Com a vida corrida, a alimentação prática e rápida acaba se tornando a preferência de milhões de pessoas. Levantamento da Ticket, marca de benefícios de alimentação, feito com quase 10 mil entrevistados, 40% dos brasileiros pedem comida via delivery e 11% fazem de um a dois pedidos por semana. Recordista de compras, o fast-food é o item preferido dos consumidores em todas as faixas de idade, desde os menores de 20 anos (49,6%) até as pessoas com mais de 59 anos (31,7%).

O problema é que a conta desse estilo de vida nada saudável acaba sendo cara no futuro, já que muitas das delícias típicas de um cardápio mais rápido e instantâneo podem ser cancerígenas. A lista desses alimentos que apresentam risco foi determinada pela própria Organização Mundial da Saúde (OMS).

A oncologista Roberta Dayrell explica que um alimento pode ser considerado cancerígeno quando associado a fatores inflamatórios, ou seja, o consumo ao longo dos anos pode agredir o DNA das células, contribuindo para falhas na multiplicação dessas estruturas. “Isso favorece a ocorrência de mutações que, por sua vez, podem provocar um crescimento desordenado [das células], ocasionando um câncer”.

Desse grupo fazem parte, por exemplo, os ultraprocessados, que, como o próprio nome diz, passaram por muitos processos, incluindo adição de produtos químicos para melhorar o sabor, dar cor e adoçar. “O consumo das carnes processadas como salsicha, linguiça, bacon, presunto, salame e mortadela, pode aumentar, principalmente, as chances de desenvolver câncer de intestino. Há ainda estudos que levantam a possibilidade de elas estarem associadas ao câncer de próstata, mama e pulmão. Até o peito de peru, tido como alimento mais saudável, também é um embutido, ou seja, possui componentes à base de nitrito/nitrato associados à ocorrência de tumores. Nesse sentido, o recomendado é não consumir e, se consumir, de forma bem moderada e esporádica”.

Quanto às bebidas alcoólicas, Roberta Dayrell é taxativa. Segundo a OMS, o risco de desenvolver câncer aumenta com qualquer quantidade consumida, independentemente do tipo de bebida. “O álcool está associado a uma infinidade de tipos diferentes de cânceres, entre eles os tumores de cabeça e pescoço, esôfago, estômago, mama, fígado e intestino. Por isso, a orientação médica, hoje é, se possível, não consumir”.

Outro item possivelmente cancerígeno, de acordo com a OMS, é o aspartame, um dos adoçantes artificiais mais consumidos no mundo, usado para dar sabor aos chamados refrigerantes diet, com zero açúcar. O uso excessivo, em quantidades acima de 40mg por quilo de peso corporal, pode aumentar os riscos de neoplasias.

“Tema de estudos controversos, alguns deles já associaram o aspartame ao desenvolvimento de câncer de fígado”, revela Roberta, que atualmente integra a equipe da Cetus Oncologia, clínica especializada em tratamentos oncológicos com unidades em Belo Horizonte, Betim e Contagem.

O caminho para uma alimentação saudável em um mundo de enlatados

Colega de Roberta na Cetus Oncologia, a nutricionista Sílvia Carvalho afirma que o caminho para manter uma alimentação 100% saudável, mesmo em um mundo que estimula o fast-food e as comidas instantâneas, é não renunciar ao planejamento alimentar. “Planejar as refeições semanalmente, o que significa fazer compras com uma lista e prepará-las de forma caseira em dias de folga, pode ajudar a manter uma dieta natural e evitar o consumo de alimentos processados.”

Há ainda, segundo a especialista, opções práticas e saudáveis, que nem precisam de preparo, como frutas, iogurtes, castanhas e cereais integrais. “O mais importante é se atentar que a qualidade da nossa alimentação, hoje, está intimamente atrelada às nossas condições de saúde no futuro. E essa regra não se aplica apenas ao câncer, já que uma série de outras doenças, como diabetes, hipertensão, obesidade e problemas cardíacos também estão associados a maus hábitos alimentares”, reforça.

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