é um dos principais chefes do Centrão.
O resultado da votação foi, também, uma vontade do Centrão de “limpar a imagem” com a população brasileira após a aprovação da PEC da Blindagem — proposta a que oito deputados do PT foram favoráveis, devido um acordo com o Centrão para tentar barrar a votação da urgência da anistia.
Em um intervalo de uma semana, contudo, o Centrão mudou de lado e protagonizou uma derrota do Planalto: a Medida Provisória 1303/2025, editada como alternativa ao aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), vista como fundamental para fechar as contas do governo em 2025 e 2026. A derrota teve participação de PP, União, Republicanos e PSD.
Todos os partidos citados, que somam ao todo sete ministérios no governo Lula, orientaram a favor da retirada da MP da pauta da Câmara. O texto do governo, então, caducou, uma vez que o limite para o prazo de votação era na quarta-feira.
À coluna, deputados do PT reconheceram que a derrota já desenha de que lado esses partidos estarão em 2026. A articulação contra a Medida Provisória contou com a participação de Tarcísio de Freitas, um dos nomes mais cotados para enfrentar Lula nas urnas.
Além disso, o principal motivo principal pelo qual esses partidos quiseram enterrar a MP é a arrecadação de cerca de R$ 20 bilhões que o governo Lula teria no ano eleitoral.