Relógios inteligentes podem prever um mal súbito? Veja o que diz a ciência
Saiba como smartwatches e outros gadgets monitoram a saúde do coração e se seus alertas podem, de fato, ajudar a evitar uma tragédia como a de BH
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Cerca de 300 mil a 320 mil pessoas morrem de mal súbito anualmente no Brasil, de acordo com o Ministério da Saúde. Mas será que um relógio inteligente pode ajudar a prevenir ou identificar sinais de que algo está errado?
Os smartwatches modernos vêm equipados com sensores avançados que monitoram constantemente a saúde do coração. Eles medem a frequência cardíaca, o ritmo dos batimentos e, em alguns casos, até os níveis de oxigênio no sangue. Quando detectam algo fora do padrão, emitem um alerta. Essa funcionalidade já salvou vidas, mas não dá pra confundir monitoramento com uma bola de cristal.
Esses aparelhos são ferramentas de triagem, não de diagnóstico. Eles são projetados para identificar sinais de certas condições, como a fibrilação atrial, uma arritmia que aumenta o risco de AVC. No entanto, um mal súbito, como um infarto ou uma parada cardíaca, muitas vezes ocorre por razões que os sensores de um relógio simplesmente não conseguem detectar, como o bloqueio de uma artéria.
Como os smartwatches monitoram o coração
A maioria dos smartwatches usa um sensor chamado fotopletismografia (PPG). Ele emite luzes LED verdes na pele do pulso. O sangue absorve a luz verde e, a cada batida do coração, o volume de sangue no pulso aumenta, absorvendo mais luz. A variação dessa absorção permite ao relógio calcular a frequência cardíaca.
Modelos mais avançados também possuem um sensor de eletrocardiograma (ECG). Ao tocar em uma parte específica do relógio, o usuário fecha um circuito elétrico que permite ao dispositivo medir os sinais elétricos do coração. Essa medição é mais precisa para detectar irregularidades no ritmo cardíaco, como a já mencionada fibrilação atrial.
Com base nesses dados, os algoritmos do relógio procuram por padrões anormais. Se a frequência cardíaca estiver muito alta ou muito baixa em repouso, ou se o ritmo parecer irregular, o sistema envia uma notificação. O objetivo é incentivar o usuário a procurar avaliação médica, e não fornecer um diagnóstico definitivo.
O que fazer ao receber um alerta de saúde do seu relógio
Receber uma notificação de saúde do seu pulso pode ser assustador, mas o pânico não ajuda. A tecnologia não é infalível e falsos positivos podem acontecer. Seguir um protocolo simples pode ajudar a gerenciar a situação de forma eficaz e segura.
Aqui está um guia passo a passo sobre como agir:
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Mantenha a calma e verifique o ajuste: A primeira reação deve ser respirar fundo. Muitas vezes, um alerta pode ser gerado por um mau contato do sensor com a pele. Verifique se o relógio está bem ajustado ao pulso, nem muito apertado, nem muito frouxo.
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Repita a medição: Se o seu dispositivo permitir, faça uma nova medição manual, como um ECG. Permaneça sentado e imóvel durante o processo para garantir a maior precisão possível. Isso ajuda a confirmar se o alerta foi um evento isolado ou um padrão persistente.
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Observe outros sintomas: Um alerta isolado, sem outros sinais, é diferente de um alerta acompanhado de sintomas físicos. Preste atenção se você está sentindo tontura, falta de ar, dor no peito, suor frio ou qualquer desconforto incomum.
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Procure ajuda médica se necessário: Se o alerta persistir após novas medições ou se você estiver sentindo qualquer um dos sintomas mencionados, não hesite. Procure atendimento médico imediatamente. A informação do relógio, mesmo que não seja um diagnóstico, é um dado valioso para os profissionais de saúde.
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Compartilhe os dados com seu médico: Os aplicativos de saúde dos relógios permitem gerar relatórios, geralmente em formato PDF, com os dados coletados. Leve essa informação à sua próxima consulta ou ao pronto-socorro. Ela pode acelerar a investigação e ajudar o médico a entender o que aconteceu.
O alerta do relógio inteligente significa que estou tendo um infarto?
Não. Os relógios inteligentes atuais não conseguem detectar um infarto agudo do miocárdio. Seus sensores monitoram principalmente a atividade elétrica e o ritmo cardíaco.
Um infarto ocorre quando o fluxo de sangue para uma parte do coração é bloqueado. Essa condição exige um diagnóstico médico com exames específicos, como um eletrocardiograma de 12 derivações.
Os dados do meu smartwatch são confiáveis para um diagnóstico médico?
Os dados são uma ferramenta de triagem valiosa, mas não servem como um diagnóstico. Eles podem indicar uma irregularidade que precisa ser investigada por um profissional de saúde.
Pense nos dados do relógio como um ponto de partida para uma conversa com seu médico. Ele usará essas informações junto com outros exames para chegar a um diagnóstico preciso.
Com que frequência devo usar as funções de monitoramento cardíaco?
A maioria dos relógios realiza o monitoramento da frequência cardíaca de forma passiva e contínua. Para funções ativas, como o ECG, não há necessidade de uso obsessivo.
Realizar medições periodicamente ou quando sentir algo diferente é suficiente. O uso excessivo pode gerar ansiedade desnecessária. Confie no monitoramento em segundo plano do aparelho.
Além do coração, o que mais esses relógios podem monitorar?
Os smartwatches modernos monitoram uma vasta gama de métricas de saúde e bem-estar. As mais comuns incluem a contagem de passos, a qualidade do sono e a saturação de oxigênio no sangue (SpO2).
Alguns modelos também medem níveis de estresse, ciclos menstruais e até mesmo a temperatura da pele, oferecendo uma visão mais completa do estado geral de saúde do usuário.
Um relógio inteligente substitui um check-up médico regular?
De forma alguma. A tecnologia vestível é um complemento, e não um substituto, para o cuidado médico tradicional. Visitas regulares ao médico são essenciais para a prevenção e o diagnóstico precoce de doenças.
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Use o relógio como uma ferramenta para se manter informado sobre seu corpo, mas nunca ignore a orientação de um profissional de saúde ou deixe de fazer seus exames de rotina.
Uma ferramenta de IA foi usada para auxiliar na produção desta reportagem, sob supervisão editorial humana.