Áudio imersivo da Dolby transforma a experiência de games e entretenimento
O ecossistema Dolby Atmos e Vision permite experiências interativas em diferentes dispositivos, alinhando-se à proposta da TV 3.0
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Siga noO estande da Dolby na SET Expo 2025 destacou tecnologias Dolby Atmos e Dolby Vision. A feira aconteceu entre 18 e 21 de agosto no Anhembi, em São Paulo. Empresas de tecnologia, emissoras de TV e especialistas participaram do evento sobre audiovisual imersivo. O objetivo foi debater o futuro da radiodifusão, produção audiovisual e entretenimento digital no Brasil. Entre as atrações, o Volvo EX90 trouxe som tridimensional pelo sistema Bowers & Wilkins. Parceiros como TCL e Motorola exibiram TVs e dispositivos portáteis compatíveis com o ecossistema Dolby.
A participação da Dolby visou mostrar como áudio e vídeo imersivos funcionam de forma integrada. Experiências contínuas em Dolby Atmos podem ser vivenciadas independentemente do aparelho utilizado pelo usuário. A programação trouxe demonstrações práticas, entrevistas e painéis sobre produção, distribuição e consumo de conteúdo em plataformas conectadas. Essa abordagem conecta-se diretamente à proposta da TV 3.0 no Brasil. A TV 3.0 integra som tridimensional, conteúdo interativo e qualidade avançada de imagem. A iniciativa reforça tendências em tecnologia de entretenimento imersivo, videogames e streaming de alta fidelidade.
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A reportagem do Estado de Minas conferiu de perto o estande e suas experiências em áudio imersivo. O objetivo foi mostrar como o ecossistema Dolby transforma o consumo de filmes, séries e música. Visitantes puderam experimentar a tecnologia em carros elétricos, TVs com Dolby Vision e dispositivos móveis conectados. A feira evidenciou que Dolby Atmos e Dolby Vision já estão presentes no cotidiano do público brasileiro. O evento também destacou a importância da integração entre fabricantes, provedores de conteúdo e plataformas de streaming.
Experiência Imersiva
Longe de se restringir a uma coleção de produtos, o estande da empresa norte-americana no evento funcionava como um circuito sensorial. A proposta era clara: mostrar que Dolby Atmos e Dolby Vision não são recursos exclusivos de produtos premium, mas uma linguagem capaz de integrar diferentes dispositivos e experiências.
O destaque do espaço foi o Volvo EX90. O SUV elétrico não estava apenas como um item automotivo, mas como uma espécie de "sala de cinema" portátil. Dentro do veículo, os visitantes eram guiados por uma especialista que apresentava a imersão sonora.
"Dolby Atmos permite aos criadores colocar sons individuais em um espaço tridimensional", explicou, enquanto ajustava o sistema Bowers & Wilkins de 25 alto-falantes e 1610W. "Isso faz com que todos os sons (voz, instrumentos e efeitos) se movimentem ao redor do usuário, inclusive desde o teto."
A demonstração prática evidenciou o efeito tridimensional. Além de faixas atuais, o público ouviu clássicos como ‘Como Nossos Pais’, de Elis Regina, e ‘Money’, do Pink Floyd, ambos remasterizados com a tecnologia de áudio da Dolby. Já com ‘Boom’, do Tiësto, os efeitos sonoros pareciam “cair” sobre os visitantes, envolvendo totalmente o espaço. Um detalhe importante: para explorar todo o potencial do catálogo, é necessário usar plataformas como Amazon Music, que oferecem conteúdo mixado em Dolby Atmos. O aviso reforça que a tecnologia depende da disponibilidade do conteúdo compatível.
O ecossistema se estendia além do carro. TCL exibiu TVs com Dolby Vision e Atmos, unindo imagem HDR e som tridimensional. Por sua vez, a Motorola destacou a portabilidade da experiência imersiva com dispositivos como os fones Buds Loop, que oferecem som espacial e conectividade inteligente.
O conceito transmitido era claro: a Dolby não oferece apenas codecs ou padrões de vídeo, mas um ecossistema integrado. O usuário pode começar o dia ouvindo música em Dolby Atmos, continuar assistindo a um filme em Dolby Vision e terminar no carro com a mesma fidelidade sonora. A tecnologia, assim, deixa de ser pontual e passa a formar um ambiente contínuo, conectando todas as etapas da experiência.
Entrevista Exclusiva
A entrevista de Daniel Martins, gerente de vendas da Dolby, ao podcast Glitch Clube, foi realizada dentro do Volvo EX90, no estande da empresa na SET Expo 2025.
"O objetivo da Dolby na SET Expo foi falar sobre nossa tecnologia e como criamos um ecossistema que traz a experiência do usuário para mais perto, de várias maneiras possíveis", explicou Martins nos primeiros minutos de conversa. "Não vendemos produtos isolados; vendemos a promessa de uma experiência contínua e de alta qualidade, independente do dispositivo."
Questionado sobre a presença do carro no centro do estande, Martins foi direto: "Em parceria com a Volvo, trouxemos este carro para mostrar a abrangência da experiência Dolby. O EX90 tem um sistema de áudio Bowers & Wilkins com Dolby Atmos, capaz de reproduzir som tridimensional a partir de plataformas como Apple Music. É uma forma de imersão sonora dentro do carro, algo interessante para o público experimentar."
A entrevista destacou os três pilares estratégicos que sustentam o ecossistema Dolby:
- Produção de conteúdo: "O artista cria sua história com nossas ferramentas." Esta etapa captura a intenção artística com alta fidelidade. Sem conteúdo masterizado em Dolby, a cadeia se rompe.
- Distribuição: "Plataformas de streaming, TV a cabo e outras formas de distribuição", como Claro, Globoplay e Netflix, garantem que o conteúdo chegue intacto ao usuário final.
- Experiência do usuário: Fabricantes de TV, soundbars, telefones e carros traduzem o sinal em experiência sensorial, reproduzindo fielmente o que foi criado.
Martins também destacou inovações apresentadas no evento: "O Dolby Vision Capture, da Motorola, permite gravar vídeos diretamente em Dolby Vision com um smartphone. E a expansão do Dolby Atmos para carros mostra que estamos focados tanto no consumo quanto na criação democratizada de conteúdo."
Sobre o futuro, o porta-voz menciona:"Estamos trabalhando na expansão de conteúdos em Dolby Vision e Atmos para esportes. Olimpíadas e Copa do Mundo já são transmitidas com nossa tecnologia, e queremos ampliar esse alcance."
A conversa dentro do carro também funcionou como demonstração prática do isolamento acústico do Volvo EX90. O áudio captado pela própria câmera se mostrou claro e nítido, sem necessidade de microfone adicional, evidenciando a qualidade sonora do sistema integrado e a capacidade do veículo de manter a imersão mesmo em ambientes externos.
Painel "Dolby Everywhere"
Se o estande mostrou o "o quê" e a entrevista explicou o "porquê", o painel "Dolby Everywhere: Do Conteúdo à Experiência, em Diferentes Modelos de Negócio" foi o espaço para desvendar o "como", e, principalmente, os "desafios", de se implementar esse ecossistema na prática. Mediado por Daniel Martins, o debate reuniu engenheiros e produtores que estão na linha de frente dessa revolução silenciosa, revelando que a maior complexidade não está na tecnologia em si, mas na sua integração harmoniosa em fluxos de produção massivos e consolidados.
O primeiro e mais enfático ponto de concordância entre os debatedores veio de Cláudio Borgo, Diretor de Engenharia de Vídeo da Claro. "O principal desafio está na etapa de produção. Nossa cadeia de transmissão está preparada, mas a complexidade reside na origem do conteúdo," afirmou Borgo. Ele detalhou que é necessário investir em equipamentos especializados, mais tempo para mixagem e qualificação do pessoal, para que o áudio imersivo seja captado e editado com a qualidade necessária antes de chegar à distribuição.
Vander Fantoni, Produtor de Áudio da TV Globo, trouxe a realidade brutal do volume de produção de uma das maiores emissoras do mundo: "Com seis capítulos de 40 minutos de novelas para produzir por dia, simplesmente não é viável aplicar uma mixagem detalhada em Dolby Atmos em cada segundo de conteúdo. Selecionamos os momentos em que a imersão sonora trará maior impacto narrativo."
Fantoni ilustrou com festivais de música, como Rock in Rio e The Town: "Diante da resistência de artistas em abrir seus multicanais originais, desenvolvemos uma solução criativa: em vez de uma mixagem musical tridimensional, captamos a atmosfera do público e do ambiente do show, colocando o telespectador dentro da plateia. A mixagem principal da música é em estéreo, mas imersa nesse ambiente sonoro tridimensional."
Essa abordagem se tornou um case de estudo na matriz da Dolby nos EUA, demonstrando a inovação necessária para adaptar o áudio imersivo à produção em escala.
Níkolas Stein Corbacho, Gerente de Produto da TCL, trouxe a perspectiva de quem leva a experiência até a casa do consumidor: "Explicar o que é 4K, QLED, Mini LED, Dolby Vision e Atmos é um somatório complexo. Com um parque de TVs no Brasil ainda majoritariamente defasado, nossa missão é demonstrar o valor agregado da experiência imersiva."
Ele destacou a estratégia da TCL: "Democratizar a experiência de cinema em casa, integrando hardware de qualidade – como subwoofers embutidos em TVs QLED – e o ecossistema Google TV para facilitar o acesso. Para usufruir dessas inovações, é importante ter um aparelho compatível. Este é o momento ideal para buscar uma TV com mais tecnologia."
O painel terminou com um sentimento de colaboração. Ficou evidente que nenhum player consegue construir esse futuro sozinho. É uma dança complexa em que:
- A Globo precisa produzir o conteúdo com qualidade e eficiência.
- A Claro precisa distribuir esse sinal com robustez e oferecer dispositivos de ponta capazes de reproduzir o áudio imersivo.
- A TCL precisa fornecer displays que traduzam toda a qualidade técnica em emoção para o usuário final.
- E a Dolby atua como elo, arquiteta e fornecedora da tecnologia que permeia toda a cadeia, facilitando o diálogo e a padronização.
A sessão deixou claro que a jornada para o áudio imersivo é tão técnica quanto humana, exigindo mudança de cultura, criatividade para resolver problemas e cooperação inédita entre indústrias que antes operavam de forma mais isolada.
Inovação coletiva
Após o painel, a reportagem conversou individualmente com os executivos para entender estratégias e desafios. Cada elo da cadeia de áudio imersivo detalhou sua visão de futuro. O objetivo foi mostrar como tecnologia e produção se conectam no Brasil. A experiência imersiva da SET Expo 2025 ganhou ainda mais profundidade com essas entrevistas. Os executivos comentaram sobre produtos, inovação e educação do consumidor em Dolby Atmos. O público pôde compreender melhor a complexidade da implementação em transmissões e dispositivos.
Cláudio Borgo, da Claro TV, explicou os investimentos da operadora em som tridimensional. Ele destacou o lançamento do Claro TV+ Soundbox, um sistema de áudio premium. Borgo afirmou: "Estamos lançando um produto chamado Claro TV+ Soundbox, desenvolvido em parceria com a Sengendorf, uma marca de alto prestígio no mercado de áudio. Este sistema já está disponível nas lojas Claro e para assinatura, e foi projetado para oferecer experiência Dolby Atmos de alta qualidade. Em outubro, vamos complementar o lançamento com caixas de som adicionais que ampliarão ainda mais a imersão sonora. Este projeto é resultado de mais de um ano e meio de trabalho para atingir o padrão de excelência que buscamos."
O diretor destacou a importância da consistência entre diferentes canais de áudio. Ele explicou que a produção precisa de mais microfones e equipamentos especializados. Borgo completou: "O principal desafio está na etapa de produção. Como destacado no painel, é necessário que as equipes de captação e produção utilizem mais microfones, equipamentos especializados e adotem cuidados extras durante a edição para garantir a qualidade do áudio imersivo. Do lado da transmissão, nossa cadeia já está preparada, mas a complexidade reside na origem do conteúdo."
Níkolas Stein Corbacho, da TCL, falou sobre democratização do áudio e imagem imersivos. Ele detalhou a integração dos televisores com Dolby Atmos e Dolby Vision. Corbacho explicou: "Nosso portfólio é muito amplo. Oferecemos desde produtos mais básicos, que incluem pelo menos o Dolby Atmos, até os modelos super premium, com Dolby Vision IQ e Atmos combinados. A estratégia é garantir que, em todos os tamanhos de tela, o consumidor tenha acesso a tecnologias que elevem a qualidade de imagem, de áudio ou ambas, democratizando a experiência de cinema em casa."
O executivo destacou a preparação para a TV 3.0 e o ecossistema Google TV. Ele reforçou a importância de aparelhos compatíveis para experiências imersivas completas. Corbacho acrescentou: "Todos os nossos produtos já estão conectados e integrados ao ecossistema Google TV. Isso permite que o usuário conecte a TV ao smartphone, comando por voz ou via controle remoto e interaja com assistentes virtuais. Com a TV 3.0, estamos adequando nosso portfólio para que o consumidor possa aproveitar ao máximo experiências interativas e transmissões avançadas. Para usufruir dessas inovações, é importante ter um aparelho compatível. Este é o momento ideal para buscar uma TV com mais tecnologia e tamanho de tela maior, que proporcione uma experiência verdadeiramente imersiva."
Vander Fantoni, da TV Globo, explicou o papel do áudio imersivo na narrativa audiovisual. Ele destacou o uso do Dolby Atmos em futebol, novelas e jornalismo. Fantoni afirmou: "Buscamos trazer uma experiência que coloque o espectador dentro dos ambientes que estamos transmitindo. No futebol, seguimos uma linguagem similar à que usamos em festivais musicais: trazer a sensação de estar no estádio, na arena ou no show. Já nas novelas, trabalhamos com linguagem de dramaturgia, explorando possibilidades artísticas e imersivas em cenários e locações. A ideia é sempre conduzir o telespectador para dentro da narrativa, guiando-o por meio da experiência sonora."
O produtor de áudio ressaltou que o som impacta diretamente a experiência do público. Ele completou: "O áudio é responsável por cerca de 50% da experiência imersiva. Essa convicção é que guia a seleção criteriosa de quais momentos de uma novela receberão o tratamento especial em Dolby Atmos, garantindo que o investimento em tempo e recursos tenha o máximo impacto artístico."
Ecossistema em expansão
A imersão no universo Dolby na SET Expo 2025 revelou muito mais que uma coleção de produtos high-end. Revelou um ecossistema em amadurecimento, onde cada player, seja criador, distribuidor ou fabricante, tem um papel crítico e interdependente.
A jornada do som imersivo no Brasil é um quebra-cabeça complexo. As peças técnicas (codecs, hardware de transmissão) já estão majoritariamente no lugar. O desafio agora é humano e operacional: envolve educar o consumidor, capacitar as equipes de produção, desenvolver novos fluxos de trabalho e fomentar colaborações mais profundas entre indústrias que antes dialogavam menos.
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A feira deixou claro: o futuro do entretenimento é imersivo, tridimensional e presente em todos os lugares. E o Brasil, com seus desafios singulares e seus players potentes, está dando passos decisivos para não apenas acompanhar, mas ajudar a escrever essa nova partitura.