Dor na relação sexual: causas, tratamentos e impacto na saúde mental
O tabu ainda impede muitas mulheres de buscar ajuda. A dor, seja superficial ou profunda, não deve ser normalizada
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Falar sobre dor durante a relação sexual ainda é um tabu para muitas mulheres, o que atrasa o diagnóstico e o tratamento. A dispareunia, termo médico para dor na relação, pode ocorrer em qualquer idade e se manifestar de forma superficial ou profunda. Embora seja relativamente comum, não é normal sentir dor: é sinal de que algo precisa de avaliação e cuidado.
A dor superficial costuma localizar-se na vulva, na entrada e ao redor do meato urinário. É típica no início da penetração, ao colocar absorvente interno, no toque ou mesmo durante exames ginecológicos. Pode vir acompanhada de ardor e sensibilidade aumentada.
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Já a dor profunda é percebida no fundo da vagina, baixo ventre e pelve, surgindo durante movimentos mais profundos, em posições específicas ou após a relação, às vezes como cólicas.
A dispareunia pode aparecer:
- No início da vida sexual: com a ansiedade, lubrificação insuficiente, alterações do hímen e hipertonias do assoalho pélvico
- Ao longo da idade reprodutiva: com infecções vaginais, ISTs, vulvodínia, vestibulodínia, endometriose, alterações dermatológicas como líquen plano vulvar e cicatrizes pós-cirúrgicas
- No pós-parto e lactação: com a queda de estrogênio com ressecamento e sensibilidade
- Na peri e pós-menopausa: com o ressecamento vaginal e atrofia vaginal
- Após procedimentos ginecológicos: Como a radioterapia pélvica ou uso de medicações que reduzem a lubrificação
“É essencial quebrarmos o tabu em torno da dor na relação sexual. Nenhuma dor é “normal”: ela pode ser superficial, na entrada da vagina, com ardência e sensibilidade, ou profunda, como uma pontada no baixo ventre. Em ambos os casos, há possibilidades de tratamento. O primeiro passo é buscar ajuda e falar abertamente sobre o que sente”, afirma a ginecologista Loreta Canivilo.
Além do desconforto físico, a dispareunia impacta a saúde mental: pode gerar ansiedade, queda da autoestima, medo de relações futuras e tensão antecipatória que aumenta ainda mais a dor, criando um ciclo difícil de romper.
Causas e quando suspeitar
Além dos sintomas já citados, a ardência ao urinar após o sexo é um sintoma e pode ocorrer por irritação da mucosa - se repetir e for intenso ou vier com urgência urinária e febre, é importante investigar infecção urinária.
“Quando a paciente entende onde dói e relata quando a dor aparece, no início, com movimentos profundos ou após a relação, conseguimos direcionar melhor a investigação. Medo de urinar por causa da dor não é frescura, é um sinal de alerta que merece avaliação. Com diagnóstico correto, o prognóstico costuma ser muito bom”, explica Loreta.
Avaliação e tratamentos
A avaliação inclui um histórico detalhado, exame ginecológico com mapeamento da dor e, quando necessário, exames laboratoriais e de imagem. O plano personalizado pode combinar ajustes de lubrificação, terapia hormonal, quando indicada, tratamento de infecções e condições dermatológicas específicas, fisioterapia do assoalho pélvico, apoio psicológico, terapia sexual para quebrar o ciclo de dor devida a ansiedade e tensão, educação sexual e adaptações e revisão de medicações que possam reduzir a lubrificação, quando pertinente.
“Cuidado integral é a chave. Com tratamento multidisciplinar, vemos melhora relevante dos sintomas físicos e da relação da paciente com o próprio corpo e a sexualidade. Dor na relação é comum, mas não é normal. Não ignore, procure ajuda”, reforça Loreta.
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