UMA QUESTÃO DE SAÚDE

Nova diretriz amplia vacinas recomendadas para pessoas com diabetes

Risco de morte por algumas infecções preveníveis é até três vezes maior neste grupo

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Pessoas com diabetes são três vezes mais propensas a morrer por complicações da gripe, como pneumonias e descompensações cardiovasculares, ou da doença pneumocócica, que pode causar infecções graves como pneumonia bacteriana, sepse (infecção generalizada) e meningite, em comparação à população geral. Esse é um dos alertas que as novas diretrizes para imunização no diabetes trazem.

O documento, que acaba de ser lançado e será discutido durante o Congresso Brasileiro de Atualização em Endocrinologia e Metabologia (CBAEM 2025), amplia o número de vacinas especialmente indicadas para pessoas com diabetes, conforme a faixa etária e as condições clínicas de cada paciente.

“As vacinas estão evoluindo e isso exige atualização constante das recomendações. A diretriz incorpora novas evidências científicas e tecnologias para garantir a melhor proteção possível a esses pacientes”, reforça a endocrinologista Letícia Schwerz Weinert, presidente eleita da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia – Regional do Rio Grande do Sul e membro da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM).

As novas vacinas indicadas são contra o vírus sincicial respiratório (VSR), até pouco tempo visto como uma ameaça apenas para crianças, mas hoje reconhecido também em adultos com comorbidades, e contra a Covid-19.

Além disso, as diretrizes recomendam a aplicação do imunizante trivalente de alta dose contra a influenza A, que apresenta benefícios já comprovados, como redução do risco de formas graves da gripe, hospitalização e óbito, além de diminuir complicações cardiovasculares.

Segundo o documento, a versão tetravalente não é mais necessária, uma vez que a cepa B (linhagem Yamagata) é considerada extinta no Brasil. “O paciente com diabetes precisa ser vacinado porque as infecções nesta população podem ter evolução mais grave, com risco aumentado de hospitalização e morte. Além disso, essas infecções podem desequilibrar comorbidades já presentes e agravar o estado geral de saúde”, explica a especialista.

Outra orientação é a aplicação das vacinas pneumocócicas conjugadas mais recentes (como a P-20), que ampliam a defesa contra pneumonias, meningite e sepse em adultos, ao invés das versões com menor cobertura, como a pneumo-13 e pneumo 15.

Somadas a essas, permanece indicado o imunizante contra herpes zoster, que previne a reativação do vírus da catapora e complicações neurológicas. No caso da hepatite B, que também continua no calendário voltado para pessoas com diabetes, as novas diretrizes recomendam a dosagem de anticorpos contra a infecção para checagem da imunização, de um a dois meses após aplicação da vacina.

“Pessoas com diabetes podem apresentar efetividade de proteção reduzida. Caso o resultado da dosagem mostre que o paciente não produziu anticorpos suficientes, é recomendada a aplicação de uma nova dose do imunizante, como reforço”, explica Letícia.

A endocrinologista explica que o risco relativo de complicações das infecções conferido pelo diabetes é mais pronunciado inclusive em pessoas jovens, não apenas em idosos. Fatores associados, como obesidade, doença renal crônica e hipertensão, aumentam ainda mais a vulnerabilidade.

A recomendação agora, inclusive, é de que a avaliação do histórico vacinal seja incorporada à rotina de acompanhamento clínico de pessoas com diabetes, com a mesma relevância de exames oftalmológicos e laboratoriais. “Quando o controle glicêmico é inadequado, a resposta imunológica pode ser reduzida, mas as vacinas continuam indicadas para prevenir hospitalizações e mortes”, acrescenta.

Contexto epidemiológico

De acordo com o Atlas do Diabetes 2025, produzido pela Federação Internacional de Diabetes (IDF), o Brasil ocupa hoje a quinta posição mundial em número absoluto de pessoas com diabetes, com 16,6 milhões de adultos entre 20 e 79 anos vivendo com a doença — o equivalente a 10,6% da população nessa faixa etária. A projeção é de crescimento: até 2045, o total de brasileiros com diabetes pode ultrapassar 22 milhões de pessoas.

No campo da imunização, o país ainda enfrenta importantes desafios. Até junho de 2025, foram aplicadas mais de 40,8 milhões de doses da vacina contra a gripe, mas a cobertura entre os grupos prioritários chegou a apenas 41% da meta de 90% estabelecida pelo Ministério da Saúde. No calendário adulto, a tríplice viral registra cobertura de apenas 4,7%, e outras vacinas recomendadas seguem abaixo do ideal.

A Diretriz de Imunização no Diabetes será apresentada no Congresso Brasileiro de Atualização em Endocrinologia e Metabologia (CBAEM 2025), promovido pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), em Gramado (RS), nesta sexta-feira (5/9). O evento, realizado entre 3 e 6 de setembro, reúne mais de 3 mil participantes, entre médicos, pesquisadores e profissionais de saúde de todo o país.

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