Você sabe o seu nível de estresse?
Neurocientista apresenta teste prático para identificar sinais e intensidade
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O Brasil ocupa hoje a 4ª posição entre os países mais estressados do mundo. De acordo com o relatório World Mental Health Day 2024, elaborado pelo Instituto Ipsos, 42% dos brasileiros afirmam conviver com níveis significativos de estresse, que afetam diretamente a rotina. O estudo mostra ainda que 77% da população já refletiu sobre a importância de cuidar da saúde mental.
No ambiente de trabalho, o impacto é ainda mais evidente: em 2024, quase meio milhão de brasileiros precisaram se afastar por questões de saúde mental, um crescimento de 68% em relação ao ano anterior.
Entre os motivos, o estresse aparece como o principal fator, responsável por 28,6% dos afastamentos. Apesar dos números, mais da metade das pessoas que convivem com nervosismo, tensão ou ansiedade (55,8%) nunca procurou ajuda profissional.
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A neurociência na avaliação do estresse
Para o psicólogo e neurocientista Rafael Nunes, mestre em Neurociências pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e professor em instituições como Fundação Dom Cabral, Grupo Ânima, Unisinos e PUC Paraná, é essencial compreender que saúde mental não significa apenas ausência de transtornos.
“Trata-se de um processo ativo de qualidade de vida, que exige atenção aos pensamentos e sentimentos, mesmo quando não é possível eliminar os fatores estressores”, explica.
Segundo ele, além de identificar o tipo de estresse, é importante reconhecer em qual nível ele se encontra. “Quando alguns sintomas se tornam frequentes, pode ser um sinal de alerta para buscar ajuda especializada”, complementa.
O teste do estresse
O neurocientista estálançando o livro “Neuroliderança: da Estratégia Para Ação – um Manual Prático para uma Liderança Baseada em Evidências”. A obra reúne técnicas e ferramentas práticas da neurociência aplicadas a desafios do dia a dia que impactam diretamente a saúde mental.
No livro, Rafael sugere um teste prático de oito perguntas, desenvolvido a partir de pesquisas científicas pelo psiquiatra Geraldo José Ballone, especialista com 45 anos de experiência em Psiquiatria e ex-professor da Faculdade de Medicina da PUC-Campinas.
A dinâmica é simples: basta selecionar os itens que correspondem ao que você sentiu nas últimas quatro semanas. O número entre parênteses deve ser somado ao final. É importante lembrar que o teste não tem valor diagnóstico, mas pode indicar em que estágio está o estresse e quando é hora de procurar ajuda.
1. Sintomas emocionais
(1) Ansiedade e nervosismo
(1) Depressão ou mudanças bruscas de humor
(1) Irritabilidade e/ou desânimo
(1) Pouca tolerância ou paciência
(1) Desinteresse e/ou perda de prazer
(1) Insônia e/ou inquietação
2. Sintomas causados por tensão
(1) Tensão muscular
(1) Dores de cabeça frequentes
(1) Dores frequentes na nuca
(1) Outras dores pelo corpo
(1) Ranger os dentes dormindo ou aumento do sintoma
3. Tiques ou manias
(1) Tiques motores (piscar, tremores, movimentos descontrolados)
(1) Autoescoriações (coçar ou espremer a pele em excesso)
(1) Arrancar cabelos e/ou pelos
(1) Roer unhas
(1) Morder-se (língua, dedos, boca)
(1) Dificuldade para engolir e/ou engolir saliva demais
4. Saúde em geral
(1) Dor de estômago, azia e/ou náusea
(1) Aperto ou dor no peito
(1) Diabetes agravada ou recém-diagnosticada
(1) Arritmias cardíacas e/ou hipertensão
(1) Zumbido e/ou labirintite
(1) Queda no desempenho sexual
5. Sistema vegetativo
(1) Palpitações ou coração acelerado
(1) Respiração rápida e/ou falta de ar
(1) Sudorese e/ou mãos frias
(1) Tonturas e/ou tremores
(1) Formigamento e/ou boca seca
(1) Alterações de peso e/ou apetite
6. Sistema imunológico
(1) Gripes e resfriados frequentes
(1) Problemas de pele (urticária, caspa, psoríase)
(1) Alergias
(1) Asma ou bronquite
(1) Infecções recorrentes (herpes, urinária etc.)
(1) Doenças autoimunes
7. Sintomas emocionais intensos
(1) Falta de concentração e/ou dificuldade de aprendizado
(1) Crises de choro
(1) Pensamentos negativos recorrentes
(1) Cansaço e fadiga
(1) Aumento no consumo de álcool ou tabaco
(1) Medos exagerados e/ou vontade de se isolar
8. Frequência e tempo dos sintomas
(5) Menos de 4 semanas e surgem esporadicamente
(10) Menos de 4 semanas e aparecem o tempo todo
(15) Mais de 4 semanas e surgem esporadicamente
(20) Mais de 4 semanas e aparecem quase o tempo todo
Interpretação dos resultados
- Até 15 pontos – Nenhum ou leve
Não sugere estresse ou ansiedade significativa. Normalmente, não interfere no desempenho global.
- 16 a 27 pontos – Alerta
A ansiedade aparece como sintoma mais evidente e já pode interferir no desempenho social e profissional.
- 28 a 39 pontos – Moderado
Sinais claros de estresse em andamento. Os sintomas físicos tendem a não responder bem a tratamentos médicos, prejudicando a vida pessoal, familiar e ocupacional. Atenção profissional é recomendada.
- 40 pontos ou mais – Importante
O estresse está estabelecido e gera sintomas limitantes. Nesse caso, a orientação é procurar avaliação com um profissional de saúde.