Vale Tudo: Solange está grávida de dois; entenda a gestação gemelar
Mais da metade das gestações gemelares termina antes da 37ª semana, sendo esta a principal causa de complicações neonatais
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Siga noNos últimos capítulos da novela Vale tudo, Solange, interpretada por Alice Wegmann, descobriu que está grávida de gêmeos, notícia que foi recebida com grande alegria pela personagem, que está decidida a ser mãe solo. E, assim como na novela, engravidar de gêmeos é motivo de felicidade para muitas mulheres. Mas uma gestação gemelar também representa um grande desafio para a saúde da gestante e dos bebês.
“A gravidez gemelar é considerada de alto risco por envolver uma maior chance de complicações, exigindo um acompanhamento pré-natal mais rigoroso e especializado. Mulheres com gestações gemelares têm maior probabilidade de apresentar condições como pré-eclâmpsia, diabetes gestacional, anemia, parto prematuro e complicações placentárias. Com isso, o risco de internações em unidades de terapia intensiva neonatal também aumenta consideravelmente”, explica o ginecologista e obstetra, mestre e doutor em Tocoginecologia pela Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas (FCM/UNICAMP), Nélio Veiga Júnior.
O médico explica que entre os principais riscos associados à gravidez gemelar está: o parto prematuro, a restrição de crescimento fetal intrauterino, a pré-eclâmpsia, o diabetes gestacional, o descolamento prematuro da placenta e a síndrome da transfusão feto-fetal.
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“Como mais da metade das gestações gemelares tem resolução antes da 37ª semana, a prematuridade é a principal causa de complicações neonatais. Bebês prematuros podem apresentar dificuldades respiratórias, baixo peso ao nascer e maior risco de infecções”, diz o ginecologista.
Além disso, segundo o médico, é comum que um ou ambos os fetos apresentem crescimento abaixo do esperado, o que é chamado de restrição de crescimento intrauterino. “Isso pode ocorrer devido à competição por nutrientes ou alterações na placenta, especialmente em gestações monocoriônicas (quando os fetos compartilham a mesma placenta)”, diz o especialista.
Para a mãe, a pré-eclâmpsia e o diabetes gestacional também podem ocorrer. “O aumento da massa placentária, a maior demanda hemodinâmica e inflamatória e maiores demandas cardiovasculares maternas levam a um risco de pré-eclâmpsia de duas a três vezes maior em gestações gemelares em comparação com gestação única. Além disso, com o aumento da carga hormonal e da resistência à insulina, mulheres com gestação múltipla têm maior chance de desenvolver diabetes gestacional, o que exige dieta controlada e, muitas vezes, uso de insulina”, alerta Nélio Veiga Júnior.
Para evitar os problemas, o monitoramento frequente é essencial. “Gestantes com gravidez múltipla devem fazer um número maior de consultas e ultrassonografias ao longo da gestação. O acompanhamento multidisciplinar, com obstetra, nutricionista e, em casos específicos, endocrinologista ou cardiologista, pode ser necessário para garantir uma gestação saudável”, esclarece.
Apesar da maioria dos partos ocorrer por cesariana, especialmente quando os fetos estão em posições desfavoráveis ou há outras complicações, o parto vaginal deve ser considerado. “Dependendo da posição dos bebês e das condições clínicas da gestante e da vigilância dos fetos, o parto vaginal deve ser estimulado. A gravidez de gêmeos não é sinônimo de problema, mas exige atenção redobrada. O diagnóstico precoce, o acompanhamento especializado e o acesso a serviços de saúde de qualidade são fundamentais para reduzir os riscos e garantir o bem-estar da mãe e dos bebês”, reforça o ginecologista.
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