Nem todo nódulo de tireoide é câncer: saiba quando se preocupar
Alteração comum, nódulos na tireoide são, em sua maioria, benignos, mas exigem acompanhamento médico para diagnóstico preciso e tratamento adequado
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Siga noDescobrir um nódulo na tireoide pode gerar medo, mas é importante saber que, na maioria dos casos, esses nódulos são benignos. Estima-se que cerca de 60% da população adulta possa apresentar nódulos tireoidianos ao longo da vida, especialmente as mulheres, segundo dados da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM). Mesmo sendo uma alteração comum, apenas cerca de 5% a 10% dos casos são malignos.
A tireoide é uma glândula localizada na parte anterior do pescoço e responsável por funções essenciais, como o controle do metabolismo. Os nódulos podem ser descobertos em exames de rotina ou por meio da palpação do pescoço. Entre os fatores que exigem atenção estão o crescimento acelerado do nódulo, o histórico familiar de câncer de tireoide, a presença de linfonodos aumentados na região e alterações no exame de ultrassom.
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O ultrassom da tireoide é o principal exame para avaliar as características dos nódulos e permite classificá-los segundo o sistema TIRADS (Thyroid Imaging Reporting and Data System). Esse sistema padroniza a análise do risco de malignidade com base em diversos critérios, como o formato do nódulo, contornos, ecogenicidade, presença de microcalcificações e se há sinais de que o nódulo está invadindo estruturas vizinhas fora da glândula.
Além disso, nódulos que apresentam crescimento progressivo ao longo do tempo também merecem maior atenção. Nódulos classificados como TIRADS 4 ou TIRADS 5 são considerados mais suspeitos para câncer e, por isso, frequentemente têm indicação de biópsia precoce para esclarecimento diagnóstico.
O diagnóstico definitivo depende de uma avaliação clínica completa, exames laboratoriais, ultrassonografia e, em muitos casos, da biópsia da tireoide. A forma mais tradicional é a Punção Aspirativa por Agulha Fina (PAAF), que retira células do nódulo para análise.
No entanto, técnicas convencionais como a PAAF podem apresentar amostras insuficientes para diagnóstico, especialmente em nódulos mais endurecidos ou com muita fibrose. Nesses casos, o laudo vem como Bethesda 1, indicando amostra não diagnóstica — e a biópsia precisa ser repetida.
“O problema é que, em algumas situações, a amostra não diagnóstica se repete mesmo após duas ou três punções, gerando insegurança para o paciente e para a equipe médica. Já tive casos em que o diagnóstico só foi possível após quatro PAAFs sem sucesso”, explica o médico ultrassonografista Bruno Farnese, especialista em biópsias guiadas por imagem.
Hoje, há uma técnica mais resolutiva para esses casos: a Core Biopsy da tireoide. Com uma agulha especial, delicada e guiada por ultrassom, é possível retirar um pequeno fragmento do tecido do nódulo, o que aumenta significativamente a qualidade da amostra e reduz a chance de novos resultados inconclusivos.
“A Core Biopsy da tireoide tem sido fundamental para evitar cirurgias desnecessárias na tireoide e obter um diagnóstico preciso, especialmente em pacientes que já passaram por biópsias convencionais sem sucesso”, afirma Bruno Farnese.
O procedimento costuma ser realizado com anestesia local e é bem tolerado pela maioria dos pacientes. Em casos de crianças ou adultos muito ansiosos, pode ser feita com sedação leve, garantindo maior conforto e segurança.
O tratamento vai desde o simples acompanhamento até a cirurgia, dependendo do tipo de nódulo, sintomas, tamanho e resultados dos exames. A maioria dos cânceres de tireoide apresenta crescimento lento e bom prognóstico, o que reforça a importância do diagnóstico precoce e da condução individualizada de cada caso.
O principal alerta dos especialistas é evitar o pânico diante do diagnóstico de um nódulo e buscar atendimento com endocrinologista de confiança. “Descobrir um nódulo na tireoide não é motivo para desespero. A maioria é benigna e não requer cirurgia. O mais importante é fazer uma avaliação médica cuidadosa, acompanhar com exames periódicos e seguir as orientações do especialista para garantir segurança e tranquilidade”, reforça Farnese.
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