QUALIDADE DE VIDA

Desnutrição em idosos causa mais de 4 mil mortes por ano no Brasil

Pesquisas revelam que falta de suporte nutricional reduz autonomia na terceira idade

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A desnutrição infantil ainda mata mais de sete mil crianças menores de cinco anos no Brasil a cada ano, segundo estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do Unicef. Mas há outra face desse problema, muitas vezes pouco percebida: a desnutrição entre os idosos, que provoca, em média, 4,4 mil mortes anuais no país e compromete seriamente a qualidade de vida na velhice.

Levantamento da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), em parceria com a Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM), mostrou que, entre 2000 e 2021, cerca de 93,8 mil idosos brasileiros morreram por desnutrição calórico-proteica.

A maioria das vítimas (63%) tinha 80 anos ou mais, e nesse grupo não houve queda nas taxas de mortalidade ao longo das duas décadas analisadas. Os pesquisadores alertam que a desnutrição no idoso está associada a múltiplos fatores, como:

  • Perda de massa muscular
  • Doenças crônicas
  • Isolamento social
  • O quadro pode ser agravado pela falta de diagnóstico precoce

Outros estudos brasileiros reforçam o alerta. Uma revisão publicada pela "Revista Nutrivisa", da Universidade Estadual do Ceará, identificou prevalência de desnutrição entre 15,3% e 65,1% em idosos hospitalizados, dependendo da região e dos critérios utilizados.

Diagnóstico tardio 

Outra pesquisa, dessa vez divulgada no "BRASPEN Journal", apontou que unidades de terapia intensiva (UTI) 57,6% dos pacientes apresentavam desnutrição já na admissão, sendo mais da metade dos casos classificados como moderados ou graves. Em instituições de longa permanência, um estudo no RIAGE Journal revelou que quase um quarto dos residentes estavam desnutridos, com índices elevados de fragilidade e sarcopenia.

Esse cenário se agrava no período de transição entre o hospital e a vida domiciliar. Estudos internacionais, como o publicado no Journal of the American Geriatrics Society, mostram que a falta de atenção à nutrição nas primeiras semanas após a alta pode levar à perda de força, aumento de quedas e maior risco de reinternação.

Relatórios recentes apontam que a implementação de planos nutricionais personalizados no pós-alta pode reduzir complicações em até 24% e diminuir o risco de quedas em até 60% entre idosos frágeis.

Para o nutrólogo Juan Bernard, da Suntor Clínica de Transição, o acompanhamento nutricional nesse período é determinante para o sucesso da recuperação. “O corpo chega fragilizado após uma internação, e a alimentação adequada atua como parte ativa do tratamento, não como um complemento. Ajustar a dieta ao quadro clínico — seja no controle glicêmico, na adaptação de texturas ou na suplementação de nutrientes — é fundamental para restaurar a função física e reduzir riscos”, afirma.

De acordo com o especialista, a experiência clínica e a literatura científica convergem para um ponto central: a nutrição, quando integrada a um plano de reabilitação multidisciplinar, não apenas devolve autonomia ao idoso, mas também acelera a cicatrização e auxilia o sistema imunológico. “A inclusão de avaliação nutricional sistemática e protocolos individualizados no pós-hospitalar é uma medida urgente para frear a mortalidade e melhorar a qualidade de vida nessa faixa etária.”

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