Luta contra a endometriose: condição afeta 1 em cada 10 mulheres no Brasil
Hoje, dia 7 de maio, é marcado pela celebração do Dia Internacional de Luta Contra a doença, que provoca dores crônicas e infertilidade
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Siga noA endometriose é uma doença inflamatória crônica, estrogênio dependente, que afeta milhões de mulheres em idade reprodutiva no mundo todo. Hoje, dia 7 de maio, é marcado pela celebração do Dia Internacional de Luta Contra a doença, e alerta para a importância do diagnóstico precoce, tratamento adequado, além de tentar combater o estigma em torno da dor feminina, frequentemente negligenciada ou normalizada.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Endometriose e Ginecologia Minimamente Invasiva (SBE), uma em cada 10 mulheres sofre com endometriose no Brasil. Desse total, 57% apresentam dores crônicas e mais de 30% pode ter problemas de infertilidade. Na Bahia, a doença atinge aproximadamente 60% das mulheres inférteis, segundo informações do Movimento Brasileiro de Conscientização da Endometriose (MovEndo).
A endometriose se desenvolve quando o tecido que reveste o útero cresce fora dele, provocando inflamação, dor e, em alguns casos, infertilidade. Entre os sintomas mais comuns estão cólicas menstruais intensas, dor durante relações sexuais, fadiga e alterações intestinais ou urinárias.
Muitas mulheres demoram anos para receber a confirmação da enfermidade. “O diagnóstico da endometriose começa com o histórico clínico da paciente, que vai orientar a investigação. A segunda etapa é o exame físico, que pode indicar a suspeita da doença, inclusive em sua forma mais profunda. Exames de imagem e laboratoriais também são fundamentais para um diagnóstico preciso: ultrassom transvaginal com preparo, ressonância magnética pélvica, laparoscopia e o teste de sangue CA-125, que mede a quantidade o antígeno cancerígeno 125 na corrente sanguínea”, explica Juliana Guedes, gerente médica da área de Radiologia e Diagnóstico por Imagem (RDI) do São Marcos Saúde e Medicina Diagnóstica.
Já o tratamento depende do perfil de cada paciente, considerando, por exemplo, a vontade de gestar e o grau de comprometimento do organismo. “Em casos de dores leves em pacientes que não têm o desejo reprodutivo, podemos utilizar anti-inflamatórios não esteroides (AINES) ou contraceptivos hormonais. Se a paciente apresenta dor moderada ou grave e não tem desejo de gestar, podemos trabalhar com progestagênios ou DIU hormonal. Se ocorrer falha das duas opções de tratamento clínico, é indicada a videolaparoscopia com excisão e, em casos complexos com envolvimento intestinal e/ou urinário, o aconselhável é a abordagem cirúrgica especializada e multidisciplinar”, esclarece Juliana Guedes.
Fatores de risco:
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Histórico familiar de endometriose
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Menarca Precoce
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Ciclos menstruais curtos
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Fluxo menstrual intenso
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Exposição a disruptores endócrinos
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Sedentarismo
Fatores protetores:
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Uso de anticoncepcionais hormonais
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Gravidez e amamentação
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Supressão da ovulação
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Atividade física regular
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Dieta saudável
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Redução de contato com substâncias tóxicas
Mitos sobre a endometriose:
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"Cólicas muito fortes são normais."
Mito. Dores intensas durante a menstruação podem ser sinal de endometriose e não devem ser ignoradas.
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"A endometriose só afeta mulheres com mais idade."
Mito. A doença pode começar logo após a primeira menstruação e afeta principalmente mulheres em idade reprodutiva.
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"Gravidez cura a endometriose."
Mito. A gravidez pode aliviar temporariamente os sintomas, mas não cura a doença.
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"A endometriose sempre causa infertilidade."
Mito. Embora possa dificultar a gravidez, muitas mulheres com endometriose conseguem engravidar naturalmente ou com tratamento.
Verdades sobre a endometriose:
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A endometriose é uma condição crônica.
Verdade. É uma doença de longo prazo que pode piorar com o tempo, exigindo tratamento contínuo.
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Pode afetar outros órgãos além do útero.
Verdade. A endometriose pode atingir ovários, intestino, bexiga e outras regiões da pelve.
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Diagnosticar pode levar anos.
Verdade. Muitas mulheres demoram anos para receber um diagnóstico devido à normalização da dor e à falta de informação.
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O tratamento varia conforme o caso.
Verdade. Pode incluir medicamentos, mudanças no estilo de vida e, em alguns casos, cirurgia.