ATENÇÃO MULHERADA!

Uso excessivo do salto alto prejudica articulações; mas causa varizes?

Salto alto causa alteração do centro de gravidade do corpo e sobrecarrega articulações, favorecendo problemas como condromalácia, artrose, tendinites e torções

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Sapatos de salto alto fazem parte do look da mulher, tanto em momentos de lazer como em ocasiões formais. No entanto, o uso constante desse tipo de calçado pode causar uma série de problemas. “A utilização do salto alto por períodos prolongados promove a alteração do centro de gravidade do corpo. Como consequência, ele é deslocado para frente e alguns pontos do corpo são sobrecarregados, principalmente quando a altura do salto é grande, impactando assim na saúde dos joelhos, pés, coluna e outras regiões”, explica o ortopedista Fernando Jorge, membro da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT) e mestre em biomecânica do aparelho locomotor (bioengenharia) pela Universidade de São Paulo (USP).

O primeiro local a sofrer é a região da sola dos pés próxima aos dedos. “Devido à curvatura que o salto proporciona ao pé, todo o peso do corpo fica concentrado nesse local, o que pode gerar metatarsalgia, neuroma de Morton e joanetes, principalmente se o salto for de bico fino”, diz Fernando, que acrescenta que a planta do pé também pode ser comprometida, visto que fica fletida em excesso por um tempo prolongado. “Como consequência, pode causar uma fascite plantar ou levar ao famoso esporão de calcâneo, assim como tendinites no tendão de Aquiles”, pontua.



De acordo com o ortopedista Marcos Cortelazo, especialista em joelho e traumatologia esportiva e membro da SBOT, os joelhos também são prejudicados, pois o uso do salto promove uma posição desconfortável que exige flexão contínua. “Esse esforço desgasta a cartilagem patelar levando à condromalácia (condropatia), doença cujos sintomas incluem dores no joelho que pioram ao subir ou descer escadas. Ajoelhar, agachar ou sentar com as pernas cruzadas também pode causar dor”, afirma o especialista.

E os danos ocorrem de maneira mais grave em quem costuma trabalhar ou caminhar muito com esse tipo de salto. “Em uma caminhada normal, o corpo absorve o impacto da passada de maneira uniforme. Esse equilíbrio permite que as articulações dos tornozelos e dos joelhos não sejam prejudicadas. Já os saltos causam maior desequilíbrio e exigem mais flexão dos joelhos”, explica Marcos, que ressalta ainda que o desgaste pode se acentuar com o uso contínuo desse tipo de calçado e atingir outras estruturas do joelho, causando também artrose. “Nesse caso, além da cartilagem patelar, as estruturas que envolvem o fêmur e a tíbia também são afetadas”, pontua.

Segundo Fernando Jorge, há o risco também de ocorrer uma sobrecarga das articulações da coluna, causando fortes dores devido a um tensionamento muscular e ligamentar. “Fraturas por estresse, torções de tornozelo, lombalgia e lombociatalgia são outros problemas que podem surgir devido ao uso prolongado de salto. E, comumente, quando a mulher tira o salto alto após muito tempo de uso, ela sente uma intensificação das dores”, alerta o médico.

Então, a melhor solução para esse dilema é usar o salto alto de maneira esporádica. “Caso use saltos, opte pelo caminho do meio, preferindo sapatos nem muito planos e nem muito altos, em uma altura que não exceda a margem de 2,5 cm a 5 cm”, diz Marcos Cortelazo. “Para evitar lesões, é importante controlar o peso e realizar atividades físicas que contribuam para o fortalecimento e alongamento da musculatura e tendões dos membros inferiores”, reforça Fernando Jorge.

E no caso das varizes?

Apesar de muita gente acreditar que o salto alto pode causar varizes, não há consenso em literatura científica, segundo a cirurgiã vascular Aline Lamaita, membro da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular. “Mas devemos levar em conta que alguns trabalhos sugerem que existe, sim, um prejuízo no retorno venoso com o uso do salto. Também devemos levar em consideração que seu uso contínuo causa alteração de postura, encurtamento de tendão de Aquiles, e uma série de problemas ortopédicos. Por isso, existe um consenso entre médicos que o mais adequado seria, no caso das usuárias mais assíduas de salto, que tentassem alternar a altura. Usar saltos mais grossos (que dão mais estabilidade), dar preferência aos saltos de 3-4 cm para uso diário, e é claro, fazer atividade física regular e alongamento para tentar minimizar os efeitos deletérios que o salto pode causar", conta a médica.

“Mas devemos lembrar que a genética, a idade e o sexo são os três principais fatores de risco para o desenvolvimento das varizes — veias dilatadas e tortuosas que perderam sua função causando danos estéticos e danos circulatórios”, diz Aline.

Enquanto o fator genético é preponderante, o envelhecimento é um agravante; além disso, as mulheres são mais propensas ao desenvolvimento das varizes, por influência hormonal, já que têm as veias mais flácidas que os homens. "No entanto, alguns hábitos também podem agravar a situação. Sobrepeso, sedentarismo, gravidez e uso de alguns anticoncepcionais podem estar associados ao desenvolvimento de varizes", esclarece a médica.

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