O acidente vascular cerebral (AVC) continua sendo uma das principais causas de morte e incapacidade no Brasil. Segundo estimativas internacionais, a doença pode causar quase 10 milhões de mortes por ano até 2050. Além da elevada taxa de mortalidade, muitos pacientes sobreviventes enfrentam sequelas motoras que afetam diretamente sua autonomia e qualidade de vida.
Uma das complicações mais frequentes após o AVC é a espasticidade, condição caracterizada pelo aumento involuntário e contínuo do tônus muscular. A rigidez e as contrações involuntárias nos membros dificultam atividades básicas do dia-a-dia, como caminhar, se vestir, alimentar-se ou realizar a higiene pessoal. O quadro, que pode causar dor intensa e posturas anormais, representa um desafio importante no processo de reabilitação.
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A neurologista Paolla de Magalhães, do Hospital Orizonti, explica que a espasticidade impacta diretamente a recuperação. “Ela interfere na movimentação de braços e pernas e em tarefas simples do cotidiano, prejudicando a autonomia do paciente”, afirma.
Como estratégia terapêutica, a toxina botulínica do tipo A tem sido utilizada no tratamento da espasticidade com respaldo científico. A substância é aplicada por médicos especialistas diretamente nos músculos mais afetados, com o auxílio de ultrassonografia para orientar os pontos exatos da injeção.
“O objetivo não é provocar paralisia, mas reduzir a rigidez muscular excessiva. Com isso, conseguimos diminuir a dor, melhorar o posicionamento dos membros e facilitar o trabalho das equipes de fisioterapia e terapia ocupacional”, explica a neurologista.
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O tratamento é indicado de forma individualizada, de acordo com as necessidades e o quadro clínico de cada paciente. A aplicação da toxina é parte de um plano terapêutico mais amplo, que envolve profissionais de diferentes áreas, como neurologia, fisiatria, fisioterapia e terapia ocupacional.
Estudos indicam que a toxina botulínica pode melhorar significativamente a funcionalidade e promover avanços no processo de reabilitação. Embora não elimine as causas da espasticidade, ela contribui para o alívio dos sintomas e aumenta a resposta a outras terapias.
A abordagem multidisciplinar, com foco nos objetivos de cada paciente, tem sido fundamental para a reintegração social e a recuperação de funções motoras após o AVC.