As doenças cardiovasculares continuam sendo a principal causa de morte no Brasil e no mundo. Entre os principais responsáveis por essas enfermidades, que causam cerca de 400 mil mortes por ano apenas no Brasil, está a aterosclerose - uma doença provocada pelo acúmulo do colesterol ruim (LDL) nas paredes das artérias.

Diante desse cenário, o Mês de Combate ao Colesterol é uma oportunidade para esclarecer e desmistificar informações. Embora o colesterol desempenhe funções importantes no organismo, seus níveis elevados podem representar sérios riscos à saúde.

Para ajudar a entender melhor o que é o colesterol e qual o seu impacto na saúde do coração, o cardiologista Luís Henrique Gowdak, coordenador de gestão assistencial da unidade de aterosclerose e coronariopatia cônica do InCor-HCFMUSP, reuniu informações sobre o tema.

Só existe um tipo de colesterol

Mito. Com papel importante no corpo humano, o colesterol é um tipo de gordura que está presente nas membranas das células e é essencial para a produção de alguns hormônios e da vitamina D3. Cerca de 70% a 80% do colesterol do corpo é produzido internamente, principalmente pelo fígado. O restante vem da alimentação. Como não se dissolve no sangue, o colesterol precisa se ligar a partículas chamadas lipoproteínas para circular pelo organismo.

Os dois tipo principais de colesterol são:

- HDL (conhecido como “bom colesterol”) que ajuda a remover o excesso de colesterol das artérias, levando-o de volta ao fígado, onde pode ser eliminado.

- LDL (“colesterol ruim”): em níveis elevados, especialmente quando combinado a fatores de risco como tabagismo, diabetes ou obesidade, pode se acumular nas paredes das artérias, formando placas de gordura. Esse processo é chamado de aterosclerose, e pode dificultar a passagem do sangue.

O colesterol ruim (LDL) não é o único fator de risco para as doenças cardiovasculares

Verdade. Embora diversos fatores de risco possam comprometer a saúde do coração - como má alimentação, obesidade, sedentarismo, hipertensão arterial, diabetes e tabagismo -, cerca de 67% das doenças cardiovasculares têm como causa a aterosclerose, enfermidade causada pelo colesterol ruim.

As taxas ideais de colesterol ruim (LDL) são iguais para todos

Mito. Os níveis ideais do colesterol LDL variam de acordo com o risco cardiovascular de cada pessoa. Para quem tem risco cardiovascular baixo, o ideal é manter os níveis de LDL colesterol abaixo de 130 mg/dL1. Em pessoas com risco intermediário, o valor recomendado é abaixo de 100 mg/dL. Já aqueles que já sofreram um infarto, AVC ou outro evento cardiovascular devem manter um controle mais rigoroso, com o LDL abaixo de 50 mg/dL1.

A aterosclerose é uma doença silenciosa

Verdade. Segundo Luís Henrique Gowdak, “além de silenciosa por não apresentar sintomas, essa é uma doença crônica e progressiva”. Ele alerta que, “por meio de um simples exame de sangue, conseguimos medir os níveis de LDL colesterol. Por isso, é essencial que as pessoas realizem consultas e check-ups regulares, para evitar que a doença seja descoberta apenas quando já evoluiu para um infarto, por exemplo.”

Após um evento cardiovascular, os pacientes passam a controlar os fatores de risco

Mito. “Infelizmente, isso nem sempre acontece”, alerta o cardiologista. Em um estudo com 2 mil pacientes brasileiros com diagnóstico confirmado de doença cardiovascular aterosclerótica, e do qual o médico participou, apenas seis estavam com todos os fatores de risco devidamente controlados.

“Esse dado é alarmante, pois muitas dessas pessoas acreditam, de forma equivocada, que estão curadas. Esquecem que a doença cardiovascular é crônica e exige cuidado contínuo”, reforça.

Não existem apenas medicamentos de uso oral para manter o controle do colesterol

Verdade. Segundo o cardiologista, “além das estatinas, que são de uso oral, há alguns anos contamos também com medicamentos injetáveis para ajudar na redução do LDL-colesterol, aplicados a cada 15 dias ou uma vez por mês”.

Mais recentemente, chegou ao Brasil uma nova opção terapêutica: um medicamento de aplicação subcutânea, indicado para pacientes com LDL colesterol elevado, apesar do uso de estatinas, que é administrado a cada seis meses, como explica o especialista.

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