A compra de um carro elétrico usado pode se transformar em uma grande dor de cabeça. Um caso recente nos Estados Unidos acendeu o alerta: um motorista adquiriu um Tesla seminovo e descobriu, da pior forma, que não podia usar a rede de recarga da fabricante. O veículo havia sido classificado como "recuperado" após um acidente, o que anulou suas garantias e o acesso a serviços essenciais.
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Este episódio, embora tenha acontecido no exterior, serve como uma lição valiosa para o mercado brasileiro, que vê a oferta de elétricos usados crescer a cada dia. A tecnologia embarcada e os componentes específicos desses modelos exigem um olhar muito mais atento na hora da compra. Ignorar certos detalhes pode resultar em um prejuízo financeiro e na impossibilidade de usar o carro como planejado.
Para evitar que o sonho do carro elétrico se torne um pesadelo, é fundamental seguir uma lista de verificações criteriosas. Desde a saúde da bateria até o histórico de acidentes e a documentação, cada passo é decisivo para garantir uma compra segura e aproveitar todos os benefícios da mobilidade elétrica. Abaixo, detalhamos os cinco cuidados essenciais que todo comprador deve ter.
1. A saúde da bateria é a prioridade máxima
A bateria é o coração e o componente mais caro de um carro elétrico. Sua capacidade de reter carga, conhecida como "Estado de Saúde" (SOH, na sigla em inglês), diminui com o tempo e o uso. Uma bateria degradada significa menor autonomia e um custo de substituição que pode inviabilizar o negócio.
Antes de fechar a compra, exija um diagnóstico completo da bateria. A maioria das concessionárias e algumas oficinas especializadas em veículos elétricos podem gerar um relatório detalhado sobre o SOH. O ideal é que o percentual esteja acima de 85% para um modelo com alguns anos de uso. Desconfie de vendedores que se recusam a fornecer essa informação.
Observe também o comportamento do indicador de autonomia no painel durante o test drive. Variações bruscas ou uma queda muito rápida podem indicar problemas. Lembre-se que a garantia da bateria costuma ser maior que a do resto do veículo, geralmente oito anos ou uma quilometragem específica. Verifique se essa cobertura ainda está ativa.
2. Verifique o histórico completo do veículo
O caso do Tesla bloqueado para recarga aconteceu porque o carro tinha um histórico de "salvado", ou seja, foi recuperado de uma perda total. No Brasil, isso equivale a um veículo que passou por leilão de seguradora após um sinistro grave. Essa informação nem sempre é clara para o comprador.
Para se proteger, realize uma consulta veicular completa usando a placa ou o chassi. Existem serviços online que fornecem um relatório detalhado sobre passagens por leilão, registros de sinistro, restrições judiciais e pendências administrativas. O custo dessa consulta é baixo perto do prejuízo que ela pode evitar.
Em um carro elétrico, um dano estrutural severo pode comprometer não apenas a segurança, mas também o sistema elétrico de alta tensão e a própria bateria. As fabricantes podem anular a garantia e até mesmo restringir atualizações de software e outros serviços se detectarem que o automóvel sofreu reparos fora dos padrões autorizados após um acidente grave.
3. Inspecione a infraestrutura de recarga
A experiência de uso de um carro elétrico depende diretamente de seu sistema de recarga. Por isso, a inspeção não pode se limitar ao veículo. Verifique o estado de todos os cabos de carregamento que acompanham o modelo, procurando por sinais de desgaste, ressecamento ou danos nos conectores.
Analise a porta de recarga do carro. Veja se há folgas, pinos tortos ou sinais de superaquecimento. O passo mais importante é realizar um teste prático. Leve o automóvel a um eletroposto público e conecte-o para garantir que o processo de recarga inicie e funcione corretamente. Se possível, teste também o carregador portátil em uma tomada comum.
Esse teste prático ajuda a identificar problemas de comunicação entre o carro e o carregador, além de confirmar se a velocidade de recarga está dentro do esperado para o modelo. Um problema nesse sistema pode ser complexo e caro para resolver.
4. Analise a documentação e a garantia de fábrica
A burocracia é uma parte crucial da segurança na compra. Peça para ver o manual do proprietário e todos os comprovantes de revisões. Carros elétricos também precisam de manutenção periódica, como a verificação do sistema de arrefecimento da bateria e a troca de fluídos, que devem ser feitas em concessionárias ou oficinas qualificadas.
Confirme diretamente com uma autorizada da marca se a garantia de fábrica ainda está vigente, principalmente a da bateria. Não confie apenas na palavra do vendedor. Forneça o número do chassi do veículo para a concessionária e peça uma confirmação oficial sobre o status da cobertura.
Aproveite esse contato para perguntar se há algum recall pendente para o modelo em questão. A falta de um recall importante pode comprometer a segurança e o funcionamento de componentes vitais do carro. Um histórico de manutenções em dia e garantias ativas valoriza o seminovo e dá tranquilidade ao novo dono.
5. Faça um test drive completo e silencioso
O test drive de um carro elétrico é diferente. Como não há o barulho de um motor a combustão, outros ruídos podem se tornar evidentes. Fique atento a zumbidos ou estalos anormais vindos do motor elétrico durante a aceleração e a desaceleração. Esses sons podem indicar problemas nos rolamentos ou em outras partes do conjunto motriz.
Teste o sistema de frenagem regenerativa em seus diferentes níveis, caso o modelo ofereça essa opção. Sinta se a transição entre a regeneração e o uso dos freios hidráulicos é suave. Verifique também a suspensão, pois as baterias tornam esses carros mais pesados, o que pode acelerar o desgaste de componentes como amortecedores e buchas.
Durante o percurso, explore todas as funcionalidades da central multimídia. Em muitos elétricos, funções essenciais como climatização e configurações de condução são controladas pela tela. Certifique-se de que tudo responde corretamente aos comandos e que não há falhas ou lentidão no sistema.
Uma ferramenta de IA foi usada para auxiliar na produção desta reportagem, sob supervisão editorial humana.