Com a chegada do inverno e a queda das temperaturas, cresce a preocupação com as doenças respiratórias, especialmente com a circulação do Vírus Sincicial Respiratório (VSR). Embora seja mais conhecido por causar bronquiolite em crianças pequenas, o VSR também representa um risco significativo para idosos, principalmente aqueles com doenças crônicas, como diabetes, doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), asma e insuficiência cardíaca congestiva (ICC).
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“O VSR é um vírus que co-circula com outros agentes respiratórios, como influenza e SARS-CoV-2, mas que pode ter um impacto ainda maior entre os idosos e portadores de doenças crônicas”, alerta a infectologista Lessandra Michelin (CRM 23494-RS), líder médica de vacinas da GSK. “O sistema imunológico se enfraquece com o envelhecimento, tornando essa população mais vulnerável a quadros graves, como pneumonia, que podem levar até mesmo ao óbito.”
Estima-se que, globalmente, 64 milhões de pessoas sejam afetadas anualmente pelo VSR, incluindo adultos com doenças crônicas. Estudos indicam que indivíduos com DPOC têm até 13 vezes mais risco de hospitalização devido a complicações do VSR; pessoas com insuficiência cardíaca congestiva (ICC), até 7,6 vezes mais; portadores de diabetes, até 6,4 vezes; e aqueles com asma, até 3,6 vezes.6
Um aspecto importante é que as crianças pequenas, que frequentemente são infectadas pelo VSR, podem transmitir o vírus aos adultos mais velhos, como os avós. Indivíduos que convivem com crianças infectadas pelo VSR têm mais chance de contrair o vírus em casa. É a chamada infecção intradomiciliar. Pesquisas apontam que pessoas em contato com crianças com VSR tem 22,6 vezes mais chances de apresentar infecção por esse vírus.
Contágio
A transmissão ocorre de maneira semelhante à gripe e à COVID-19, através de gotículas expelidas ao tossir, espirrar, pelo contato próximo ou por superfícies contaminadas. Uma pessoa infectada pode transmitir o VSR por até oito dias e, em casos de imunossupressão, por até quatro semanas após o desaparecimento dos sintomas. Além disso, a transmissão pode ocorrer um ou dois dias antes do surgimento dos primeiros sinais da infecção.
“Um dos desafios relacionados ao VSR é o subdiagnóstico em adultos, já que os sintomas podem ser confundidos com um simples resfriado, como coriza, tosse, febre e mal-estar, e raramente são realizados testes laboratoriais para identificação do vírus, já que não há tratamento específico para a maior parte das infecções respiratórias virais, e o manejo é apenas o uso de medicamentos para aliviar sintomas”, destaca Lessandra.
A vacinação é uma das principais formas de proteção contra o VSR, especialmente para os indivíduos que pertencem aos grupos de risco. Além disso, medidas simples podem ajudar a evitar a disseminação do vírus, tais como lavar as mãos com frequência, evitar tocar o rosto com as mãos não higienizadas, cobrir a boca e o nariz ao tossir ou espirrar, evitar contato próximo com pessoas doentes, limpar e desinfetar superfícies de uso frequente, ficar em casa quando apresentar sintomas.
“Estamos em uma época do ano em que o risco de infecções respiratórias aumenta consideravelmente. A prevenção é fundamental, principalmente para proteger, além de crianças, os adultos mais vulneráveis, como idosos e pessoas com doenças crônicas”, diz a infectologista.