A farmacêutica Eli Lilly, a mesma responsável pelo Mounjaro, divulgou nesta quinta-feira (7/8) os resultados iniciais de um estudo clínico de fase 3 que avaliou a eficácia da orforgliprona, um medicamento experimental oral para o tratamento da obesidade. O estudo ATTAIN-1 incluiu 3.127 adultos com sobrepeso ou obesidade e pelo menos uma comorbidade, como hipertensão ou apneia obstrutiva do sono, mas sem diagnóstico de diabetes.

De acordo com os dados, após 72 semanas de tratamento, a dose mais alta da orforgliprona (36 mg) levou a uma redução média de 12,4% do peso corporal, contra 0,9% no grupo que recebeu placebo. A medicação é um agonista do receptor de GLP-1, mesma classe das canetas injetáveis como a tirzepatida, mas administrada por via oral, uma vez ao dia, sem restrições quanto a alimentos ou bebidas.

Além da perda de peso, os participantes também apresentaram melhora em marcadores associados ao risco cardiovascular. Segundo a análise agrupada de todas as doses, houve redução de colesterol não-HDL, triglicerídeos, pressão arterial sistólica e da proteína C-reativa de alta sensibilidade (hsCRP), marcador de inflamação.

Entre os que receberam a dose mais alta, 59,6% perderam pelo menos 10% do peso corporal, e 39,6% perderam 15% ou mais. O medicamento também demonstrou resultados positivos em doses menores:

  • 6 mg: perda média de 7,8 kg (7,5%)
  • 12 mg: perda média de 8,6 kg (8,4%)
  • 36 mg: perda média de 11,3 kg (11,2%)
  • Placebo: perda média de 2,4 kg (2,1%)

Há efeitos adversos?

O perfil de segurança da orforgliprona foi semelhante ao de outros medicamentos da mesma classe. Os efeitos colaterais mais comuns foram gastrointestinais, como náusea, constipação, diarreia, vômito e dispepsia (má digestão), com maior frequência nos grupos que usaram o fármaco em relação ao placebo.

As taxas de descontinuação do tratamento devido a eventos adversos variaram entre 5,1% e 10,3% nos grupos com orforgliprona, contra 2,6% no grupo placebo. As taxas gerais de abandono do estudo foram mais baixas entre os que tomaram o medicamento (em torno de 22%) do que entre os que tomaram placebo (29,9%). Não foram identificados sinais de toxicidade hepática. 

Estudo internacional

O estudo ATTAIN-1 é randomizado, duplo-cego e controlado por placebo, com duração de 72 semanas. Os participantes foram recrutados em países como EUA, Brasil, China, Índia, Japão, Coreia, Porto Rico, Eslováquia, Espanha e Taiwan. Eles foram divididos em quatro grupos para receber 6 mg, 12 mg ou 36 mg de orforgliprona, ou placebo. Todos iniciaram o tratamento com doses menores, que foram aumentadas gradualmente para facilitar a tolerabilidade gastrointestinal.

A principal meta do estudo era verificar se a orforgliprona reduziria mais o peso corporal em comparação com o placebo. Os resultados alcançaram esse objetivo em todas as doses avaliadas.

Próximos passos

A empresa pretende submeter a orforgliprona à avaliação de agências regulatórias até o fim do ano. Os dados detalhados do estudo serão apresentados em setembro, durante a Reunião Anual da Associação Europeia para o Estudo do Diabetes (EASD), e submetidos para publicação em revista científica.

Além da obesidade, a orforgliprona está sendo testada em estudos clínicos para o tratamento do diabetes tipo 2, apneia obstrutiva do sono e hipertensão em pessoas com obesidade. O programa global de desenvolvimento da molécula inclui mais de 4.500 participantes e teve início em 2023.

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