O coração acelerado, a falta de ar, a sensação de aperto no peito e o medo repentino são sintomas comuns em crises de ansiedade ou pânico, mas também podem indicar um problema cardíaco sério, como uma arritmia.
Nesta quarta-feira (12/11), Dia Nacional de Prevenção das Arritmias Cardíacas, o cardiologista Raphael Boesche Guimarães, do Instituto de Cardiologia do Rio Grande do Sul (IC-FUC), alerta que é fundamental aprender a diferenciar os sinais para evitar riscos. “As arritmias acontecem quando o impulso elétrico que comanda o batimento do coração sofre alguma falha, provocando batimentos rápidos, lentos ou irregulares”, explica.
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Sintomas
O especialista conta que o sintoma mais comum é a palpitação súbita, que pode vir acompanhada de:
- Tontura
- Falta de ar
- Fraqueza
- Sensação de desmaio
“Muitos pacientes acham que estão tendo uma crise de ansiedade, mas na verdade é o coração tentando avisar que algo está errado”, destaca Raphael.
De acordo com o médico, os sintomas de arritmia e de crise de pânico podem parecer muito semelhantes, o que frequentemente leva à confusão. “Na crise de pânico, a aceleração do coração costuma vir acompanhada de medo intenso, sensação de morte iminente e melhora espontânea após alguns minutos. Já nas arritmias, a palpitação surge sem gatilho emocional, pode durar mais tempo e causar desmaios ou queda de pressão”, detalha.
Ele reforça, no entanto, que só exames podem confirmar o diagnóstico. “Um eletrocardiograma simples, relógio smart watch ou o monitoramento com Holter já ajudam a identificar o tipo de batimento irregular e orientar o tratamento correto.”
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Tem cura?
Segundo o último levantamento realizado pelo Sistema Único de Saúde (SUS), o Brasil registrou mais de 74 mil internações por arritmias cardíacas, resultando em nove mil mortes. A fibrilação atrial, um dos tipos mais comuns, atinge cerca de 4% da população acima de 55 anos, conforme estudo publicado no Journal of Atrial Fibrillation Management.
“Muitas arritmias são tratáveis e até curáveis quando descobertas cedo. O grande risco é ignorar o sintoma achando que é ansiedade”, alerta o cardiologista. Ele explica que o estilo de vida também influencia muito no aparecimento dessas alterações. “Hipertensão, diabetes, colesterol alto, uso excessivo de cafeína, álcool ou cigarro, apneia do sono, estresse crônico e a falta de sono estão entre os principais fatores de risco”, aponta.
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O médico ressalta ainda a importância da prevenção e do diagnóstico precoce. “Hoje temos tecnologia segura e eficaz para tratar as arritmias. O que mais salva vidas é o diagnóstico precoce. Palpitação não é normal, é um sinal de que o corpo está pedindo ajuda. Investigar cedo é a melhor forma de prevenir complicações e garantir qualidade de vida.”
Para o especialista, a data é um lembrete importante. “O Dia Nacional de Prevenção das Arritmias Cardíacas é uma oportunidade de reforçar a conscientização sobre os cuidados com o coração. As pessoas precisam entender que o medo ou a ansiedade podem até causar sintomas parecidos, mas somente uma avaliação médica é capaz de distinguir o que é emocional e o que é cardíaco”, reforça.
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