A tecnologia que antes divertia usuários com vídeos e imagens manipuladas agora alimenta um cenário alarmante: as fraudes com uso de deepfake - termo que combina "deep learning" (aprendizado profundo) e "fake" (falso) - cresceram 700% globalmente entre o primeiro trimestre de 2024 e o mesmo período de 2025, segundo levantamento da empresa de verificação de identidade Sumsub.

Essa tecnologia permite que rostos sejam trocados em vídeos, vozes sejam clonadas e até mesmo ações sejam simuladas com perfeição. O Brasil se destaca negativamente nesse contexto, com uma incidência cinco vezes maior do que a registrada nos Estados Unidos e dez vezes superior à da Alemanha.

A tendência revela uma mudança no perfil das fraudes digitais. As falsificações "analógicas", como reimpressões de documentos ou edições simples no Photoshop, estão em declínio - caíram 64% na América Latina. No lugar, surgem estratégias mais sofisticadas, como a criação de identidades sintéticas com inteligência artificial, que dificultam a detecção por sistemas tradicionais de segurança.

No Brasil, o volume de fraudes de identidade subiu 51,5% no primeiro trimestre de 2025 em relação ao mesmo período do ano anterior. Nesse universo, as tentativas envolvendo identidades sintéticas, criadas digitalmente com dados falsos ou parcialmente verdadeiras, cresceram 140%, configurando-se como o vetor de ataque mais recorrente.

A prática envolve desde documentos fictícios baseados em dados reais, como CPFs válidos com nomes fictícios, até imagens de rostos gerados por IA para burlar sistemas de verificação facial. Isso representa um grande desafio para empresas dos mais variados setores, que se veem obrigadas a revisar suas estratégias de autenticação.

Apostas esportivas lideram fraudes

Entre os setores mais afetados, o de apostas esportivas online ocupa o topo do ranking. As fraudes nesse segmento cresceram impressionantes 231% no Brasil em um ano, com 1,16% de todas as verificações realizadas no primeiro trimestre de 2025 sendo classificadas como suspeitas. Embora a taxa pareça pequena, o impacto é significativo diante do volume de usuários e das exigências regulatórias que passaram a vigorar recentemente.

As novas regras da Secretaria de Prêmios e Apostas (SPA), em vigor desde o início do ano, exigem verificação obrigatória de identidade por métodos digitais. Para especialistas, o avanço da fraude nesse setor demonstra tanto a vulnerabilidade das plataformas quanto a necessidade urgente de modernizar os sistemas de segurança.

"As apostas online são uma realidade no Brasil e precisam ser supervisionadas e regulamentadas para mitigar riscos, tanto para a saúde mental e financeira das pessoas, quanto para proteger as plataformas de acessos indevidos ou mal-intencionados", afirma Kris Galloway, Head de Produtos de iGaming da Sumsub.

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Outros setores também registraram aumentos expressivos. Aplicativos de encontros e redes sociais aparecem como o setor com maior taxa de fraudes em proporção: 4,47% das tentativas de verificação foram suspeitas no primeiro trimestre de 2025. Fintechs (1,8%), e-commerces (1,82%) e plataformas de jogos (1,52%) também figuram entre os mais atingidos.

*Estagiária sob supervisão do subeditor Gabriel Felice

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