Obesidade não é preguiça: por que a condição não é vista como doença
Especialista explica por que o excesso de peso deve ser entendido como doença crônica e não como falta de força de vontade
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Por muito tempo, a obesidade foi estigmatizada e reduzida a uma questão de falta de força de vontade, disciplina ou até mesmo de preguiça. No entanto, a ciência já reconhece a obesidade como uma doença crônica, complexa e multifatorial, que vai muito além da simples relação entre calorias ingeridas e calorias gastas. Ainda assim, parte da sociedade resiste em compreender a gravidade do problema.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 1 bilhão de pessoas no mundo vivem com obesidade, sendo 650 milhões adultos, 340 milhões adolescentes e 39 milhões de crianças. No Brasil, de acordo com o último levantamento do Ministério da Saúde, cerca de um em cada quatro brasileiros está obeso, e a prevalência da doença quase dobrou nos últimos 20 anos.
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Médica intensivista especialista em emagrecimento, Gisele Carvalho explica que a obesidade não deve ser encarada apenas como uma questão estética, mas sim como uma condição médica que exige acompanhamento e tratamento adequados.
“A obesidade é uma doença crônica, caracterizada pelo excesso de gordura corporal que traz riscos à saúde. Ela está associada a complicações sérias, como diabetes tipo 2, hipertensão, doenças cardiovasculares e até alguns tipos de câncer. Reduzir a obesidade à preguiça ou gula é um erro grave, porque invisibiliza fatores genéticos, hormonais, ambientais e emocionais que contribuem para seu desenvolvimento”, afirma a médica.
Apesar dos avanços da medicina, pessoas com obesidade ainda enfrentam preconceito no dia a dia, o que pode agravar o quadro. “O estigma social é um dos grandes desafios. Muitos pacientes chegam ao consultório já frustrados, porque foram julgados por familiares, colegas de trabalho e até mesmo por profissionais de saúde. Esse preconceito gera impacto emocional, baixa autoestima e até mesmo quadros de ansiedade e depressão, que dificultam ainda mais o processo de emagrecimento”, ressalta Gisele.
Para combater a obesidade, especialistas defendem a importância de uma abordagem ampla, que não se limite apenas à dieta e atividade física. “O tratamento precisa ser individualizado e multidisciplinar. Envolve mudanças de hábitos alimentares, incentivo à prática de atividade física, acompanhamento psicológico e, em alguns casos, uso de medicamentos ou até cirurgia bariátrica. Cada paciente tem uma realidade diferente, e o acompanhamento deve ser contínuo, porque estamos falando de uma condição crônica”, explica a médica.
Para a especialista, o primeiro passo para reduzir o impacto da obesidade na população é mudar a forma como a doença é vista pela sociedade. “É fundamental enxergar a obesidade como doença, e não como falha de caráter. Essa conscientização ajuda a reduzir o preconceito e faz com que mais pessoas busquem tratamento sem medo ou vergonha. Quanto antes diagnosticada e tratada, menores são os riscos de complicações futuras”, reforça Gisele.
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